Tomate
Tratos culturais
Autores
Flávia Maria Vieira Teixeira - Embrapa Hortaliças
José Lindorico de Mendonça - Consultor autônomo
Marco Antônio Rezende Alvarenga - Consultor autônomo
O tomate de mesa passa possui tratos culturais específicos que o diferem do tomate industrial. São estes:
- Amontoa: consiste basicamente em chegar terra no colo (pé) da planta, com o objetivo de aumentar o sistema radicular e com isso a capacidade de absorver nutrientes das plantas. Deve ser realizado 15 a 20 dias após o transplantio, já tendo sido feita a primeira adubação de base.
- Amarrio: esta operação é realizada com um fitilho de polietileno. O amarrio não pode causar o estrangulamento do caule e tem que garantir a correta condução da planta, geralmente fazem-se cerca de cinco a seis amarrios até o topo. Existem ferramentas que facilitam a operação de amarrio por serem de fácil utilização, como por exemplo o alceador (Figura 1)
Foto: Flávia Clemente
Figura 1. Planta Amarrada
- Desbrota: esta prática consiste na eliminação dos brotos quando estes estão com 2 a 5 cm laterais que surgem nas axilas de cada folha, realizando a quebra dos mesmos. O objetivo é reduzir o número de ramos na planta e consequentemente a competitividade por assimilados das pencas, sendo muito funcional para facilitar a aeração e o controle fitossanitário (Figura 2).
- Poda ou capação: é uma operação que consiste na eliminação do broto terminal das hastes, realizada exclusivamente em materiais de hábito de crescimento indeterminado. Com a poda tem-se maior controle do crescimento da planta, sobre a floração e frutificação, limitando o número de pencas, garantindo frutos mais graúdos. Todas as cultivares de crescimento determinado dispensam a poda ou capação (Figura 3).
- Poda de folhas e raleio de frutos: a poda das folhas no tomateiro é recomendada para melhorar o arejamento, aumentado a eficiência fotossintética e principalmente reduzir os riscos de incidência de pragas e doenças, assim como facilitar seu controle. A eliminação das folhas é de baixo para cima, devendo ser cortadas apenas aquelas abaixo das pencas já colhidas. O raleio dos frutos é indicado para reduzir, entre eles, a competitividade por assimilados na planta. São deixados na planta os frutos com maior potencial para bom desenvolvimento. O número de frutos deixados por penca depende do grupo em questão. Para o grupo santa Cruz ou Italiano, recomenda-se deixar de seis a oito frutos por penca e nas pencas superiores de quatro a seis. No grupo salada, nas primeiras três pencas deixar em torno de quatro a cinco frutos, acima destas, de três a quatro.
- Cobertura do solo: É realizada com o objetivo de proteger o solo e o tomateiro de plantas invasoras e agentes causadores de doenças, como doenças fúngicas, tanto por materiais inertes ou restos de culturas anteriores, a cobertura do solo (Figuras 4 e 5).
Fotos: Flávia Clemente | ||
Figura 4. Cobertura com mulching | Figura 5. Cobertura Morta |
- Tutoramento: a prática de tutoramento do tomateiro para consumo in natura é fundamental para assegurar maior qualidade do fruto, tanto por fatores diretos como indiretos (maior aeração, menor incidência de problemas causados por doenças e pragas, maior facilidade de controle fitossanitário, evitar pisoteio de frutos). São adotados diversos tipos de tutoramento, por exemplo:
1. Tipo cerca cruzada: é um sistema relativamente simples, tradicional, que consiste na colocação de estacas de bambu com 1,80 a 2,20m de comprimento, apoiadas em uma madeira inclinada sobre um fio de arame bem esticado, conforme Figura 6 e Figura 7.
Fonte: Alvarenga, 2004 Foto: Ailton Reis Figura 6. Estaca cruzada Figura 7. Planta de tomate estaqueado
2. Tipo estacas individuais vertical: as estacas de bambu roliças são cortadas com 2,30m e deverão ser fincadas no solo cerca de 0,50m (Figuras 8 e 9).
Fonte: Alvarenga, 2004 Foto: Flávia Clemente Figura 8. Estaca individual Figura 9. Planta de tomate em estaca individual
3. Uso de fitilho e arame para cultivares de crescimento indeterminado: um dos sistemas mais adotados, este sistema de tutoramento usa fitilhos e consiste em um arame na horizontal sobre as fileiras de tomate, com altura de 1,80 a 2,00m. As plantas serão amarradas com o fitilho que será preso no arame, a medida que a planta cresce, solta-se o fitilho, envolve a nova parte da planta e prende o fitilho novamente (Figuras 10 e 11).
Foto: Ailton Reis Foto: Flavia Clemente Figura 10. Tomate estaqueado com fitilho Figura 11. Tomate estaqueado com arame
4. Tipo meia estaca para cultivares de crescimento determinado: neste método são colocados moirões de madeira ou bambu de madeira com 1,30m de altura, mais baixos que o anterior. Posteriormente passa-se um fio de arame de 0,40 a 0,50m do solo, a cada cinco plantas finca-se um bambu para sustentação do arame.
SISTEMA DE CONDUÇÃO
CRESCIMENTO DETERMINADO
Existem diversos sistemas de condução adotados pelos produtores, com características regionais específicas, que têm a finalidade de aumentar a produtividade, reduzir custos, melhorar a luminosidade e aeração com o objetivo de minimizar a incidência de pragas e doenças e facilitar os tratos fitossanitários. No caso da condução de cultivares ou híbridos de hábito de crescimento determinado, que é indicada para plantas que possuem crescimento limitado pela emissão de uma inflorescência terminal. São plantas de 0,70 a 1,20 m de altura que possuem entre 8 e 12 pencas conduzidas em 3 a 4 hastes/planta.
A condução é feita realizando-se a desbrota da planta na altura do primeiro ramo floral, a partir daí, permite-se que a planta emita suas novas brotações naturalmente.
CRESCIMENTO INDETERMINADO
Estas variações se caracterizam principalmente pelo número de hastes por planta e de planta por cova, visando a maior qualidade e o peso final do produto, pois atende um mercado extremamente exigente. Considerando cultivares de polinização aberta, onde o custo das sementes é menor, são colocadas duas sementes por células da bandeja e não é feito desbaste, pois as duas plantas são conduzidas na mesma cova, com uma haste cada uma.
Outro exemplo de condução bem similar é, quando o produtor visa um mercado mais exigente que requer frutos mais graúdos. Para conseguir estes frutos, é semeada uma só planta por cova, conduzida em somente uma haste. Pode-se também conduzir esta planta com duas hastes, porém, para diminuir a competitividade dos frutos por assimilados, é feito um desbaste de frutos nas pencas.
Foto: Flávia Clemente Foto: Ailton Reis Foto: Flávia Clemente Figura 12. Planta com1 (uma) haste Figura 13. Planta com2 (duas) hastes Figura 14. Duas plantas com1(uma) haste cada