Gestão do Estabelecimento Rural

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos

 

Atualmente, mudanças econômicas ocorridas em diferentes locais do planeta podem influenciar as diferentes atividades econômicas de outras partes do mundo e, por consequência, de cada estabelecimento rural. Com isso torna-se cada vez mais importante tratar a unidade rural como empresa que realmente é ou deveria ser.

Escassez de recursos para financiamento (investimentos e custeio), exigências cada vez maiores do mercado com relação à qualidade e origem dos produtos, pressão da população quanto às questões ambientais, competitividade estimulada pelo sistema capitalista e globalizado, e redução das margens de lucro, são algumas das razões pelas quais deve-se reforçar a necessidade da adoção de sistemas mais adequados de gestão do estabelecimento agrícola.

O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act) ou ciclo de Deming é um dos instrumentos que podem auxiliar o processo de gestão do estabelecimento rural como um todo. Este método pode ser aplicado para gerir cada setor do estabelecimento rural ou mesmo cada etapa do desenvolvimento das atividades da propriedade.

No Ciclo, "Plan" ou Planejar é o processo de estabelecer as metas ou resultados esperados e os procedimentos (o quê fazer, como fazer, onde fazer, quando fazer, quem são os executores) para atingir tais metas.

"Do" ou Fazer trata da execução das atividades planejadas.

"Check" ou Conferir refere-se ao processo de obtenção e organização de dados sobre os processos de execução das atividades, visa conferir se a execução está conforme o planejado e elaborar relatório sucinto sobre as verificações.

"Act" ou Agir trata da analise do relatório produzido e das informações geradas. Indica os prováveis fatores que influenciaram os processos e produziram, ou não, desvios na obtenção dos resultados e analisa e aponta formas de solução e melhorias.

Essas informações serão consideradas e definirão mudanças ou manutenção de procedimentos, na etapa seguinte – o Planejar.

No Sistema Plantio Direto (SPD) as fases Conferir e Agir são agregadas no Monitoramento conforme se observa na Figra 1.

 

Figura 1. O Ciclo PDCA no Sistema Plantio Direto.
Fonte: Luís Carlos Hernani

 

Antes da implantação do SPD, como parte do Monitoramento, realiza-se o diagnóstico inicial ou levantamento e organização de dados que visam conhecer perfeitamente o estabelecimento rural quanto ao Ambiente Interno (potencialidades, limitações, capacidade de produção, etc., especificamente sobre Solo, Cobertura Vegetal, Recursos Humanos e Materiais e Insumos) e ao Ambiente Externo.

Visto que a adoção do SPD implica em planejar atividades a médio e longo prazos, considera-se importante avaliar não só as condições do estabelecimento rural mas também as do seu ambiente externo, entendido aqui como as relações e infraestrutura (serviços, transporte, assistência técnica) existentes na região, tais como, concorrentes, compradores, fornecedores, políticas agrícolas, cultura, sistema financeiro, mercado externo, meios de transporte, etc.

Durante o desenvolvimento do SPD, o Monitoramento se caracteriza pela coleta e organização de dados, apresentados em Relatório, visando verificar a qualidade da execução das atividades executadas e identificar eventuais desvios de rota, fatores interferentes e possíveis soluções. Após o quarto ano, na chamada fase de pós implantação, o ciclo PDCA terá continuidade visando a manutenção e a melhoria contínua dos sistemas produtivos.

No Planejamento, tanto antes da implantação como ao longo do desenvolvimento do SPD, são estabelecidos objetivos e metas (definindo o que será obtido, quanto, quando, onde e para quem) para o estabelecimento rural como um todo bem como para cada gleba, e, também, são definidos os meios e modos mediante os quais as metas serão atingidas. São avaliadas e definidas, portanto, as necessidades de correções ou adequações quanto a solo, cobertura vegetal, recursos humanos e materiais, ou o melhoramento dos procedimentos em execução para que as metas sejam plenamente atingidas e a capacidade produtiva e a solvência do estabelecimento rural sejam aceitáveis e sustentáveis ao longo do tempo.