Solos Tropicais
Chave do SiBCS
Autores
Humberto Gonçalves dos Santos - In memoriam
Maria José Zaroni - Embrapa Solos
No Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS), a chave de classificação é organizada em seis níveis categóricos, denominados como a seguir:
1º nível: ORDENS
2º nível: SUBORDENS
3º nível: GRANDES GRUPOS
4º nível: SUBGRUPOS
5º nível: FAMÍLIA
6º nível: SÉRIES.
O quinto e o sexto nível categórico ainda estão sob discussão, mas no Sistema é possível classificar um solo de acordo com as definições provisórias atribuídas para estes níveis categóricos.
Para classificar um solo, é preciso comparar as propriedades verificadas no perfil de solo com os requisitos de cada classe de solo estabelecidos no Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS). Para os níveis mais elevados, ou de maior generalização (ORDENS E SUBORDENS), as características diferenciais devem ser aquelas que resultem diretamente dos processos da formação do solo (gênese do solo) ou que afetem tais processos.
O segundo nível (SUBORDENS) reflete ainda a gênese do solo, indicando a intensidade do processo de formação do solo ou mesmo, a atuação de outros processos que agiram juntos ou afetaram processos dominantes no primeiro nível. Expressa grau de desenvolvimento de características genéticas, ou seja, o grau de desenvolvimento de características relacionadas aos agentes formadores do solo.
O terceiro nível (GRANDES GRUPOS) destaca o tipo e arranjamento dos horizontes, atividade de argila, condições de saturação do complexo sortivo por bases ou por alumínio ou por sódio e/ou por sais solúveis. A partir deste nível, é evidenciada a presença de horizontes ou propriedades do solo que podem afetar o uso e o manejo dos solos, relacionados ao desenvolvimento das plantas e ao movimento de água no solo.
O quarto nível categórico (SUBGRUPOS) representa o conceito central da classe no caso dos típicos ou ao contrário, os intermediários entre classes nos três primeiros níveis. Podendo também indicar a presença de características extraordinárias.
No quinto nível categórico, as classes são formadas por adição de termos apropriados para definição das classes, depois da determinação do quarto nível categórico.
O sexto nível categórico corresponde ao nível categórico mais baixo do sistema de classificação correspondendo a uma subdivisão do quinto nível, com base em características diferenciais que afetam o uso e manejo do solo.
Utilizando a Chave do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS).
Antes de entrar na chave do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS), é necessário identificar, em primeiro lugar, o horizonte diagnóstico superficial e o subsuperficial, pois o primeiro nível categórico é fundamentado na presença ou ausência destes horizontes e de atributos ou propriedades adicionais reconhecíveis no campo, mais relacionados aos processos pedogenéticos e por serem menos suscetíveis à ação antrópica. Normalmente, a definição deste nível categórico é feita a partir de horizontes diagnósticos, preferencialmente horizontes subsuperficiais. Exceção se dá para a classe dos Chernossolos, cuja classificação se baseia na identificação do horizonte diagnóstico superficial A Chernozêmico, conforme definição do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS).
Depois de encontrada a classe de primeiro nível categórico, passa-se ao segundo nível e assim, sucessivamente até o quarto nível categórico, observando sempre a ordem de precedência para a classificação do solo.
Por exemplo, dentro do primeiro nível categórico (ORDENS), o usuário tem que começar pela primeira ordem e ir eliminando uma por uma, até encontrar, na sequência, a que satisfaz os critérios utilizados na definição do solo. Este procedimento é igual para os demais níveis categóricos.
Sequência de Classificação de um Perfil - Passo a passo
Identificar, preliminarmente, atributos e horizontes diagnósticos e outros atributos referentes ao perfil a ser classificado, com base na descrição morfológica e dados analíticos, para facilitar entrada na chave para Ordens, Subordens, Grandes Grupos e Subgrupos.
Veja um exemplo de um perfil hipotético:
Primeiro passo: Identificar as características do perfil.
Atributos diagnósticos:
· Perfil é constituído, essencialmente, por material mineral.
· A atividade da fração argila é baixa (menor do que 27 cmol/kg de argila).
· Saturação por bases: valor é menor que 50% no horizonte B.
· Mudança textural abrupta: o teor de argila do horizonte 2Bt1 (44%) é o dobro do horizonte E (22%), dentro de uma distância vertical de 7,5cm e transição clara.
· Caráter crômico: o perfil apresenta na maior parte do horizonte B (excluído BC) matiz mais vermelho 7,5YR e croma maior do que 4, caracterizando presença de caráter crômico.
· Cor e teor de óxidos de ferro: o perfil apresenta cores vermelho-amareladas e vermelhas na maior parte do horizonte B (exclusive BC) e é hipoférrico - teor de Fe2O3 menor do que 80g/kg de solo (Embrapa, 2006).
Outros Atributos
· O perfil apresenta cerosidade comum, moderada e forte no horizonte 2Bt1 (ver descrição morfológica) e pouca, fraca a forte em 2Bt2.
· Relação silte/argila: baixa no horizonte B (< 0,50).
· Minerais alteráveis: o horizonte 2Bt2 apresenta 10% de minerais alteráveis na fração areia fina (biotita alterada), representando menos de 4% de minerais primários na terra fina.
· Reação do solo: pH < 5,6 – ácido.
Horizonte Diagnóstico Superficial
A espessura, teor de carbono orgânico e cor permitem enquadrar em horizonte A moderado, conforme definição de horizontes diagnósticos superficiais (Embrapa, 2006).
Horizonte Diagnóstico Subsuperficial
O perfil tem horizonte E, relação textual B/A de 2,1, logo, horizonte B textural, conforme o SiBCS (Embrapa 2006).
Utilizando a Chave Do SIBCS
Na chave, para identificar inicialmente a qual Ordem o perfil pertence. Vê-se que o perfil se enquadra na sequência da chave, somente na última classe, ARGISSOLOS (solos com B textural e argila de atividade baixa).
Para classificar o perfil no 2º nível dos Argissolos, deve-se entrar na chave e seguir a sequência. Vê-se que o perfil enquadra-se em ARGISSOLO VERMELHO (cor 2,5YR nos primeiros 100 cm do horizonte Bt, inclusive BA).
Definida a classe de 2º nível, vai-se para a chave de 3º nível categórico: entra-se em ARGISSOLOS VERMELHOS e verifica-se que o perfil se enquadra em ARGISSOLOS VERMELHOS Distróficos, por apresentar baixa saturação por bases nos primeiros 100 cm do horizonte B.
Vai-se para as classes do 4º nível categórico, o perfil se enquadra na classe ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico (Subgrupo), por apresentar mudança textural abrupta.
Portanto, até o quarto nível, o perfil será classificado como ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico.