Tratos culturais

Conteúdo atualizado em: 25/02/2022

Autores

Flávia Maria Vieira Teixeira - Embrapa Hortaliças

José Lindorico de Mendonça - Consultor autônomo

Marco Antônio Rezende Alvarenga - Consultor autônomo

 

O tomate com fins industriais não envolve alguns tratos culturais que são necessários para o tomate de mesa, como tutoramento e amarrio. Em contrapartida, deve-se ter um forte controle das condições fitossanitárias da área, pois em função do seu cultivo ser rasteiro, cria-se um micro clima bastante favorável à incidência de pragas e doenças, principalmente ao se considerar condições de altas temperaturas.

O tomate de mesa passa possui tratos culturais específicos que o diferem do tomate industrial. São estes:

  • Amontoa: consiste basicamente em chegar terra no colo (pé) da planta, com o objetivo de aumentar o sistema radicular e com isso a capacidade de absorver nutrientes das plantas. Deve ser realizado 15 a 20 dias após o transplantio, já tendo sido feita a primeira adubação de base.
  • Amarrio: esta operação é realizada com um fitilho de polietileno. O amarrio não pode causar o estrangulamento do caule e tem que garantir a correta condução da planta, geralmente fazem-se cerca de cinco a seis amarrios até o topo. Existem ferramentas que facilitam a operação de amarrio por serem de fácil utilização, como por exemplo o alceador (Figura 1)

Foto: Flávia Clemente

 Tomate planta amarrada

Figura 1. Planta Amarrada

 

  • Desbrota: esta prática consiste na eliminação dos brotos quando estes estão com 2 a 5 cm laterais que surgem nas axilas de cada folha, realizando a quebra dos mesmos. O objetivo é reduzir o número de ramos na planta e consequentemente a competitividade por assimilados das pencas, sendo muito funcional para facilitar a aeração e o controle fitossanitário (Figura 2).
Foto: Flávia Clemente

 Tomate desbrota

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Desbotra
 
  • Poda ou capação: é uma operação que consiste na eliminação do broto terminal das hastes, realizada exclusivamente em materiais de hábito de crescimento indeterminado. Com a poda tem-se maior controle do crescimento da planta, sobre a floração e frutificação, limitando o número de pencas, garantindo frutos mais graúdos. Todas as cultivares de crescimento determinado dispensam a poda ou capação (Figura 3).
Foto: Flávia Clemente

Planta de tomate podado

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Planta podada
 
  • Poda de folhas e raleio de frutos: a poda das folhas no tomateiro é recomendada para melhorar o arejamento, aumentado a eficiência fotossintética e principalmente  reduzir os riscos de incidência de pragas e doenças, assim como facilitar seu controle. A eliminação das folhas é de baixo para cima, devendo ser cortadas apenas aquelas abaixo das pencas já colhidas. O raleio dos frutos é indicado para reduzir, entre eles, a competitividade por assimilados na planta. São deixados na planta os frutos com maior potencial para bom desenvolvimento. O número de frutos deixados por penca depende do grupo em questão. Para o grupo santa Cruz ou Italiano, recomenda-se deixar de seis a oito frutos por penca e nas pencas superiores de quatro a seis. No grupo salada, nas primeiras três pencas deixar em torno de quatro a cinco frutos, acima destas, de três a quatro.  
  • Cobertura do solo: É realizada com o objetivo de proteger o solo e o tomateiro de plantas invasoras e agentes causadores de doenças, como doenças fúngicas, tanto por materiais inertes ou restos de culturas anteriores, a cobertura do solo (Figuras 4 e 5).
 
