Tomate
Traça-do-tomateiro
Autores
Maria Alice de Medeiros - Embrapa - Secretaria de Desenvolvimento Institucional
Geni Livtin Villas Bôas - Consultor autônomo
É uma das pragas mais importantes do tomateiro. A traça-do-tomateiro está presente nos principais países produtores de tomate da América Latina, ou seja, ocorre nos países andinos e também na Argentina, Uruguai e Brasil onde se constitui numa das mais importantes pragas da cultura do tomate, que é o seu principal hospedeiro. Não existe informação disponível que mostre claramente a rota de entrada da traça-do-tomateiro no Brasil. Foi constatada pela primeira vez no país em 1979, em Morretes-PR. Porém, foi registrada oficialmente como praga em Jaboticabal-SP em 1980 e no ano seguinte já foi constatada no Vale do Salitre, Juazeiro-BA, disseminando-se rapidamente no Vale do Submédio São Francisco, em plantações de tomate rasteiro. Durante este mesmo período foi constatada nos Estados de Minas Gerais, Pernambuco e Ceará. Em apenas três anos após sua identificação em São Paulo, constatou-se a presença da traça-do-tomateiro em todas as regiões produtoras de tomate no país. Colaborou para a rápida disseminação do inseto, as características de comercialização do tomate para mesa, com intenso fluxo de comercialização regional entre centros produtores, a existência de condições climáticas favoráveis e a distância reduzida entre os cultivos, com diferentes estados fenológicos da cultura.
Taxonomia
A traça-do-tomateiro é conhecida taxonomicamente por Tuta absoluta (Meyrick, 1917). No passado esta espécie teve como nome genérico Gnorimoschema (Clarke, 1965), Scrobipalpula (Povolny, 1967) e Scrobipalpuloides (Povolny, 1987). Recentemente foi reclassificada por Polvony (1994) no gênero Tuta. Este inseto é da ordem Lepidoptera, subordem Ditrysia, superfamília Gelechioidea, família Gelechiidae e subfamília Gelechiinae.
Descrição
Os ovos são elípticos, amarelos e muito pequenos. As lagartas apresentam coloração inicial branca tornando-se, posteriormente, verde-arroxedas. As pupas possuem coloração verde-clara a marrom, sendo encontradas frequentemente nos folíolos e no caule, envoltas por um casulo de seda esbranquiçado ou no interior das minas e dos frutos ou ainda no solo, com pupa nua. Os adultos de T. absoluta são pequenas mariposas de coloração cinza-prateada, com asas franjeadas, antenas filiformes, palpos labiais recurvados e enverdadura de 10-11mm.
Biologia
O ciclo completo da traça-do-tomateiro dura em torno de 26 a 30 dias. Os ovos são colocados nas folhas, hastes, flores e frutos, porém as posturas concentram-se na parte superior das plantas, que apresentam folhas mais novas. Cada fêmea pode depositar de 55 a 130 ovos durante 3 a 7 dias. A fase de ovo tem duração de 3 a 6 dias. Após a eclosão, penetram imediatamente no parênquima foliar, nos frutos ou nos ápices das hastes, onde permanecem por 8 a 10 dias, quando se transformam em pupas. A fase de pupa dura de 7 a 10 dias e ocorre principalmente nas folhas ou no solo e, ocasionalmente, nas hastes e frutos. Os adultos podem viver até uma semana. Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e ovipositam predominantemente ao amanhecer e ao entardecer.
Ecologia
Ocorre durante todo o ano, especialmente no período mais seco, quase desaparecendo em períodos chuvosos. Lavouras irrigadas por aspersão convencional ou por pivô central são menos danificadas do que as irrigadas por sulco. Isto porque, a irrigação por aspersão derruba os ovos, larvas e pupas, reduzindo o potencial de multiplicação do inseto.
Fotos: Estebam Saini |
Figura 1. Lagarta da traça-do-tomateiro. | Figura 2. Traça-do-tomateiro adulto. |
Danos
Os danos são causados pelas larvas, que formam minas nas folhas e se alimentam no interior destas. Podem destruir completamente as folhas (Figura 3 e Figura 4) do tomateiro e tornar os frutos imprestáveis (Figura 5), causando perdas de até 25-50% dos frutos. O ataque da traça-do-tomateiro também pode facilitar a contaminação por patógenos, como por exemplo a Erwinia spp., que acelera a podridão dos frutos.
Fotos: Carlos Solano | ||||
Figura 3. Danos de traça-do-tomateiro em folhas. | Figura 4. Planta severamente atacada. | Figura 5. Frutos danificados por traça-do-tomateiro. |
Controle
Para o controle recomenda-se a utilização, sempre que possível, do manejo integrado de pragas. O controle químico deve ser usado de maneira racional, pois o uso indiscriminado de produtos químicos favorece o aumento populacional das pragas. Utilizar apenas produtos registrados para a cultura, nas dosagens recomendadas pelo fabricante e alternar o uso de princípios ativos, de maneira a retardar o aparecimento de insetos resistentes.