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Caravana de Grãos visita áreas de produção em Alagoas
A Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas – Seagri – promoveu a Caravana de Grãos na última quinta-feira, 27 de junho. A iniciativa foi da Comissão de Grãos, que tem a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal – entre as instituições idealizadoras. Produtores rurais, técnicos e pesquisadores da Embrapa percorreram cerca de 6,5 mil hectares, nos municípios de Campo Alegre, Limoeiro de Anadia e Anadia, em propriedades onde a monocultura da cana-de-açúcar abriu espaço para a produção de milho, soja, sorgo, feijão e algodão tecnificados.
“A Caravana é um momento de apresentação do alto nível tecnológico, da potencialidade e oportunidade que temos para a produção de grãos, com um mercado amplamente comprador, por dependermos da importação da grande maioria de grãos que consumimos, seja para alimentação humana ou animal”, afirma o presidente da Comissão de Grãos, Hibernon Cavalcante.
Cinco propriedades rurais foram visitadas. Além da diversificação de culturas, a tecnologia do plantio direto, utilizada em quase toda a área, atende à recomendação do Plano de Agricultura de Baixo Carbono – Plano ABC. A Caravana de Grãos também verificou, in loco, as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa que vêm atraindo o investimento de produtores tradicionais de estados como Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Sergipe para Alagoas.
“Estamos com um ensaio de competição de soja com 30 materiais, todos já testados em outras regiões e com indicativos de boa adaptabilidade, e outros dois materiais de lançamento. Além disso, temos um trabalho com genótipos de milho, que são testados em áreas maiores, e já apresenta vários indicativos de bons materiais. Tudo isso serve de termômetro para que os produtores possam investir melhor na próxima safra”, explica o pesquisador Embrapa Tabuleiros Costeiros, Antônio Santiago.
“Esse ano também estamos atuando na introdução de culturas que vêm sendo tropicalizadas, a exemplo do trigo, que conseguiu se adaptar, tem variedades para o Cerrado e pode ser uma possibilidade para a nossa região. Pensamos também em testar outros materiais, como cevada, que atenderia a um mercado crescente de cervejas artesanais”, acrescenta a coordenadora da Unidade de Execução de Pesquisa da Embrapa Tabuleiros Costeiros em Alagoas, Walane Ivo.
Desenvolvimento econômico
Para o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, este novo cenário da produção de grãos em Alagoas, provocado a partir de uma iniciativa da Federação em parceria com o Governo do Estado, amplia os horizontes para o agronegócio alagoano. “Diante da situação em que passa o do setor canavieiro, com grandes áreas disponíveis para outros cultivos, a Comissão de Grãos incentivou o plantio do milho, algodão, sorgo e, principalmente, da soja, que nós éramos importadores e agora podemos comprar a custo mais baixo. Este pode ser um grande colaborador da receita do Estado de Alagoas”, analisa.
“Está comprovado que Alagoas é área de produção de soja e isso é muito importante. Não é à toa que grandes empresários de outros estados estão se instalando aqui e entusiasmados com as condições que a nossa soja apresenta neste momento, de excelente qualidade, condição vegetativa e sanidade, principalmente. Temos tudo para nos tornarmos o grande produtor de soja no Nordeste”, vislumbra o vice-presidente da Faeal, Edilson Maia.
O paranaense Felix Simonetti começou a produzir soja e milho em Alagoas em março de 2018 e está satisfeito com os primeiros resultados. As expectativas para 2019 são as melhores. “Essa é uma região promissora, o ano passado nós chegamos atrasados, plantamos muito tarde, por conta da paralisação dos caminhoneiros, e ainda faltou chuva no final. Mas, este ano, plantamos na melhor época e o clima está ajudando”, observa.
A mesma expectativa vive o Grupo Santana, do Rio Grande do norte, que começou a plantar em Alagoas no mês de abril do ano passado e, hoje, produz milho, soja, sorgo, algodão e feijão numa área de 3.200 hectares. O plantio tardio e a necessidade de preparar o solo para novas culturas dificultaram os resultados em 2018, mas, agora, a expectativa é produzir cerca de 262,5 mil sacas de milho, 473,2 mil de soja, 16,6 mil sacas de sorgo; 5,4 mil de feijão; e 33,9 mil arrobas de algodão. “Este ano não precisamos mais preparar o solo, o inverno está bom e a nossa produção está compatível com a das outras regiões produtoras do país”, garante o presidente do Grupo Santana, Ivanilson Araújo.
O alagoano Everaldo Tenório decidiu cultivar soja há quatro anos e foi o primeiro produtor do litoral nordestino a exportar a matéria-prima. Nos últimos dois anos, toda a sua produção tem sido consumida pelo mercado interno, principalmente Pernambuco. Os investimentos tendem a melhorar os resultados produtivos. “Estamos produzindo próximo à média do Brasil, que é de cerca de 50 sacas por hectare. Este ano, utilizamos a melhor tecnologia, tudo foi plantado via GPS e já é uma cultura melhor, que deve produzir mais”, prevê.
*Texto original produzido por Álvaro Muller e publicado no portal do Senar/AL.
Edição de Saulo Coelho (Mtb/SE 1065)
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