Plano Diretor 2024-2030
Glossário
Adaptação (efeitos da mudança do clima): Desenvolvimento de mecanismos e implementação de ações de antecipação aos impactos da mudança do clima.
Agricultura: Palavra advinda do latim – composta por ager (campo, território) e cultura (cultivo) – que apresenta inicialmente o sentido restrito de “cultivo do solo”, ou seja, a arte e a ciência de cultivar a terra. Ampliando um pouco seu sentido, pode-se entender por “agricultura” o conjunto de atividades realizadas utilizando o ambiente e os recursos naturais para produção vegetal e animal com fins de alimentação e sustento humanos, o que inclui fibras e produtos florestais. No presente documento, é também entendida, de forma mais ampla, incluindo, além do cultivo de plantas, a pecuária, a pesca e a aquicultura, a atividade extrativista, a silvicultura e a agroindustrialização. Quando citada no documento, a expressão “cadeias produtivas agrícolas” (ou “agroalimentares” ou “do agronegócio”) abrange, além do entendimento de “agricultura” acima citado, os elos de produção e fornecimento de insumos (químicos, máquinas, matérias-primas, mão de obra, entre outros), de armazenamento e transporte, financeiros, de serviços e de distribuição.
Agricultura conservacionista: É um sistema agrícola que pode prevenir perdas do solo e, ao mesmo tempo, regenerar áreas degradadas. Promove a manutenção de uma cobertura permanente e uma perturbação mínima do solo e a diversificação das espécies vegetais. Melhora a biodiversidade e os processos biológicos naturais acima e abaixo da superfície do solo, o que contribui para maior eficiência na utilização da água e dos nutrientes e para a melhoria e sustentabilidade da produção agrícola.
Agricultura de precisão: É uma estratégia de gestão que reúne, processa e analisa dados temporais, individuais e espaciais e os combina com outras informações para apoiar as decisões de gestão de acordo com a variabilidade estimada para melhorar a eficiência no uso de recursos, produtividade, qualidade, rentabilidade e sustentabilidade da produção agropecuária (Associação Brasileira de Agricultura de Precisão Digital, 2023).
Agricultura digital: Inserção de tecnologias digitais em todas as fases das cadeias de valor da agricultura tendo em vista a promoção de vantagens competitivas e benefícios socioambientais. Ela se baseia em conteúdo digital, por meio do processamento do grande volume de dados que vem sendo produzido em todas as etapas da cadeia produtiva, desde a pré-produção até a fase de pós-produção, passando pela produção (Massruhá et al., 2020).
Agropecuária: Conjunto de atividades produtivas relacionadas à agricultura e pecuária, bem como às atividades florestais e silviculturais, aquícolas, pesqueiras, extrativistas e seus beneficiamentos.
Ativos tecnológicos: Produtos ou processos para uso direto do setor produtivo. Os ativos tecnológicos passam por vários níveis de maturidade tecnológica, escala TRL/MRL – do inglês Technology Readiness Levels/Manufacturing Readiness Levels –, até atingirem a maturidade e poderem ser disponibilizados aos usuários em qualquer nível da escala. São eles: cultivar; raça ou grupo genético; processo agropecuário; processo industrial; produto/insumo agropecuário ou industrial; máquinas e/ou implementos; e software para clientes externos.
Big data: Conjunto incomensurável de dados, advindos de fontes tradicionais e digitais, que não podem ser processados por apenas uma máquina. É necessária a utilização de ferramentas e métodos especiais para armazenamento, tratamento e análise desse conjunto de dados.
Bioeconomia: Toda a atividade econômica derivada de bioprocessos e bioprodutos que contribui para soluções eficientes no uso de recursos biológicos – ante os desafios em alimentação, produtos químicos, materiais, produção de energia, saúde, serviços ambientais e proteção ambiental – que promovem a transição para um novo modelo de desenvolvimento sustentável e de bem-estar da sociedade (Oportunidades..., 2021). A bioeconomia pode ser definida como uma economia em que os pilares básicos de produção, como materiais, químicos e energia, são derivados de recursos biológicos renováveis. Nessa “nova” economia, a transformação da biomassa possui papel central na produção de alimentos, fármacos, fibras, produtos industriais e energia. A diferença entre a bioeconomia do passado e a atual é que esta última tem por base o uso intensivo de novos conhecimentos científicos e tecnológicos, como os produzidos pela biotecnologia, genômica, biologia sintética, bioinformática e engenharia genética, que contribuem para o desenvolvimento de processos com base biológica e para a transformação de recursos naturais em bens e serviços (Torres et al., 2017).
