Micronutrientes

Conteúdo atualizado em: 04/08/2023

Autor

Maria da Conceição Santana Carvalho - Embrapa Arroz e Feijão

 

Os micronutrientes boro (B), cobre (Cu), cloro (Cl), cobalto (Co), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn), embora sejam exigidos em menores pelo feijoeiro ( Tabela 1), são tão importantes para a nutrição e o crescimento das plantas quanto aos macronutrientes.

Nas regiões produtoras com adoção de alto nível tecnológico, os incrementos de produtividade são cada vez mais dependentes de ajustes finos no manejo, com destaque para a nutrição de plantas. Nesse contexto, o manejo de micronutrientes na nutrição do feijoeiro tem despertado interesse especial por parte de técnicos e consultores, uma vez que sua disponibilidade para as plantas depende de outros fatores além da presença no solo. Além disso, maiores produtividades de grãos levam à maior transmissão e exportação de micronutrientes, havendo a necessidade de reportar as exportadas para evitar possíveis deficiências, sobretudo na região do Cerrado, cujos solos são naturalmente pobres em micronutrientes.

Entre os micronutrientes, os resultados de pesquisas observaram que houve incrementos de produtividade de grãos devido à adubação com Zn e B, em solos com teores baixos. Também há relatos de resposta à aplicação de Mo na região específica de Minas Gerais, relacionados com o aumento da eficiência da doença biológica de transmissão em sementes inoculadas com rizóbio.

 

 

OB merece atenção especial na nutrição do feijoeiro, devido ao seu papel fundamental em processos fisiológicos da planta, os quais impactam diretamente na conduta, tais como a germinação dos grãos de pólen e o crescimento do tubo polínico, a formação da parede celular e a translocação de carboidratos , que é essencial para a produção de grãos. Por se encontrar na forma de ácido bórico (H 3 BO 3) na solução do solo, sem carga, o B é um nutriente com alta mobilidade no solo, mas imóvel no floema da planta. Portanto, seu movimento dentro da planta ocorre via xilema e depende da transpiração, sendo necessário um fluxo contínuo de B durante todo o ciclo da cultura. A matéria orgânica é a principal fonte de B nos solos nas condições tropicais. Solos arenosos, com baixa CTC, em locais sujeitos a elevados índices de precipitação pluvial tendem a ser pobres em micronutrientes, especialmente B, devido ao alto grau de lixiviação.

Nos resultados de pesquisa, têm-se observado resposta de produtividade de grãos de feijão à aplicação de até 4 kg/ha de B no solo, dependendo da solubilidade das fontes aplicadas e do modo de aplicação. Porém, nas recomendações oficiais de adubação é consenso a sugestão de 1,0 kg/ha de B para a cultura do feijão, quando o teor no solo for baixo. Isso porque essa dose é mais que suficiente para adubação de manutenção em um ciclo da cultura. Por sua vez, por ser muito móvel no solo, quando aplicado em doses maiores o B é lixiviado e tende a se acumular nas camadas subsuperficiais, o que pode favorecer o desenvolvimento do sistema radicular das culturas, assim como o cálcio (Ca). Nesse caso, trata-se de adubação corretiva com o objetivo de aumentar os teores de B no perfil do solo, o que pode ser feito com a aplicações de 2 kg/ha de B, utilizando fonte solúvel em água, juntamente com o glifosato utilizado na dessecação antes do plantio das culturas. As fontes ulexita e colemanita são menos solúveis e apresentam liberação gradual de B no solo. Os fertilizantes NPK com micronutrientes incorporados nos grânulos é uma excelente opção para aplicação de micronutrientes, inclusive o B, permitindo uniformidade de distribuição. 

No manejo da adubação com micronutrientes, além dos teores no solo, é importante atentar para os fatores que influenciam a deficiência ou toxicidade na planta, entre os quais se destaca o efeito do pH do solo. Com exceção de Mo, cuja disponibilidade aumenta com a elevação do pH, a calagem em excesso aumenta as chances de deficiência de micronutrientes. Já em condição de acidez elevada (pH em água menor que 5,0), ocorre aumento da solubilidade de micronutrientes catiônicos (Cu, Zn, Fe e Mn). É o caso, por exemplo, do Mn, cuja fitotoxicidade pode ocorrer na faixa de pH entre 4 e 5. O potencial de óxido-redução do solo (aeração) influencia a disponibilidade de Fe e Mn, favorecendo a predominância de formas mais oxidadas em condições de boa aeração, e mais reduzidas (Fe2+ e Mn2+, absorvidas pelas plantas) em condições de baixa aeração (encharcamento, compactação). Em solos mal aerados, é comum se observar deficiência de Mn induzida pelo excesso de Fe.

Nas Tabelas 2 a 5, encontre-se a interpretação de análise de solos para micronutrientes nas principais regiões produtoras de feijão-comum e as recomendações de recomendações a aplicar quando os teores no solo estão baixos. Nota-se que, em todas as regiões, há recomendação de adubação com B e Zn, quando os teores no solo estão baixos, aplicados preferencialmente via solo. As aplicações foliares, quando necessário, devem ser usadas como complementação à aplicação no solo. Em Minas Gerais, em razão dos resultados positivos obtidos na Zona da Mata, também é recomendada a aplicação de Mo, que favorece a fixação biológica de cultivar em sementes inoculadas com Rhizobium .