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Lopes e Paolinelli debatem no Senado Federal futuro da produção agrícola
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Ex-presidente da Embrapa Maurício Lopes participou de audiência na comissão Senado do Futuro
O ex-presidente da Embrapa, Maurício Lopes, atualmente pesquisador da Embrapa Agroenergia, e o ex-ministro da Agricultura e candidato ao Prêmio Nobel da Paz 2021, Alysson Paolinelli, debateram “O futuro da produção agrícola” em audiência pública convocada pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), realizada na Comissão Senado do Futuro nesta sexta-feira, 11 de junho.
Lopes iniciou sua apresentação afirmando que alguns problemas da agricultura foram exacerbados pela pandemia de Covid-19 e que, sendo o Brasil um grande “player” mundial na produção agrícola, é fundamental pensar que trajetória a agricultura brasileira deverá adotar no horizonte de 2030 e em horizontes mais longínquos. "O Brasil precisa manter a sua contribuição ao sistema alimentar global”, disse.
Tendo boa parte de seu território localizado no chamado “cinturão tropical”, região do globo terrestre situada entre os trópicos de câncer e capricórnio, o Brasil é, segundo Lopes, um País com abundantes recursos naturais, mas também grandes desafios. O pesquisador afirmou que, se no início, a preocupação era com a expansão das terras agricultáveis e com a competitividade entre as nações, hoje as palavras de ordem são sustentabilidade e multifuncionalidade.
Lopes também enfatizou a agenda global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 para um horizonte até 2030. Para o pesquisador, nenhuma outra atividade humana tem tanta correlação com os ODS do que a agricultura.
“Precisamos olhar com sabedoria para esses desafios e fortalecer o protagonismo da agricultura brasileira no presente e no futuro”, disse Lopes, destacando que é preciso descarbonizar a agricultura brasileira para também responder aos desafios trazidos pelas mudanças climáticas.
Nexos e ESG
Dois conceitos relacionados ao futuro da agricultura foram trazidos por Lopes para o debate. O primeiro deles, o de “nexo”, refere-se à interrelação entre aspectos que não podem ser pensados separadamente. Um exemplo citado por Lopes foi o nexo entre água, energia, alimento e clima. O pesquisador também afirmou que o Brasil está criando um novo nexo que vai marcar a agricultura, o nexo Lavoura-Pecuária-Floresta. “A agricultura do futuro precisará mimetizar a natureza, que está evoluindo há milhões de anos”, disse.
Outro conceito trazido por Lopes para o debate foi o ESG, em inglês Environmental, Social and Governance. Segundo o pesquisador, trata-se do nexo existente entre meio ambiente e os aspectos social e de governança de um país. Sobre este aspecto, Lopes parabenizou o parlamento brasileiro pelos avanços obtidos na agenda ambiental. “Uma boa notícia é que o Brasil tem avançado muito na construção de políticas públicas e de uma agenda ambiental robusta”, disse, citando como exemplos o Código Florestal, a Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e o RenovaBio.
O ex-presidente da Embrapa também falou do arsenal de boas práticas adotadas pela agricultura brasileira, como o plantio direto na palha, a construção de fertilidade para solos antes pobres e ácidos e o potencial para a produção de bioinsumos. “Com esse modelo de produção, o Brasil pode viabilizar a produção carbono neutro. Um exemplo disso é o modelo de produção de carne carbono neutro desenvolvido pela Embrapa, que já fechou acordo com várias empresas para implementá-lo”, afirmou.
A nova economia emergente
Para Maurício Lopes, a agricultura do futuro será baseada em sistemas biológicos, e as fazendas do futuro poderão se transformar em biorrefinarias, realidade que já pode ser observada em propriedades que transformam resíduos em biogás, por exemplo.
Possíveis transformações radicais foram citadas por Lopes como uma nova maneira de se produzir alimentos, avanços promovidos pelo avanço exponencial da ciência. Fazendas verticais urbanas, edição de genomas e energias renováveis de baixo custo foram exemplos trazidos pelo pesquisador.
Para finalizar, Lopes afirmou que o consumidor será o grande arquiteto das mudanças na agricultura do futuro. “Nosso planeta é finito, mas a criatividade e a inovação são infinitas”.
Paolinelli diz que Embrapa investe em bioeconomia
Ex-ministro da Agricultura na década de 1970 e atualmente diretor da Abramilho, o engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli, candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 2021 por sua relevante contribuição à agricultura mundial, lembrou que a Embrapa está fazendo investimentos maciços para o desenvolvimento da bioeconomia. “Eles sabem que através disso nós vamos mudar o processo de geração de recursos, nós vamos mudar todas as nossas iniciativas a começar pelo processo industrial”, disse Paolinelli.
Ele ressaltou que, com as soluções que os pesquisadores da bioeconomia vão oferecer, “o Brasil terá uma mudança excepcional”. Paolinelli lembrou que o Brasil é o país mais rico em recursos biológicos do mundo. “O Brasil hoje é o grande repositório dos recursos naturais que o mundo deseja”, afirmou.
Ainda assim, o ex-ministro enfatizou que não se pode perder de vista as mudanças que são necessárias para dar ao Brasil independência na produção de insumos químicos, que custam anualmente ao País cerca de 37,5 bilhões de dólares por ano.
“A indústria brasileira, por meio da biotecnologia, está processando mudanças e conceitos no setor agrícola que vão nos dar novas referências, processos e soluções para a agricultura brasileira”, disse.
A audiência pública “O futuro da produção agrícola” pode ser assistida neste link.
Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia
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