Bioinsumo: Insumo ou produto de origem animal, microbiana ou vegetal, destinado ao uso em prática, processo ou tecnologia com aplicação agropecuária, ambiental e/ou industrial.
Biomassa: Qualquer matéria orgânica derivada de plantas e animais, como madeira, plantas diversas, algas e resíduos de animais, que pode ser utilizada como fonte renovável de energia e outros produtos.
Blockchain: Livro de registros digital, protegido por potentes criptografias, compartilhado e imutável, que facilita o processo de gravação de transações e rastreamento de ativos em uma rede de negócios. Um ativo pode ser tangível (uma casa, um carro, dinheiro, terras) ou intangível (propriedade intelectual, patentes, direitos autorais e marcas) (IBM, 2023).
Competitividade: A literatura define competitividade por meio de diversos conceitos e indicadores. Um dos conceitos se baseia no desempenho e está relacionado às receitas de exportação do país. De acordo com essa abordagem, são competitivas as indústrias que ampliam sua participação na oferta internacional de determinados produtos. Esse é um conceito ex post, ou seja, a competitividade é mensurada através de seus efeitos sobre o comércio externo. Outros autores veem o desempenho das exportações como uma consequência da competitividade, em vez do inverso. Esse conceito de competitividade é potencial, ex ante, e tradicionalmente ligado às condições de produção. Em termos de eficiência, a competitividade é definida como a capacidade de um país de produzir um determinado bem em condições pelo menos tão boas quanto em outras economias (Haguenauer, 2012).
Desenvolvimento territorial: Abordagem que visa gerar e disponibilizar conhecimento, práticas produtivas e alternativas tecnológicas sustentáveis com foco no desenvolvimento regional sustentável e na inclusão produtiva. Essa perspectiva implica romper com uma visão setorial, incorporando os aspectos econômicos, sociais e ambientais de forma integrada. Em vez de estratégias únicas, o desenvolvimento territorial busca adaptar abordagens para lidar com problemas regionais e territoriais específicos, reconhecendo que soluções universais geralmente não são eficazes para aspectos mais específicos. Atuar com enfoque territorial implica transformar o desenvolvimento em uma ferramenta que visa superar a divisão entre áreas rurais e urbanas, permitindo que diversas formas de agricultura familiar coexistam em colaboração com outros setores e atores. Além disso, é necessário promover a formação de redes e identidades, incorporando uma distribuição equitativa do conhecimento e do poder. Essas políticas devem ser capazes de conciliar melhorias sociais com um processo de desenvolvimento endógeno e mais independente, ao mesmo tempo em que também têm uma capacidade de mobilizar pessoas, instituições e regras para a transição das práticas sociais.
Ecossistemas de inovação: Conjunto de indivíduos, comunidades, organizações, recursos materiais, normas e políticas (em vez da dinâmica de energia) com relacionamentos complexos entre si e cuja funcionalidade é viabilizar desenvolvimento tecnológico e inovação. Nesse contexto, os fatores seriam os recursos materiais (fundos, equipamentos, instalações, etc.) e o capital humano (estudantes, professores, apoiadores, pesquisadores da indústria, representantes da indústria, etc.) que moldam as instituições participantes do ecossistema. Tais instituições, nos países competitivos, são universidades, institutos de pesquisa, arranjos híbridos universidade-empresa, centros de excelência federais ou industriais, escolas e empresas de negócios, empresas de venture capital, organizações de apoio ao desenvolvimento econômico e dos negócios estaduais ou locais, agências de fomento, formuladores de políticas, entre outras.