Fotos: Flávia Clemente
 Cobertura com mulching    Cobertura morta
Figura 4. Cobertura com mulching   Figura 5. Cobertura Morta

 

  • Tutoramento: a prática de tutoramento do tomateiro para consumo in natura é fundamental para assegurar maior qualidade do fruto, tanto por fatores diretos como indiretos (maior aeração, menor incidência de problemas causados por doenças e pragas, maior facilidade de controle fitossanitário, evitar pisoteio de frutos). São adotados diversos tipos de tutoramento, por exemplo:
1. Tipo cerca cruzada: é um sistema relativamente simples, tradicional, que consiste na colocação de estacas de bambu com 1,80 a 2,20m de comprimento, apoiadas em uma madeira inclinada sobre um fio de arame bem esticado, conforme Figura 6 e Figura 7.
 Fonte: Alvarenga, 2004    Foto: Ailton Reis
 Modelo de estaca    Tomate estaqueado
 Figura 6. Estaca cruzada    Figura 7. Planta de tomate estaqueado

  

2. Tipo estacas individuais vertical: as estacas de bambu roliças são cortadas com 2,30m e deverão ser fincadas no solo cerca de 0,50m (Figuras 8 e 9).

 

Fonte: Alvarenga, 2004   Foto: Flávia Clemente
 Tomate em estaca vertical    Tomate em estaca vertical 2
 Figura 8. Estaca individual    Figura 9. Planta de tomate em estaca individual

 

3. Uso de fitilho e arame para cultivares de crescimento indeterminado: um dos sistemas mais adotados, este sistema de tutoramento usa fitilhos e consiste em um arame na horizontal sobre as fileiras de tomate, com altura de 1,80 a 2,00m. As plantas serão amarradas com o fitilho que será preso no arame, a medida que a planta cresce, solta-se o fitilho, envolve a nova parte da planta e prende o fitilho novamente (Figuras 10 e 11).

Foto: Ailton Reis   Foto: Flavia Clemente
 Tomate estaqueado com fitilho    Tomate estaqueado com arame
 Figura 10. Tomate estaqueado com fitilho    Figura 11. Tomate estaqueado com arame

 

4. Tipo meia estaca para cultivares de crescimento determinado: neste método são colocados moirões de madeira ou bambu de madeira com 1,30m de altura, mais baixos que o anterior. Posteriormente passa-se um fio de arame de 0,40 a 0,50m do solo, a cada cinco plantas finca-se um bambu para sustentação do arame.

 

SISTEMA DE CONDUÇÃO

CRESCIMENTO DETERMINADO

Existem diversos sistemas de condução adotados pelos produtores, com características regionais específicas, que têm a finalidade de aumentar a produtividade, reduzir custos, melhorar a luminosidade e aeração com o objetivo de minimizar a incidência de pragas e doenças e facilitar os tratos fitossanitários. No caso da condução de cultivares ou híbridos de hábito de crescimento determinado, que é indicada para plantas que possuem crescimento limitado pela emissão de uma inflorescência terminal. São plantas de 0,70 a 1,20 m de altura que possuem entre 8 e 12 pencas conduzidas em 3 a 4 hastes/planta.

A condução é feita realizando-se a desbrota da planta na altura do primeiro ramo floral, a partir daí, permite-se que a planta emita suas novas brotações naturalmente.

 

CRESCIMENTO INDETERMINADO

Estas variações se caracterizam principalmente pelo número de hastes por planta e de planta por cova, visando a maior qualidade e o peso final do produto, pois atende um mercado extremamente exigente. Considerando cultivares de polinização aberta, onde o custo das sementes é menor, são colocadas duas sementes por células da bandeja e não é feito desbaste, pois as duas plantas são conduzidas na mesma cova, com uma haste cada uma.

Outro exemplo de condução bem similar é, quando o produtor visa um mercado mais exigente que requer frutos mais graúdos. Para conseguir estes frutos, é semeada uma só planta por cova, conduzida em somente uma haste. Pode-se também conduzir esta planta com duas hastes, porém, para diminuir a competitividade dos frutos por assimilados, é feito um desbaste de frutos nas pencas.

 Foto: Flávia Clemente    Foto: Ailton Reis  
 Foto: Flávia Clemente
 Condução de tomate com uma haste    Condução de tomate com duas hastes    Condução de duas plantas de tomate com uma haste cada
 Figura 12. Planta com
1 (uma) haste            
 
 Figura 13. Planta com
2 (duas) hastes
 
 Figura 14. Duas plantas com
1(uma) haste cada