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23/05/24 |   Transferência de Tecnologia

Representantes de embaixadas conhecem tecnologias da Embrapa na AgroBrasília 2024

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Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - Estrangeiros visitaram a vitrine de tecnologias da Embrapa, apresentada pelo pesquisador Fábio Faleiro

Estrangeiros visitaram a vitrine de tecnologias da Embrapa, apresentada pelo pesquisador Fábio Faleiro

Um grupo de representantes de embaixadas em Brasília visitou, na última quarta-feira (22), a AgroBrasília, feira de tecnologias realizada de 21 a 25 de maio no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PADF-DF, Distrito Federal. O evento conta com a participação da Embrapa, que está apresentando na vitrine e no estande diversas tecnologias desenvolvidas para o agronegócio da região.

A comitiva participou do Dia Internacional da AgroBrasília, promovido pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) para apresentar à comunidade internacional o potencial da atividade agropecuária no Centro-Oeste e no Planalto Central, além promover o intercâmbio tecnológico e comercial entre países.

Estiveram presentes representantes das embaixadas da Alemanha, Angola, Chile, Chipre, El Salvador, Guiana, Guiné, Guiné Equatorial, Indonésia, Malásia, Mali, Malta, Nepal, Malawi, Senegal, Russia, Trinidad e Tobago, Zâmbia e Zimbábue, bem como da Delegação da União Europeia no Brasil. O Dia Internacional é realizado  em parceria com o Mapa, a Embrapa e a Emater-DF, com o apoio da Secretaria de Relações Internacionais do Distrito Federal (Serinter-DF).

No Auditório Buriti, o pesquisador Fábio Faleiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, representou a Embrapa no evento. Ele fez uma apresentação sobre as contribuições da Empresa para o desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira.  

Ao falar sobre a importância da ciência, tecnologia e da transferência de tecnologias para a agricultura brasileira, Faleiro lembrou a transformação agrícola iniciada na década de 1970, colocando o País entre os maiores produtores e exportadores de soja, milho, café, açúcar, suco de laranja e carnes, entre outros produtos agropecuários. 

“Com certeza, a conquista desta região chamada Cerrado, a savana brasileira, com a transformação de um solo improdutivo num solo produtivo por meio de ciência e tecnologia, foi uma grande contribuição para essa revolução na agricultura brasileira”, afirmou, destacando as contribuições da região para a produção nacional de carne de boi, cana-de-açúcar, soja, café, feijão, milho, sorgo e algodão.

Ele também falou sobre as transformações sociais no meio rural, ocasionadas pelo uso de soluções da ciência e tecnologia, que proporcionam dignidade aos produtores, além de gerar empregos e renda não apenas no campo como na indústria e no comércio varejista e atacadista.

Ao abordar a inovação como principal objetivo das ações de pesquisa e desenvolvimento, Faleiro apontou alguns temas que têm recebido grande atenção da Embrapa, como a produção de biomassa; bioinsumos; energia renovável; produtos livres de defensivos agrícolas e certificados; dados sobre recursos naturais como solo, água, flora e fauna para o uso racional; competitividade e sustentabilidade; segurança e defesa zoofitossanitária; sustentabilidade no desenvolvimento regional por meio de políticas de inclusão socioprodutiva que levam tecnologia ao produtor rural; enfrentamento das mudanças climáticas na agricultura; além de processos de automação e precisão e agricultura digital.

O pesquisador informou que a Embrapa mantém 96 programas de melhoramento genético de animais e plantas (hortaliças, frutas, grãos, forrageiras e fibras), desenvolvendo cultivares mais produtivas, de melhor qualidade e com maior resistência a pragas e doenças, implicando no menor uso de defensivos agrícolas. 

Segundo Faleiro, graças ao melhoramento genético e ao desenvolvimento dos sistemas de produção, culturas como soja, trigo, frutas, café, girassol, gergelim, forrageiras e canola podem ser cultivadas em diversas regiões brasileiras. Também destacou o desenvolvimento de matrizes geneticamente superiores de raças bovinas leiteiras como Sindi, Gir, Guzerá e cruzamentos inter-raciais, e de corte, como a Nelore, para maior conversão alimentar e melhores características reprodutivas. Cultivares dessas culturas e exemplares de animais dessas raças bovinas estão expostos na vitrine de tecnologias da Embrapa na AgroBrasília.

