Os animais e plantas que vivem no solo são compostos por inúmeras espécies. Esses seres interagem entre si e com o ambiente que os cerca, o solo. Influenciando-se um ao outro, promovem modificações que podem favorecer ou desfavorecer os próprios organismos ou o ambiente à sua volta. Essas interações refletem-se nas plantas cultivadas e nas criações de animais.

Mesorganismos (Figura 1) são animais de tamanho intermediário entre os micro-organismos e os macro-organismos, que vivem e desempenham importante papel na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia no solo. Esse grupo de organismos é também chamado de mesofauna do solo ou mesofauna edáfica. Podem desenvolver seus ciclos vitais, parcial ou integralmente, no solo.

 

Figura 1. Exemplos da mesofauna edáfica. Fonte: Adaptado de FAO – Soil Biodiversity Portal.

 

A influência da transformação do material orgânico pela mesofauna sobre o ambiente é de tal grandeza que o tamanho da população, a atividade e as espécies que ocorrem no solo são usados como indicadores da saúde do solo.

No solo são encontrados Coleoptera, Diptera, Hymenoptera e Isoptera. Mas as principais classes da mesofauna edáfica são Acari (Figura 2) e Collembola (Figura  3). Essas classes de animais perfazem de 72 a 97% de toda a fauna de artrópodos do solo.

 

Esses grupos de seres apresentam enorme diversidade de formas, habitat e comportamento, sendo encontrados em quase todos os locais acessíveis à vida animal, desde a zona de vegetação (zona epígea) até níveis orgânicos associados à superfície do solo (zona hemiedáfica) e, em menor escala, em extratos mais profundos (zona euedáfica).

O Sistema Plantio Direto (SPD) proporciona ambiente favorável ao desenvolvimento da fauna edáfica inclusive da mesofauna, principalmente, nos primeiros 5 cm superficiais do solo. Em consequência, influenciam a taxa de decomposição de material orgânico, o grau de ciclagem de nutrientes e a estrutura do solo. Em Dourados, MS, em sucessões como sorgo/trevo, sorgo/centeio, milho/soja, soja/colza, os Acari e Collembola (Figura 4) foram encontrados em muito maior número de indivíduos no SPD do que em preparo convencional (preparo de solo com grades pesadas e niveladoras).
 

Da mesma forma, as populações de Miriapoda e Insecta foram sempre muito maiores no sistema conservacionista do que no sistema convencional.

Figura 4. Porcentagem total de Acari,  Collembola, Miriapoda e Insecta coletados em vinte e quatro épocas. Dourados, MS, 1998. Fonte: Adaptado de Vieira, 2008.

 

Verificou-se também que, em SPD (com as sucessões já citadas) ocorreu estabilização e flutuação uniforme da população da mesofauna durante o ano. Já no solo cultivado com sistema convencional e monocultura, a população da mesofauna foi reduzida pois as espécies de mesorganismos associadas às outras culturas foram praticamente eliminadas (Figura 5).

 

Esses e outros efeitos observados em SPD são devidos, entre outros fatores, ao desenvolvimento de diferenciados sistemas radiculares e, à proteção da superfície do solo por plantas vivas diversificadas e seus resíduos vegetais (palha), que além de fontes de alimento, protegem a superfície do solo do contato direto da luz, chuva e vento proporcionando temperatura e umidade adequados ao desenvolvimento de mesorganismos.