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Trabalho de estagiário da Embrapa é selecionado em evento da Nasa
Foto: Arquivo pessoal
Daniel Lourenço (de camiseta preta) utilizou técnica de espectrorradiometria para detectar mineral em solo lunar.
A proposta do estagiário Daniel Lourenço, da Plataforma ABC da Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna (SP), foi uma das selecionadas para o evento Nasa Space Apps, ocorrido de 18 a 20 de outubro, no interior de São Paulo.
Lourenço é aluno do Instituto Federal de São Paulo, campus Salto, (IFSP) e seu trabalho é voltado à detecção remota de um mineral chave para exploração da Lua, a ilmenita. Para isso, ele utilizou um dos sensores já embarcados na espaçonave Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), que orbita o satélite da Terra.
O equipamento realiza o mapeamento com o uso de técnicas de espectrorradiometria. Ele faz uma leitura da resposta do alvo à energia eletromagnética em diferentes comprimentos de onda. Cada mineral apresenta uma resposta própria, o que é chamado de assinatura espectral.
29 mil participantes no mundo
O trabalho ficou entre os 60 escolhidos, de mais de 700 inscritos da região metropolitana de Campinas. No mundo, foram 29 mil participantes de 230 localidades em 80 países. Conforme o estudante, o estudo foi sobre um dos três desafios da categoria Nossa Lua, “Eeny, Meeny, Miney, Sample!”, o qual tinha como objetivo aumentar o valor científico e de engenharia de cada missão lunar humana, avaliando amostras lunares in situ antes ou durante a missão e coletando apenas as amostras ou partes de amostras de maior valor para a missão específica.
O objetivo da Nasa é estimular o raciocínio e a resolução de problemas por de casos reais. Lourenço diz que nunca imaginou que aprenderia tanto e solucionaria desafios tão complexos em apenas 48 horas, e já ter contato com equipamentos e métodos abordados no evento em sua rotina de estudos, segundo ele, ajudou muito.
Técnica também é usada na agricultura
Ele conta que a espectrorradiometria tem como um de seus principais impulsionadores justamente a necessidade de identificar minerais na Lua de maneira precisa e rápida sem a necessidade de equipamentos pesados ou processos químicos, inviáveis de serem transportados para fora da terra. Esse mesmo conjunto de técnicas é aplicada, por exemplo, no mapeamento de componentes de solo para a agricultura, representando redução de custos de manejo e real ganho de produtividade, comenta o orientador de Lourenço, o pesquisador da Embrapa Luiz Eduardo Vicente.
O cientista aplica os métodos espectrorradiométricos em sua linha de pesquisa voltada ao mapeamento remoto de minerais no solo e compostos bioquímicos em alvos como água e vegetação. Lourenço é estagiário vinculado a dois desses projetos: o Inovaflora e o BRS_Aqua (ambos financiados pelo BNDES e Embrapa), que tem como um de seus objetivos respectivamente o mapeamento de áreas de restauração vegetal na Amazônia utilizando sensoriamento remoto, e o desenvolvimento de sensores opto-eletrônicos de baixo custo para medidas da qualidade da água.
Ambas as aplicações têm como base, técnicas e métodos espectrorradiométricos. "Mesmo ainda estando na graduação, Lourenço e sua equipe mostraram-se perspicazes em absorver as orientações sobre a estratégia de investigação dos minerais, considerando a demanda e condições do problema e demonstrando uma excelente desenvoltura em soluções", destaca Vicente frisando que a iniciativa de se inscrever foi do próprio estagiário.
Mauro Sergio Braga, professor e co-orientador de Lourenço no IFSP, e que também faz parte da equipe de colaboradores dos dois projetos, destaca que a integração entre instituições como a Embrapa, eminentemente de pesquisa, com instituições de ensino é fundamental para o avanço da ciência. "O exemplo do Daniel Lourenço corrobora esse fato. É como parte dos resultados da parceria existente entre as instituições", considera Braga.
"Propostas de projeto, principalmente envolvendo desenvolvimento de ponta nem sempre possuem caminho suave. Mas eventos e parceiros como esse nos ajudam a dar visibilidade a questões técnico científicas de extrema importância", declara Vicente, "é fundamental dar aos novos talentos condições de continuar fazendo o que amam na ciência", acredita ressaltando que o trabalho ajudará a aprender a lidar com as pequenas rochas aqui na terra também. Lourenço agora vê a possibilidade de continuar a pesquisa durante um futuro mestrado.
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
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