Economia circular: Estrutura de soluções sistêmicas que enfrenta desafios globais, como mudanças climáticas, perda de biodiversidade, resíduos e poluição. É baseada em três princípios, orientados pelo design: eliminar resíduos e poluição, circular produtos e materiais (em seu maior valor) e regenerar a natureza. A transição para a economia circular é sustentada pela transição para energias e materiais renováveis e dissocia a atividade econômica do consumo de recursos finitos. Isso representa uma mudança sistêmica que cria resiliência de longo prazo, gera oportunidades comerciais e econômicas e fornece benefícios ambientais e sociais (Ellen Macarthur Foundation, 2023). Pode ser entendida como um modelo de produção e consumo que envolve o compartilhamento, o arrendamento, a reutilização, o reparo, a reforma e a maior tempo possível. Dessa forma, o ciclo de vida dos produtos é estendido. Na prática, implica reduzir o desperdício e os resíduos ao mínimo (Parlamento Europeu, 2023).
Economia verde: Economia de baixo carbono, eficiente em termos de recursos e socialmente inclusiva. Numa economia verde, o crescimento do emprego e da renda é impulsionado pelo investimento público e privado em atividades econômicas, infraestruturas e ativos que permitem a redução das emissões de carbono e da poluição, maior eficiência energética e de recursos e a prevenção da perda de biodiversidade e de serviços ecossistêmicos (Nações Unidas, 2023b).
Inclusão socioprodutiva: Processo que busca garantir a todas as pessoas, independentemente de sua condição social, econômica ou cultural, o acesso a recursos e conhecimentos que lhes possibilitem participar da vida social e econômica de forma autônoma e digna. Esse conceito se baseia nos seguintes elementos: acesso a recursos (inclui recursos materiais, como terra, equipamentos, insumos, além de recursos não materiais, como educação, saúde e assistência social), acesso a conhecimentos (inclui conhecimentos técnicos, como habilidades para a produção agrícola ou para o exercício de uma profissão, além de conhecimento cultural, como valores e práticas que contribuem para a construção da identidade e da autonomia das pessoas), autonomia (refere-se à capacidade das pessoas de tomarem decisões sobre suas próprias vidas e de controlarem os recursos e conhecimentos a que têm acesso).
Inovação: Introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho.
Inteligência artificial: Ramo da ciência da computação, que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, aprender, tomar decisões e resolver problemas de maneira autônoma. As aplicações incluem veículos autônomos, reconhecimento automático de voz e geração e detecção de novos conceitos e abstrações (úteis para detectar potenciais novos riscos e ajudar os seres humanos a entender rapidamente grandes corpos de informações sempre em mudança).
Inteligência territorial: Conjunto de ferramentas e métodos aplicados para a compreensão de um território em sua totalidade, através da integração de informações provenientes de diferentes bancos de dados.
Mitigação (da mudança do clima): Implementação de medidas (de intervenção humana) que têm a finalidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs).
Multifuncionalidade (agricultura): Forma ampliada de considerar a agricultura em relação à perspectiva tradicional, que, por sua vez, está centrada no aspecto econômico, na produção de alimentos e fibras destinados ao mercado, cujos valores são regulados com base em transações mercantis. Quando se fala em multifuncionalidade, leva-se em conta que a agricultura, hoje em dia, fornece não apenas os produtos agrícolas (função básica), mas desempenha também outras funções, como a ambiental ou ecológica, territorial e social (Embrapa, 2023).
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Conjunto de 17 objetivos (divididos em 169 metas) que compõe a agenda de desenvolvimento sustentável, intitulada Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi oficialmente adotada pelos 193 países-membros das Nações Unidas (ONU) na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, realizada na sede da ONU em Nova York, em setembro de 2015.
Paisagem agrícola: Espaços geográficos multifuncionais resultantes das interações entre a agricultura, os recursos naturais e o ambiente, abrangendo valores econômicos, de lazer e culturais, entre outros (Uzêda et al., 2017; OECD, 2023).
