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Dia de campo aborda SAFs biodiversos e suas múltiplas funcionalidades
Alunos e professores da turna de Meio Ambiente do Centro Paula Souza de Vargem Grande do Sul, SP, vistaram a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) em 26 de abril para participarem de um dia de campo e uma oficina sobre sistemas agroflorestais biodiversos (SAFs).
Segundo a organizadora da visita, Myrian Ramos, foram montadas 5 estações no Sítio Agroecológico da Embrapa Meio Ambiente, que abordaram as múltiplas funcionalidades dos SAFs e suas opções para geração de renda. Os alunos também puderam conhecer diferentes técnicas, implementadas em campo, para recuperação de Áreas de Preservação Permanente e a tecnologia da Barraginha para contenção de erosão e aproveitamento da água das chuvas. Todas essas tecnologias são manejadas e avaliadas pela Equipe de Agroecologia com o apoio do Setor de Campos Experimentais da Embrapa Meio Ambiente.
Alan Gabriel Pacheco, engenheiro agrônomo e coordenador da ETEC Vargem Grande do Sul, explica que o curso de Meio Ambiente é novo nessa Unidade, começou em 2018. "Montamos um planejamento de locais imprescindíveis para que os alunos conhecessem e se aproximassem da pesquisa em instituições renomadas como a Embrapa Meio Ambiente. Como alguns experimentos são reproduzidos na ETEC em pequena escala, os alunos puderam ver em larga escala e com outras opções de uso", diz Pacheco. "Usamos muito a Embrapa como referência em salas de aula, nos baseamos em seus manuais técnicos".
"Apesar de ter aulas práticas no curso, não temos a dimensão dessa prática de preservação do meio ambiente. Quando nos colocamos na situação real, é muito diferente, além da troca de experiências que podemos ter nesses dias de campo", explicou Maria Luiza da Silva, estudante da ETEC.
Estação 1. SAF Frutas - Luiz Octávio Ramos Filho e Waldemore Moriconi
De acordo com o pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho, na parcela denominada SAF Frutas, os estudantes puderam visualizar diferentes desenhos de e arranjos agroflorestais voltados à produção de frutas, madeira e culturas anuais, adequados à realidade da agricultora familiar. Segundo Luiz Octávio, essas parcelas, implantadas há 15 meses, “foram desenhadas com base em diferentes experiências de agricultores familiares pesquisadas ou acompanhadas pela equipe de agroecologia, buscando simular essas realidades e em cima delas desenvolver estudos mais aprofundados para otimizar esses SAFs quanto ao manejo da biomassa, uso eficiente da água, biodiversidade da entomofauna e insetos polinizadores, buscando assim um maior retorno econômico desses sistemas.”
Estação 2. SAFs e a integração com a criação racional de abelhas sem ferrão - Katia Braga e Ricardo Camargo
A criação racional de abelhas sem ferrão, conhecida como meliponicultura, é uma atividade reconhecida como geradora de renda pela produção de mel e de outros produtos das abelhas. Como a criação depende diretamente da vegetação, principal fonte de recursos para as abelhas, ela pode e deve ser integrada às atividades de restauração ambiental e em sistemas agroecológicos de produção, como os SAFs biodiversos visando, nestes últimos, incrementar também a produtividade dos cultivos pela melhoria no processo de polinização.
Estação 3. SAF biodiverso medicinal - Joel Queiroga
Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer um SAF medicinal que, além de ser um sistema voltado para restauração da biodiversidade e preservação dos recursos naturais como o solo, pode servir como uma “farmácia viva” dentro da propriedade e representar uma alternativa de renda para o agricultor, como descreve o pesquisador Joel Queiroga. De acordo com Queiroga, este SAF que possui 10 anos de idade, apresenta 32 espécies arbóreas com mais de 60 usos medicinais diferentes, sendo que a as partes mais utilizadas para fins medicinais são as cascas e as folhas, o que possibilita o manejo do sistema a partir de podas, mantendo a sua importante função de preservação.
Estação 4. SAFs e recuperação de APP - Joel Queiroga
Com ênfase em restauração, os estudantes conheceram também experimento que compara diferentes técnicas e manejos de recuperação de APPs. Segundo Queiroga, esta pesquisa realizada em parceria com a ESALQ/USP, avalia a viabilidade ecológica e econômica de diferentes técnicas e manejos adotados em parcelas que apresentam o mesmo desenho e espécies, porém com técnicas diferentes que adotam e não adotam feijão-guandu como espécie fornecedora de sombra e matéria orgânica e com a adoção e não adoção de manejos de capina de coroamento das mudas de árvores e roçagens de entrelinha nos dois primeiros anos.
Ao final das apresentações, professor e estudantes reafirmaram a importância da visita para o enriquecimento das práticas pedagógicas do curso técnico em meio ambiente, possibilitando ampliar a compreensão das contribuições dos SAFs Biodiversos como elementos essenciais no fortalecimento da agricultura sustentável.
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
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