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AgroTag e Geocis/Esalq consolidam parceria com mapas de carbono inéditos
A parceria entre a Plataforma AgroTag da Embrapa e o grupo Geocis/Esalq foi oficializada durante o “XXIII Congresso Latino-americano de Ciência do Solo e XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo”, evento internacional de referência na área, realizado em Florianópolis entre 30 de julho e 4 de agosto.
A primeira ação é a incorporação da coleção de dados de componentes de solos Geocis ao sistema AgroTag, o que torna esse evento o local ideal para o lançamento dos produtos. Agora, os dados podem ser acessados diretamente no sistema AgroTag. Essa coleção é constituída de 40 bases de dados em forma de mapas digitais, informações incluindo mineralogia dos solos do Brasil (por exemplo, caulinita, goethita), teores de argila, bem como os de carbono e estoque de carbono, com uma resolução de 30 metros.
Segundo o professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e coordenador do grupo Geocis, José Alexandre Demattê, "esses dados são inéditos tanto pelo seu conteúdo quanto pela escala, permitindo ações em nível de propriedade. A geração desses dados foi baseada em algoritmos de aprendizado de máquinas e espectroscopia de reflectância, validados por dados de campo e trabalhos de pedologia nos últimos 30 anos, culminando num sistema de mapeamento via satélite".
Um dos principais objetivos da parceria é utilizar a robustez e segurança do AgroTag, além de sua capilaridade junto aos mais diversos tipos de usuários, especialmente do setor agrícola. A ideia é disponibilizar esses dados para a sociedade. Demattê destaca que informações sobre solos em larga escala são uma demanda estratégica no Brasil, considerando a defasagem dos mapeamentos oficiais de solos. Não há como aumentar a produtividade sem conhecer o solo.
Portanto, a iniciativa de mapeamento em larga escala e a integração com sistemas online para sua utilização representam um grande avanço para o setor de mapeamento de solos, influenciando diretamente na formulação de políticas públicas, no setor privado e na produção agrícola sustentável. Isso implica em redução de custos, aumento de precisão e constituição de uma linha de base para detalhamentos de campo, alinhando-se com a proposta do Pronasolos (Programa Nacional de Solos do Brasil), como comenta o pesquisador da Embrapa e um dos coordenadores do projeto AgroTag, Luiz Eduardo Vicente.
O AgroTag disponibiliza dados gerados tanto pela equipe da Embrapa quanto por parceiros, como o IBGE (por exemplo, dados socioeconômicos), a Nasa (por exemplo, imagens de satélite) e o Serviço Florestal Brasileiro (por exemplo, dados do cadastro ambiental rural - CAR). Todos os dados referenciam as fontes originais por meio de uma estrutura de metadados, como destaca Luciana Spinelli Araujo, pesquisadora da Embrapa e uma das coordenadoras do projeto AgroTag. “Todos os dados Geocis possuem, além do dado em si, uma descrição de referência bibliográfica, com publicações técnico-científicas que detalham o método e validam os resultados, o que é considerado um diferencial da coleção Geocis”, explica Spinelli.
Vicente explica que os dados de carbono orgânico no solo, por exemplo, disponibilizados em larga escala para o território nacional, possuem extrema importância em processos de monitoramento da mitigação de efeitos das mudanças climáticas através da implantação da chamada agricultura de baixo carbono em propriedades rurais, mas agora sobretudo estabelecer um marco inicial e provocativo nos métodos de medidas de carbono em larga escala. Medidas de carbono orgânico no solo como são feitas atualmente são caras e demoradas, algo que não se enquadra nas necessidades de um país de dimensões continentais como o Brasil. Métodos como os que geraram os mapas Geocis representam a fronteira do conhecimento no mapeamento de grandes áreas a baixo custo, destaca Vicente.
Com o AgroTag, considerando que a plataforma envolve a possibilidade de coleta e análise de dados em campo, abre-se um grande leque de possibilidades para o cruzamento entre dados das propriedades em campo, e os dados Geocis, auxiliando diretamente na validação e melhoria da precisão dos parâmetros de solo. Um levantamento típico de solo pode ter sua quantidade de amostras consideravelmente reduzida com o uso consorciado de mapas e dados de campo, reduzindo custos e aumentando a rapidez de resultados, concordam os pesquisadores do projeto.
Os dados de solos disponibilizados vão impactar diretamente no sistema agrícola como as denominadas zonas de manejo, agricultura de precisão, determinação do potencial produtivo da terra, reforma agrária, entre outros. Os próximos passos envolvem a continuidade da disponibilização de informações pelo projeto Agrotag através da parceria com o grupo Geocis.
AgroTag
É o primeiro aplicativo multitarefa da Embrapa voltado para coleta e análise de dados geoespaciais de campo. A plataforma AgroTag é formada de app para dispositivos móveis (sistema Android), e sistema de mapas on-line em ambiente WebGis. Um dos grandes diferenciais da iniciativa deste sisitema é que a coleta de dados se dá na forma de uma grande rede colaborativa (crowdsourcing), onde o usuário coleta dados e recebe informações importantes para seu uso, entre eles a gestão da propriedade. Atualmente, a plataforma AgroTag conta com nove módulos, atendendo diferentes cadeias produtivas, sendo que um deles é aberto e totalmente acessível ao público em geral.
Geocis
O grupo de Geotecnologias em Ciências do Solo (Geocis), busca avaliar, testar e desenvolver metodologias, por meio de geotecnologias, que auxiliem no conhecimento do solo. Tem por objetivo estudar as geotecnologias não somente como ferramenta, mas como ciência, e sua inter-relação com solos. No aspecto solos, interage nas mais diferentes áreas como fertilidade, química, mapeamento, erosão, conservação, mineralogia, física e biologia. Tem aspecto multi/interdisciplinar, atuando conjuntamente com profissionais de diferentes áreas de atuação e instituições e objetiva estabelecer-se na vanguarda das bases da pedologia estudada pelas geotecnologias.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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