Pesquisa, desenvolvimento, inovação (PD&I): Trabalho criativo, empreendido em base sistemática, com vistas a aumentar o estoque de conhecimento, incluindo o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, e o uso desse estoque para perscrutar novas aplicações. Inovação consiste na introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços e processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente, que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho.
Rastreabilidade: Mecanismo que permite identificar a origem do produto desde o campo até o consumidor final. Um sistema de rastreabilidade, portanto, é um conjunto de medidas que possibilita controlar e monitorar sistematicamente todas as entradas e saídas nas unidades, sendo elas produtivas, processadoras ou distribuidoras, visando garantir a origem e a qualidade do produto final.
Rede sociotécnica: Arranjo complexo e interconectado de atores humanos e não humanos que contribuem dinamicamente para atingir objetivos compartilhados. Os atores sociais, que podem variar de indivíduo para organização, interagem com elementos não humanos, como tecnologias, objetos e sistemas. Essa interconexão desafia dicotomias tradicionais entre o social e o técnico, registrando todos os participantes como agentes ativos. As redes sociotécnicas, em constante evolução, são moldadas por negociações contínuas entre os participantes, possibilitando a incorporação ou remoção de elementos. A cooperação e o compartilhamento de interesses alimentam a produção de transições sociotécnicas, destacando a importância dessas redes como facilitadoras de ações coletivas e construção de conhecimento (Latour, 1999, 2012).
Saúde Única: Abordagem integrada e unificadora que visa equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde de humanos, animais, plantas e ecossistemas. Reconhece que a saúde do ser humano, de animais domésticos e selvagens, plantas e ambiente e todos os ecossistemas estão intimamente ligados e são interdependentes (Mettenleiter et al., 2023).
Serviços ecossistêmicos: Aspectos ou processos dos ecossistemas utilizados, ativa ou passivamente, para produzir bem-estar humano no seu sentido mais amplo, podendo ser classificados em serviços de provisão, regulação e suporte (Ferraz et al., 2019).
Sistemas produtivos emergentes: Sistemas que diferem qualitativamente dos sistemas predominantes, pois trazem uma ruptura que permite discriminá-los como sistemas diferentes, inovadores e que vêm ganhando visibilidade, dada sua característica diferenciada de geração de valor e potencial de desenvolvimento.
Sistemas alimentares: Os sistemas alimentares abrangem a gama de atores e suas atividades envolvidas nas funções da cadeia de abastecimento alimentar, incluindo seu ambiente direto e os motores que os influenciam, bem como seus impactos de longo prazo nas principais dimensões da sustentabilidade, que por sua vez afetam os outros elementos via ciclos de feedback (FAO, 2022).
Soluções tecnológicas: Produtos, processos, serviços, metodologias, práticas agropecuárias e sistemas desenvolvidos pela Embrapa e parceiros para atender às demandas do setor produtivo e do consumidor de produtos agropecuários.
Stakeholder: Qualquer indivíduo ou grupo que pode afetar ou ser afetado pelas ações, deliberações, políticas, metas ou resultados de uma organização. Neste documento, está traduzido por “parte interessada”.
Startup: Organização empreendedora que busca e desenvolve novos modelos de negócio que possam ser reproduzidos em larga escala em condições de extrema incerteza.
Tecnologias emergentes: São tecnologias com cinco atributos-chave que as diferenciam de tecnologias já amplamente utilizadas: novidade radical; rápido crescimento; um período longo para se chegar à coesão em termos de identidade e momentum; impacto proeminente; e alto grau de incerteza e ambiguidade quanto a seus usos (Rotolo et al., 2015).
Tecnologias disruptivas: São tecnologias que, quando aplicadas em novos modelos de negócio, tornam-se mais simples ou mais acessíveis a segmentos de mercado pouco atendidos, suplantando produtos ou serviços já existentes ou dominantes (Christensen, 1997).
Transformação digital: Consiste no uso das TICs para aumentar de forma significativa a performance e o alcance das empresas por meio da mudança na maneira como os negócios são feitos. São três os elementos da transformação digital: transformação da experiência do cliente, dos modelos de negócios e dos processos operacionais (Massruhá et al., 2020).