Histórico

Conteúdo migrado na íntegra em: 09/12/2021

Autores

Maria José Zaroni - Embrapa Solos

Humberto Gonçalves dos Santos - In memoriam

 

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) apresenta os princípios e conceitos básicos do conhecimento atual do recurso natural solos gerados no Brasil e no exterior.

Inicialmente, o sistema americano de classificação dos solos publicado em 1938 serviu de base para a classificação dos solos brasileiros. Entretanto, a apropriação de termos e definições deste sistema desenvolvido para solos de clima temperado, somente foi possível após inúmeras adaptações e considerações sobre as disparidades climáticas e de geologia entre os dois países.

No Brasil, do ponto de vista pedológico, os estudos de solos remontam à década de trinta, mais especificamente no Nordeste e em São Paulo, onde se utilizavam das informações de solos com fins de irrigação e conservação de solos.

Mais adiante, sob a Comissão de Solos do Ministério da Agricultura, iniciaram-se os estudos de solos em todo território nacional por meio de um extenso programa de levantamento de solos em escala reconhecimento-exploratório numa tentativa de suprir rapidamente a inexistência de informação sobre o potencial dos solos brasileiros. Nesta época, o Ministério da Agricultura foi a instituição que mais investiu nos estudos de solos sob todos os aspectos, compreendendo classificação, fertilidade, manejo, conservação e recuperação de solos, e na própria pesquisa básica.

A partir dos anos 50, e durante as três décadas seguintes, foi construído um acervo de dados dos solos brasileiros de todas as regiões do país. Este acervo, formado por um inventário de solos, norteou a expansão das fronteiras agrícolas, direcionou investimentos na agricultura para órgãos nacionais e internacionais de financiamento da produção e para instituições de pesquisa, extensão e de reforma agrária.

Além da informação utilitária, para fins de uso da terra, os levantamentos viabilizaram a elaboração de uma base de informação com descrições dos solos do país, consistindo de dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos associados às informações ambientais como clima, vegetação, geologia, relevo, drenagem e uso da terra. Tais informações pedológicas e suas correlações com outros dados ambientais foram disponibilizados para os usuários através de diversos boletins e relatórios técnicos publicados, sendo também, amplamente usados e interpretados na elaboração Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SiBCS), possibilitando a conceituação e a identificação das classes de solos.

Na década de 80, foram publicados alguns documentos intitulados “Aproximações”. Foram editadas então, quatro “Aproximações”: em 1980, 1981, em 1988 e a quarta e última em 1997. Geradas na Embrapa, estas publicações de caráter experimental tinham sua circulação restrita aos pedólogos da Embrapa e de outras instituições nacionais de ensino e pesquisa.

Finalmente em 1999, após esta sequência de Aproximações, foi publicada a primeira edição do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Com a coordenação do Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Solos), o SiBCS é produto de um projeto nacional de longa existência, de interesse e de responsabilidade da comunidade de Ciência do Solo no país. Teve como fundamento, as parcerias institucionais possibilitando uma maior participação da comunidade científica nas discussões sobre conceitos, definições e inclusão de novas classes envolvendo muitos debates, discussões e interpretações do conhecimento acumulado sobre os solos no Brasil e acompanhando os padrões taxonômicos mais correntes no mundo, mantendo paridade e correlações entre classes de solos definidas nos principais sistemas existentes.

Em 2006, foi publicada a segunda versão do SiBCS como resultado do aperfeiçoamento permanente dos conhecimentos na área de Ciência do Solo no país.

Todo o conhecimento dos nossos solos reunido no SiBCS tem sido amplamente utilizado no ensino e na pesquisa, e subsidiado o ordenamento do território brasileiro, no planejamento de uso sustentável das terras.