Embrapa Rondônia
Pesquisadores estudam comportamento produtivo de castanheiras
A região Norte é responsável por 95% da produção nacional de castanha-do-Brasil e os principais estados produtores são o Acre, o Amazonas e o Pará. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013 foram produzidas 36.704 toneladas da amêndoa com casca na região, movimentando cerca de 68 milhões de reais. Aproximadamente 20 mil famílias realizam a coleta do produto como principal fonte de trabalho e renda. Para conhecer aspectos dessa produção, pesquisadores da Embrapa e Universidade Federal do Acre (Ufac) vêm monitorando o comportamento produtivo de castanhais acrianos.
Há mais de uma década a Embrapa, em parceria com outras instituições de pesquisa e ensino, desenvolve pesquisas voltadas para o monitoramento da produção em castanhais amazônicos. O objetivo é avaliar a variação anual da produção de castanha nos estados do Acre, Amapá, Roraima e Mato Grosso. Dois projetos aprovados pela Embrapa e no âmbito do Programa Ciência Sem Fronteira, em 2014, vão possibilitar a continuidade desse trabalho. O projeto "Impacto da exploração madeireira planejada nas populações de castanheira (Bertholletia excelsa)" é coordenado pela Embrapa e executado com recursos do CNPq. O outro, intitulado"Produção e dinâmica da população de castanheiras (Bertholletia excelsa) ao longo da Amazônia Oriental: Ecologia, meio ambiente e manejo como diretrizes da produção", é coordenado pela Ufac e financiado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior). As duas pesquisas contam com a parceria de universidades americanas.
No Acre, as pesquisas acontecem nos seringais Cachoeira (Xapuri) e Filipinas (Epitaciolândia), coordenadas pela pesquisadora da Embrapa, Lúcia Helena Wadt, e pelo professor da Ufac Thiago Cunha, com coleta de dados sempre nos meses de janeiro e fevereiro. Na safra 2014/2015, a atividade contou com a participação das pesquisadoras Karen Kainer, da Universidade da Flórida, e Christina Staudhammer, da Universidade do Alabama, que estiveram no Acre entre fevereiro e março para realizar ações dos projetos.
Resultados preliminares
Os primeiros resultados da produção de frutos revelam que os castanhais estudados apresentam comportamento produtivo distinto. Os pesquisadores observaram que no seringal Cachoeira as árvores monitoradas vêm mantendo uma produção consistente ao longo dos anos, enquanto no Seringal Filipinas a produção oscilou entre 50 e 150 frutos por árvore. Na safra 2014/2015 as castanheiras monitoradas no seringal Cachoeira produziram, em média, seis vezes mais que as castanheiras do Filipinas. Neste seringal, 31% das árvores avaliadas não produziram frutos, ocasionando queda na produção.
De acordo com Lúcia Wadt, esse é o maior percentual de árvores não produtivas verificado nos últimos 10 anos de monitoramento em castanhais do seringal Filipinas. Já no seringal Cachoeira o percentual de árvores não produtivas, em 2015, foi de apenas 3% e cada castanheira monitorada rendeu, em média, 236 ouriços. "Considerando que nessa área existe pelo menos uma castanheira produtiva por hectare, e que a lata de castanha (20 litros) tem sido comercializada a 30 reais, numa colocação de 300 hectares esta produção possibilitaria uma renda anual familiar de R$ 30.340 reais", afirma.
Estes resultados, conforme explica a pesquisadora, são importantes para o extrativista conhecer melhor seu castanhal e planejar sua renda anual e direcionam os estudos que serão realizados nos projetos em andamento. "Os próximos passos da pesquisa estão relacionados ao estudo dos motivos para essa grande diferença na produção dos castanhais. Além de buscar respostas para a compreensão do comportamento produtivo da espécie, as pesquisas atuam na definição de recomendações para melhorar a produção dos castanhais".
Os projetos em andamento apresentam objetivos convergentes, no sentido de buscar avançar na produção de conhecimentos científicos sobre o comportamento de castanheiras, considerando aspectos da a realidade amazônica, promover o intercâmbio científico, fortalecer e ampliar parcerias institucionais e com outros grupos de pesquisa da Amazônia e divulgar novos conhecimentos para a sociedade, especialmente os atores envolvidos com a cadeia produtiva da castanha.
Confira dados da produção de castanha, nos últimos seis anos, em áreas monitoradas no Acre:
Figura1: Produção média de frutos por castanheira, contado no Seringal Filipinas , nos anos de 2010 a 2015.
Figura2: Produção média de frutos por castanheira, contado no Seringal Cachoeira, nos anos de 2010 a 2015.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre
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