Introdução no Brasil

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

José Eloir Denardin - Embrapa Trigo

 

A primeira experiência com plantio direto, em escala de lavoura motomecanizada, que se tem registro no Brasil, aconteceu em 1969. Newton Martins e Luiz Fernando Coelho de Souza, professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, semearam no Posto Agropecuário do Ministério da Agricultura, em Não-Me-Toque, RS, como experiência, um hectare de sorgo, sem preparo prévio do solo, mantendo-se os resíduos da cultura antecedente na superfície do terreno. Foi usada uma semeadora, marca Buffalo, própria para plantio direto, importada dos EUA, pelo Convênio UFRGS/MEC/USAID. Essa experiência não teve continuidade, porque a semeadora, logo a seguir, foi acidentalmente destruída em um incêndio.

O plantio direto voltou a ser estudado em 1971, com a sucessão de culturas trigo/soja, no Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuária Meridional/Ministério da Agricultura - IPEAME/MA, nas estações experimentais de Londrina e de Ponta Grossa, PR, bem como na Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa da Fecotrigo - FUNDACEP, Cruz Alta, RS.

Em 1972, na Estação Experimental de Passo Fundo, RS, hoje Embrapa Trigo, foram iniciados ensaios para comparar o desempenho da sucessão trigo/soja conduzida sob plantio direto e sob preparo convencional. Foram avaliados rendimento de grãos, manejo de plantas daninhas e manejo da fertilidade do solo. O plantio direto passou a fazer parte dos programas de pesquisa de outras instituições do País somente a partir de 1975.

A empresa ICI teve grande influência na viabilização do plantio direto no Brasil. A partir de 1972, passou a promover intensa divulgação dessa técnica e, também, de herbicidas, visando os produtores rurais. Além disso, incentivou e apoiou entidades de pesquisa para que investigassem os efeitos de sistemas de manejo de solo e de fertilizantes em diferentes culturas. Ajudou no desenvolvimento de equipamentos para semeadura e para aplicação de herbicidas (pulverizadores) e, principalmente, apoiou estudos sobre o controle químico de plantas daninhas.

A introdução do plantio direto no Brasil ocorreu, praticamente, de forma simultânea em nível de pesquisa e em escala de lavoura. Como é próprio de processos de pesquisa demandarem determinado tempo para geração de conhecimentos e para transformarem conhecimentos em tecnologia pronta para uso, a adequação do plantio direto aos agroecossistemas não fugiu à regra. Houve nítida defasagem de tempo entre as demandas tecnológicas geradas pelos produtores rurais, pioneiros na adoção do plantio direto no país, e as soluções tecnológicas geradas pela pesquisa e transferidas à assistência técnica.