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Seminário virtual discute uso de drone no mapeamento de palmeiras
Identificar espécies florestais em campo é uma atividade que exige tempo e esforço físico, principalmente na Amazônia. Com o uso de drones é possível localizar essas espécies em larga escala, de maneira aérea. Esse foi o tema do seminário online promovido pela Embrapa Acre, com o objetivo de apresentar e debater aplicações, desafios e soluções envolvendo o uso de drone com foco no mapeamento de palmeiras. Iniciado no dia 14 de maio, com transmissão ao vivo para 90 participantes, o evento virtual terá duração de duas semanas por meio da plataforma online de capacitações da Embrapa.
Segundo o analista Daniel Papa, responsável pela organização do seminário e mediador do debate, mapear os recursos florestais disponíveis em uma área é o primeiro passo para definir estratégias de manejo de espécies de interesse. “O inventário florestal em campo é uma atividade cara, em função da grande demanda por mão de obra e por ser um processo demorado e árduo. O uso de drone pode facilitar o trabalho tanto no manejo madeireiro como no extrativismo, uma vez que a ferramenta permite visualizar as espécies que atingem o dossel da floresta e as informações coletadas ajudam a estimar a população de espécies de forma mais ágil e com redução de custos”, explica.
O analista da Embrapa Acre destaca, ainda, que a quantificação do número de palmeiras é fundamental para o planejamento da safra pelas comunidades extrativistas e pode contribuir para a definição de técnicas de manejo e adoção de métodos para aumentar a produção. “Com o tempo, caso esse mapeamento seja aperfeiçoado com dados de campo ao longo de algumas safras, será possível o extrativista estimar a produção e utilizar essa informação como garantia para obtenção de crédito rural”, avalia.
Identificação de palmeiras
As palmeiras são espécies florestais largamente exploradas na Amazônia, para obtenção de palmitos, fibras e óleos para fins comerciais. Uma das mais conhecidas é o açaí, cultura que proporciona trabalho e renda para milhares de famílias nos diferentes estados da região. O Brasil concentra 250 espécies de palmeiras de um total de duas mil identificadas ao redor do mundo. No Acre são registradas 78 espécies, das quais 28 alcançam o dossel da floresta, isto é, chegam até a copa das árvores e podem ser demarcadas com o auxílio de drones.
Além do modo tradicional de identificação em campo, pela contagem individual das plantas, é possível conhecer a distribuição espacial em açaizais através da classificação e análise de imagens produzidas por equipamentos de sensoriamento remoto. Na opinião de Matheus Ferreira, professor do Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro (RJ) e palestrante do Seminário, além do baixo custo no mapeamento em larga escala, o uso de drones agrega outras vantagens como maior precisão na classificação do açaizeiro.
Junto com outras tecnologias automatizadas, como o Modelo digital de exploração (Modeflora), os drones integram um novo conceito que vêm modificando o trabalho em florestas tropicais, conhecido como "Manejo Florestal 4.0", que preconiza a produção florestal baseada na automação, geração, transmissão e tratamento de dados precisos na atividade.
O pesquisador da Embrapa Acre, Evandro Orfanó, ministrante da palestra sobre geotecnologias aplicadas ao setor florestal na elaboração de inventário e planejamento de manejo, explica que para captar imagens com qualidade de demarcação das copas é preciso estar atento a questões técnicas de configuração do drone. “Estamos trilhando os primeiros passos na definição do plano de manejo de cada espécie e há muito ainda a ser trabalhado para conhecer o seu potencial econômico”, diz.
Evandro Ferreira, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), enfatiza que além de questões técnicas de configuração do equipamento, a identificação de palmeiras demanda um conhecimento em botânica, especialmente em relação às folhas. “Vista de cima, a floresta parece um manto verde, quando na verdade existe uma diversidade de tipologias florestais no Acre e em outras localidades da Amazônia. Para identificar as palmeiras que atingem o dossel da floresta é preciso conhecer características próprias das folhas de cada espécie”, diz o pesquisador que também atuou como palestrante no evento virtual.
Mudança para o modo remoto
Planejado para ser oferecido de forma presencial, como atividade do Projeto Bem Diverso, o Seminário foi adequado para a plataforma digital, hospedado no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Embrapa, em função da necessidade de distanciamento social como medida de proteção contra o coronavírus. Essa é a primeira experiência da Embrapa Acre com capacitação realizada de forma remota. A etapa ao vivo do Seminário contou com palestras, chat interativo, sessão de perguntas e respostas e debate com os internautas. O fórum de aprendizagem permanecerá aberto até o dia 27 de maio, para acesso aos conteúdos e troca de conhecimento.
Para Eufran Amaral, chefe-geral da Unidade, as atividades online são uma forma de superar o isolamento físico decorrente da pandemia do coronavírus. “Nesse momento histórico, buscamos alternativas para continuar atuando na transferência de tecnologias e uma das soluções viáveis é o uso de plataformas virtuais. Tenho certeza que encontros como esse geram efeitos positivos e o principal resultado é a transferência efetiva de conhecimentos. Além disso, os eventos online permitem contemplar um número maior de participantes, em relação à modalidade presencial”, avalia o gestor.
Conteúdos disponíveis
O conteúdo do Seminário está disponível na vitrine de capacitações online da Embrapa (e-Campo), espaço destinado à divulgação de cursos, seminários, palestras e outros eventos oferecidos à distância, a distintos públicos e em linguagem didática. Segundo Alessandro Cruvinel, gerente de acesso a mercado da Secretaria de Inovação e negócio (SIN) da Embrapa (Brasília-DF), o e-Campo representa um meio eficiente para inclusão tecnológica e atendimento de demandas em diferentes segmentos produtivos.
“A ferramenta possibilita o amplo compartilhamento de resultados de pesquisas e de tecnologias geradas pela Embrapa e instituições parceiras, com a rapidez que só os meios digitais possibilitam, democratizando o acesso ao conhecimento e com a vantagem de revisitar as temáticas abordadas a qualquer tempo. Temos observado um aumento no número de inscrições na ordem de 400%, o que indica que essa forma de transferência de tecnologias veio para ficar”, afirma.
Bem Diverso
O Projeto Bem Diverso investe em ações para a conservação da biodiversidade e manejo sustentável dos recursos naturais em áreas de florestas e sistemas agroflorestais em seis Territórios da Cidadania, localizados nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga. Fruto da parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é executado com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa busca assegurar renda para populações tradicionais e agricultores familiares, visando à melhoria da qualidade de vida nas comunidades rurais.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
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