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Pesquisa sobre redução de açúcar em industrializados recebe Prêmio Capes de Tese
No último dia 7 de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou novo regulamento sobre rotulagem de alimentos, que estabelece a inserção de alertas frontais, mudanças na tabela nutricional e orientações quanto às alegações. Alinhada ao debate público sobre o tema, uma tese desenvolvida sob a orientação de uma pesquisadora da Embrapa recebeu menção honrosa no 15º Prêmio Capes de Tese, concedido às melhores teses de doutorado defendidas em 2019. Concorreram ao prêmio os trabalhos oriundos de todos os programas de pós-graduação do país.
A autora Mayara Freitas Lima desenvolveu a pesquisa sobre rotulagem nutricional frontal e reformulação de alimentos como estratégias para redução do consumo de açúcar pelo público infantil pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A orientação foi da pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos Rosires Deliza, e coorientação do pesquisador Gastón Ares, da Universidad de La República (Udelar) do Uruguai.
“A inclusão de modelos de rotulagem nutricional frontal facilita a identificação de alimentos não saudáveis por crianças e adultos, contribuindo para a redução do consumo e a modificação dos hábitos alimentares da população a longo prazo”, afirma Mayara. Os dados da pesquisa também revelaram que a redução gradual das concentrações de açúcar em suco de uva foi a estratégia de reformulação mais adequada, porque causou menor modificação na percepção hedônica e sensorial das crianças.
Para chegar a essa conclusão, ela conduziu cinco estudos entre outubro de 2016 e abril de 2018 com mais de mil crianças na faixa etária de 6 a 12 anos, sendo que em três também houve a participação dos pais. Em uma das abordagens mais inovadoras, as crianças foram instruídas a selecionar emojis (representações gráficas comumente usadas em conversas on-line) para descrever suas emoções em relação ao consumo de determinados alimentos na presença e ausência de alertas nutricionais frontais.
Obesidade infantil
Segundo dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2018, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, a partir de cinco anos de idade, em todos os grupos de renda e regiões brasileiras. Nesse sentido, a adoção de estratégias como o uso de rotulagem nutricional frontal em alimentos industrializados pode contribuir para a redução do que alguns especialistas consideram uma pandemia global.
“Estudos conduzidos em diversos países do mundo apontam que o uso de rotulagem nutricional frontal reduz a ingestão de alimentos ricos em açúcar, sódio e gordura pela população, diminuindo os índices de obesidade a médio e longo prazos, especialmente entre o público infantil”, aponta a pesquisadora Rosires Deliza, que orientou a pesquisa que recebeu a menção honrosa.
Os resultados obtidos pela tese inspiraram Rosires a submeter proposta ao edital conjunto da Anvisa e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a qual foi aprovada, e os resultados forneceram subsídios para a nova normativa da Anvisa (RDC-429). A pesquisa, que reforça as contribuições da Embrapa às políticas públicas alimentares no país, foi divulgada recentemente pela Agência Embrapa de Notícias. Confira aqui.
Aline Bastos (MTb 31.779/RJ)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
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