Sistema regional online sobre clima é aprimorado
Sistema regional online sobre clima é aprimorado
O sistema de informações climáticas Guia Clima, que monitora e reúne dados da região de Dourados, oeste de Mato Grosso do Sul, foi aprimorado com a introdução de novas culturas e informações detalhadas sobre balanço hídrico. Acabam de ser inseridos dados sobre cana-de-açúcar de ano; cana-de-açúcar de ano e meio; soja ciclo precoce; soja ciclo médio; feijão segunda safra; milho safrinha; milho; trigo e vegetação-padrão. Para cada uma delas é possível consultar dados sobre balanço hídrico, que é a diferença entre os ganhos e as perdas de água de uma cultura.
Com essa nova funcionalidade, o agricultor pode monitorar se as condições de umidade do solo estão adequadas para as culturas em um dado momento, inclusive em tempo real ou próximo disso. Esses dados permitem auxiliar na definição de épocas mais adequadas para a semeadura, assim como na estimativa de produção das culturas. O balanço hídrico é uma ferramenta útil para a tomada de decisões agrícolas.
Desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste (MS), o Guia Clima permite que o agricultor gere gráficos sobre condições em tempo real, com a quantidade de água presente no solo, aspectos da deficiência hídrica e também de excesso hídrico."Todos esses gráficos possuem uma explicação sobre como interpretá-los, com objetivo de tornar a novidade ainda mais acessível ao público-alvo", informa o pesquisador da Embrapa Carlos Ricardo Fietz.
O serviço online é gratuito e oferece dados relacionados às condições climáticas, quantidade de chuvas, nível de radiação solar, umidade do ar, entre outros, com atualizações em tempo real de 15 em 15 minutos. Os usuários do Guia Clima também podem se cadastrar para receber via e-mail o Boletim Mensal com informações climáticas da região.
Atualmente, o Guia Clima opera com informações coletadas em duas estações meteorológicas. Uma em Dourados, que possui banco de dados com informações dos últimos 35 anos, e a outra no Município Rio Brilhante, 55 km distante da primeira base, viabilizada há quatro anos, por meio de parceria com a prefeitura da cidade. Em breve, uma terceira estação será instalada em Ivinhema, a 130 km de Dourados.
Balanço hídrico
A ciência utiliza coeficientes de cultivo (Kc) para determinar a quantidade de água que uma cultura utiliza ao longo dos diversos estádios (fases) de crescimento. Assim, para identificar e estabelecer a quantidade de água necessária para as principais culturas de Mato Grosso do Sul, a Embrapa Agropecuária Oeste conta com pesquisadores da área de agrometeorologia. Carlos Ricardo Fietz, Eder Comunello e Danilton Flumignan são os cientistas da área que têm se dedicado a relacionar as etapas de crescimento das culturas com as condições de umidade do solo.
Há oito anos, eles vêm trabalhando com equipamentos, metodologias, softwares e bases de dados relacionados à determinação do balanço hídrico, que culminaram no lançamento do web software e uma base de dados inédita e interativa, disponível para consultas gratuitas online, e que servem como uma importante fonte de informações para os agricultores.
Na Embrapa, as pesquisas agrometeorológicas são realizadas por meio da equipe multidisciplinar de profissionais que trabalham nas estações da instituição, e que estão constantemente monitorando os dados agrometeorológicos.
Atualmente, a Embrapa dispõe de vários bancos de dados agrometeorológicos, alguns com 80 anos de registros, que em sua maioria estão disponíveis para consulta em tempo real, como é o caso do Guia Clima e do Laboratório do Agrometeorologia da Embrapa Clima Temperado, entre outros.
Bastidores da pesquisa
Quais são as estratégias utilizadas pelos pesquisadores para descobrir a necessidade hídrica de uma determinada cultura? O primeiro passo é garantir que a cultura se desenvolva em um ambiente com condições completamente favoráveis, sem qualquer limitação de água. Então, todas as entradas e retiradas de água desse ambiente são controladas e registradas, permitindo determinar a quantidade utilizada pelas plantas. A estrutura experimental que permite esse tipo de medida é chamada de lisímetro. Nesse projeto de pesquisa realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste, a necessidade hídrica dos cultivos de soja foi determinada obtendo-se os coeficientes de cultivo (Kc) para variedades com características distintas de crescimento (tipos determinado e indeterminado), utilizando seis lisímetros.
O lisímetro é uma das principais ferramentas para a definição da necessidade hídrica das plantas. Trata-se de uma grande caixa metálica contendo solo, onde se desenvolve o cultivo de interesse. O pesquisador Éder Comunello explica que essa caixa possui uma certa capacidade de armazenar água, comportando-se, como uma esponja em alguns aspectos. A água que fica retida pode ser utilizada pelas plantas que se desenvolvem na caixa. Volumes de água maiores do que a capacidade de retenção serão perdidos pela drenagem profunda ou escoamento. Quando a reserva de água no solo fica abaixo de sua capacidade poderá ocorrer o deficit hídrico. "No lisímetro, todos esses dados são constantemente monitorados e um sistema de irrigação é acionado para impedir a limitação de água e manter as plantas em condições ideais de desenvolvimento", detalha o especialista, que acaba de concluir tese de doutorado sobre o tema.
Comunello acrescenta que o lisímetro é uma forma de balanço hídrico, permitindo determinar o quanto entra de água no sistema e sai dele. "A diferença entre esses valores, descontando-se as perdas por drenagem, permite chegar ao volume de água utilizado no processo de evapotranspiração, que pode ser entendido como o consumo potencial da cultura", esclarece.
Relevância para a produção
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, considera a divulgação dos resultados um importante serviço que sua entidade promove. "No caso específico dessa pesquisa com lisímetros, o Sindicato Rural de Dourados dissemina esses resultados como um serviço aos associados. Estamos aguardando a conclusão da pesquisa para contribuirmos com a apropriação desse conhecimento gerado", concluiu.
O engenheiro-agrônomo que trabalha com consultoria e planejamento agropecuário há mais de 25 anos para Rio Brilhante e região, Paulo Roberto Neves, considera essas pesquisas importantes para que os agricultores possam minimizar riscos, principalmente os relacionados à disponibilidade hídrica durante o ciclo para cada cultura.
"É importante ter uma ferramenta que represente de forma correta, ou o mais próximo possível da realidade, as necessidades [hídricas] de cada cultura", afirma, lembrando que as informações embasam análises para obtenção de crédito ou seguro agrícola. "Por isso, considero essas inovações fundamentais", declara.
Christiane Congro Comas (MTb 00825/9/SC)
Embrapa Agropecuária Oeste
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