Ele citou a importância dos bioinsumos, como os inoculantes, que fixam nitrogênio e promovem o crescimento das plantas, contribuem para aumentar a sustentabilidade e a eficiência dos sistemas produtivos do Brasil. “Somente o uso da tecnologia de Fixação Biológica de Nitrogênio retorna à sociedade US$ 15 bilhões. A soja é hoje plantada no País sem a necessidade de um grama de adubo nitrogenado”, comentou.

Outras tecnologias abordadas por Faleiro foram o Sistema Plantio Direto, que contribui para a conservação do solo e da água; o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que com base em séries históricas de dados climáticos orienta o produtor a definir a melhor época de plantio de mais de 40 culturas para minimizar os riscos de perdas devido a fatores climáticos; o manejo integrado de insetos, pragas, doenças e nematoides, com o uso de diferentes estratégias de controle, diminuindo o custo de produção e o uso de defensivos agrícolas; estratégias de recuperação de pastagens degradadas; e sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

Faleiro ressaltou que a necessidade de se buscar o equilíbrio do balanço entre agronegócio, sociedade e recursos naturais. “Hoje, que usando ciência e tecnologia, é possível produzir e preservar os recursos naturais”, disse, citando o novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12651/2012), que estabelece que o produtor brasileiro deve destinar parte da área da propriedade (20% a 80%, conforme a região) à preservação ambiental. 

“O produtor brasileiro produz, mas também preserva. Podemos afirmar que ele é um ambientalista, não só por força da legislação, mas também por entender que a sustentabilidade é a base da agricultura para a sua geração e as próximas”, declarou, acrescentando que, de acordo com dados da Embrapa Territorial, 66,3% do território nacional está preservado, e que apenas 30,2% são destinados à produção agropecuária. No Cerrado, 56,26% da área se mantém preservada e 45,3% é utilizado por atividades agropecuárias.

Entre os desafios para a transferência de tecnologia para a agricultura no Brasil, Faleiro apontou a busca pela economia circular, com pesquisas visando ao aproveitamento dos resíduos gerados nas propriedades rurais e contribuindo para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.

“O desafio de um país continental como o Brasil é muito grande. A ciência e a tecnologia têm que ser desenvolvidas considerando as particularidades de cada região e, principalmente, de quem vive no campo”, finalizou.

Na vitrine de tecnologias da Embrapa, o pesquisador apresentou diversas soluções aplicáveis em propriedades rurais de diferentes portes do Brasil Central, como cultivares de forrageiras, mandioca de mesa e de indústria, maracujá, pitaya, café, girassol, além de sistemas integrados.

Warley Nascimento, chefe geral da Embrapa Hortaliças, falou sobre as cultivares de hortaliças em exposição. Depois de visitarem a vitrine da Embrapa, os representantes das embaixadas conheceram tecnologias para pequenos produtores apresentadas no espaço da Emater-DF.

Também participaram do Dia Internacional da AgroBrasília o presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner; o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Marcel Moreira; o presidente da Emater-DF, Cleison Duval; e o Secretário de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal, Paco Britto.

 

Visitas internacionais

A vitrine de tecnologias da Embrapa recebeu outras visitas internacionais no dia 22 de maio. Uma comitiva da Guiana foi recebida pelo analista José Maria Camargos e pelo pesquisador Allan Kardec Ramos, da Embrapa Cerrados. O grupo manifestou interesse principalmente em soluções para a recuperação de pastagens degradadas, e o pesquisador apresentou as cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras desenvolvidas pela Empresa e parceiros.

Outra delegação, organizada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás e composta por 38 diplomatas das embaixadas da Arábia Saudita, França, India, Belarus, Hungria, Bolívia, Alemanha, Argentina, Chile, Israel, China e Nova Zelândia, foi atendida pelo supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Sérgio Abud e pelo analista Raul Rosinha, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

“A Embrapa fez 50 anos em 2023, e o que temos na vitrine são tecnologias para os 50+ anos. Elas devem ser usadas no sistema de produção para que possamos aumentar a produtividade por metro quadrado com o menor impacto ao meio ambiente e trazendo mais renda para toda a cadeira produtiva, além de integrarem outros sistemas de produção, como a produção de fibras, de bioenergia, de carne, entre outros”, disse Abud. 

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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