A importação de fertilizantes no Brasil responde por cerca de 75% do consumo nacional (ANDA, 2019), fato que representa um grande desafio para a competitividade da agricultura brasileira especialmente no cenário atual de desvalorização da moeda e desequilíbrio da balança comercial. A previsão de aumento no consumo de fertilizantes no país foi estimada em 5,7% ao ano, no entanto, no cenário atual, essa elevada dependência externa pode comprometer as perspectivas de aumento na produção e na produtividade agrícola brasileira, responsável por 30% do PIB do país. Um dos nutrientes que apresenta elevada resposta na recuperação de pastagens degradadas é o fósforo (P) que pode ser adicionado ao solo em diferentes formulações. Existem vários fatores que interferem na disponibilidade de P no solo, incluindo os fatores ambientais que controlam a atividade de microrganismos que imobilizam ou liberam os íons ortofosforados, as propriedades físico-químicas e mineralógicas do solo. A possibilidade de uso de outro fertilizante associado para melhorar a disponibilidade de P na solução do solo pode ser interessante. O silício (Si) tem sido estudado como uma possibilidade de melhorar a disponibilidade de P na solução do solo devido à semelhança do ânion silicato (H3SiO4-) com fosfato (H2PO4-). Hoje estão disponíveis numerosas formas de fertilizantes de silício que promovem alterações no solo. Existem fontes naturais de silício, como diatomita, escórias ricas em silício (que são usadas como fertilizantes de silício) e fertilizantes líquidos à base de silício. Acredita-se que, com a associação dos dois nutrientes no grânulo, pode-se modificar a solubilidade do fertilizante fosfatado e, portanto, minimizar a exposição do P com as superfícies adsorventes e ainda fornecer o Si que pode competir com os sítios de adsorção de P no solo. Estudos em condições de laboratório e casa de vegetação são essenciais para permitir o entendimento dos processos físico-químicos envolvidos na relação Si-P adicionados às misturas fertilizantes e ao solo, servindo de base para o desenvolvimento de novas formulações que promovam o reaproveitamento destes resíduos ricos em silício e a nutrição fosfatada das plantas. O objetivo do trabalho é desenvolver bases tecnológicas para a produção e validação de fertilizante multinutrientes farelado, usando resíduos de siderurgia ricos em Si, a partir de um produto já previamente aprovado pelo MAPA para uso agrícola, adicionado de fontes de fósforo em pastagens, prioritariamente. Os experimentos serão conduzidos em condições de laboratório e casa de vegetação para avaliação inicial de eficiência. Produtores rurais poderão utilizar essa fonte alternativa de fertilizante multinutriente contendo silício, magnésio e fósforo, especialmente em solos sob pastagens, aumentando a produtividade e contribuindo para a recuperação dessas áreas.
Objetivo Geral:Desenvolver bases tecnológicas para a produção e validação de fertilizante multinutrientes farelado, usando resíduos de siderurgia ricos em Si, a partir de um produto já previamente aprovado pelo MAPA para uso agrícola, adicionado de fontes de fósforo em pastagens, prioritariamente.

Objetivos Específicos1) Realização de análise físico-química dos resíduos de siderurgia ricos em Si e diferentes fontes de P;2) Produção de fertilizante a partir resíduo de siderurgia adicionado com diferentes fontes de P;3) Realização de análises laboratoriais e de casa de vegetação para determinação da composição iônica das soluções do solo contendo os fertilizantes produzidos;4) Realização de análises laboratoriais para determinação do comportamento do novo fertilizante, como envelhecimento de fósforo no solo, capacidade máxima de adsorção de P no solo e liberação do P dos fertilizantes;5) Realização de ensaio agronômico em casa de vegetação com a finalidade de avaliar o potencial de uso agrícola do fertilizante produzido, como fonte de Si + P;