Doenças

Conteúdo migrado na íntegra em: 07/10/2021

Autor

Adriane Wendland Ferreira - Embrapa Arroz e Feijão

Murillo Lobo Junior - Embrapa Arroz e Feijão

 

Entre as principais causas da baixa produtividade do feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.) encontram-se as doenças. Essa leguminosa é hospedeira de várias doenças de origem fúngica, bacteriana, virótica e as causadas por nematoides. Tradicionalmente o cultivo de feijoeiro no Brasil é feito em três safras. A primeira safra, popularmente conhecida como feijão das águas, na qual se produz a safra de verão, geralmente é semeada entre agosto e dezembro e colhida entre novembro e março, dependendo da região. Essa época caracteriza-se pela ocorrência de chuvas e temperaturas elevadas que favorecem o desenvolvimento das plantas. Porém, nessa safra a ocorrência das doenças é mais frequente, principalmente as doenças de etiologia fúngica e bacteriana. A antracnose, o mofo-branco, o crestamento-bacteriano e a murcha de Curtobacterium são favorecidas pela presença de elevada umidade nas áreas de produção. A ocorrência de dias chuvosos com temperatura moderada e alta umidade na fase de desenvolvimento das plantas favorece o aumento da incidência da antracnose e também do mofo-branco.

Nas outras duas safras (safra da seca, semeada entre janeiro e abril, e safra de outono-inverno, semeada a partir de maio e colhida entre agosto e outubro), a mancha-angular, a murcha de Fusarium e o mosaico-dourado são as doenças de maior incidência e mais danosas. O crestamento-bacteriano e a murcha-bacteriana também podem ser problemas relevantes nessas safras. A antracnose pode ocasionar problemas nos plantios mais tardios (a partir de abril) principalmente nos estados da região Sul, na safra de outono-inverno. Nas outras regiões de temperaturas mais elevadas e menor umidade relativa (regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste), a incidência das doenças diminui devido ao predomínio de temperaturas moderadas e principalmente menor ocorrência de chuvas, diminuindo a duração do molhamento foliar. Essas épocas são, inclusive, mais propícias para a produção de sementes. No entanto, a ocorrência esporádica de chuvas durante essas safras pode ocasionar problemas pontuais, entre eles a alta incidência de algumas doenças, como a antracnose e o mofo-branco, também nas regiões mais ao centro do País, consideradas mais quentes e secas. Este último pode provocar sérios danos em áreas de cultivo sob pivô central e presença de escleródios no solo. Para as demais doenças de solo como murcha de Fusarium e de Rhizoctonia, a incidência e os danos provocados estão atrelados à presença de inóculo na área. Já a incidência de mosaico-dourado, principal virose que afeta a cultura, com exceção de parte da região Sul, é um dos principais problemas de doença nas safras da seca e de outono-inverno. Devido à dificuldade de controle, até o momento a doença tem limitado o cultivo da seca na maioria das regiões mais sujeitas à virose, restringido ou retardado a semeadura para o inverno propriamente dito.

Citam-se mais de 45 enfermidades, de maior ou menor importância, que incidem sobre o feijoeiro, exigindo a aplicação frequente de produtos químicos, o que contribui para elevar os custos de produção, a contaminação do ambiente e do alimento.