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03/11/14 |   Produção animal

Pecuária sustentável do Pantanal reúne representantes dos setores produtivos da carne

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Foto: Raquel Brunelli

Raquel Brunelli - Carne produzida de forma sustentável despertou o interesse de empresas do setor

Carne produzida de forma sustentável despertou o interesse de empresas do setor

A produção pecuária desenvolvida na região da Planície Pantaneira, que alia o desenvolvimento econômico com a preservação da cultura local, da biodiversidade e dos recursos naturais, despertou o interesse de um grupo de representantes de diversos segmentos especializados em produção e comercialização de alimentos orgânicos e sustentáveis durante o "Dia de Campo pecuária Sustentável do Pantanal na Prática", promovido pela Embrapa Pantanal e parceiros.

O evento, realizado no dia 30 de outubro na fazenda São José localizada a 50km do município de Aquidauna (MS), reuniu um grupo de produtores rurais da região pantaneira, pesquisadores, membros de organizações não governamentais (ONGs) ambientais com representantes de instituições financeiras e empresas do setor alimentício que tiveram a oportunidade de conhecer, na prática, o funcionamento da cria e recria de bovinos em uma fazenda certificada para produção de carne sustentável e orgânica.

Software para sustentabilidade

"Durante o evento, a Embrapa Pantanal apresentou a tecnologia Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), ferramenta para avaliação e monitoramento da sustentabilidade das fazendas pantaneiras desenvolvida por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Embrapa Pantanal e Embrapa Informática Agropecuária. A pesquisadora responsável pelo projeto, Sandra Aparecida Santos explicou aos presentes como o software foi desenvolvido e suas inúmeras aplicações.

 "Após dez anos de estudos definimos os principais aspectos a serem considerados na avaliação da sustentabilidade de uma fazenda pantaneira dentro das dimensões ambientais, econômicas e sociais. Para cada aspecto foram definidos indicadores práticos e holísticos que são obtidos no campo e imagens de satélite. Os dados obtidos são processados em planilhas e serão inseridos no software FPS, que por meio da tecnologia fuzzy apresenta resultados numa escala de um a dez ou classes pré-definidas como Bom, Regular e Ruim na forma de gráficos em radar. Nestes é possível avaliar os pontos da propriedade que precisam ser melhorados ou adequados para atender aos padrões exigidos pelo mercado para que uma fazenda seja considerada sustentável".  Além da avaliação da sustentabilidade dentro da fazenda, a ferramenta também avalia indicadores relacionados com políticas públicas como vias de acesso, comunicação, educação, saúde, entre outros.

Segundo a pesquisadora, com o software o produtor também possui a possibilidade de obter uma certificação. "A ideia é que a carne originária do Pantanal seja valorizada pelo mercado, já que ela tem um grande diferencial: é produzida em um sistema próximo do natural, com base em pastagens nativas que contribui para a conservação do meio ambiente".

Mercado

A outra palestra apresentada durante o evento foi a de Reginaldo Morikawa, diretor Superintendente da Korin, empresa que produz e distribui produtos naturais e orgânicos, e que já está revendendo carne sustentável produzida no Pantanal. Durante sua fala, Reginaldo apresentou as diretrizes e fundamentos da empresa e sobre o mercado de carne sustentável e orgânica, que de acordo com os dados obtidos pela empresa, cresce a cada dia.

"Temos notado que a resposta do consumidor em relação à carne sustentável e orgânica é muito boa e percebemos uma carência no mercado para este público exigente. A carne produzida nas fazendas da região do Pantanal vem suprir uma lacuna existente atualmente:  um produto saudável e de qualidade, com apelo ecológico e social.  A nossa empresa veio neste dia de campo em busca de potenciais fornecedores desta carne: o pecuarista pantaneiro", revelou Morikawa. 

A Korin já é empresa parceira da Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO) e do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) .

Certificação

O atual presidente da ABPO, Nilson de Barros, conta que a conversão das propriedades para estarem aptas à certificação tanto Sustentável como Orgânica é fácil, pois a pecuária praticada no Pantanal já é uma produção sustentável: "Os pecuaristas já produzem gado na região há mais de 270 anos e o Pantanal possui aproximadamente 80% de sua vegetação preservada. A diferença seria a certificação, que é auditável por uma certificadora reconhecida internacionalmente com cadastro no Ministério da Agricultura. Com ela o produtor pode comprovar que a carne que ele produz provém de uma fazenda Pantaneira sustentável, ou Orgânica".  

Ainda segundo o presidente da ABPO, atualmente, 18 propriedades fazem parte da Associação e destas seis já fornecem carne sustentável orgânica certificada para empresas do ramo alimentício. "Com o aumento da demanda de mercado acreditamos que mais produtores rurais do Pantanal terão o interesse em adaptar suas fazendas para uma produção certificada de carne sustentável".

Projeto Pecuária Sustentável e Orgânica do Pantanal

Segundo Urbano Gomes, pesquisador responsável pelo projeto de pesquisa, o "Dia de campo pecuária sustentável pantaneira na prática" teve como principal objetivo apresentar, fomentar e divulgar a principal atividade econômica desenvolvida na região e também as pesquisas e trabalhos desenvolvidas pela Embrapa Pantanal na região junto aos produtores rurais. 

"Em 2011 os pesquisadores da Embrapa Pantanal, juntamente com parceiros da ABPO e WWF, deram início as pesquisas relacionadas a produção de pecuária orgânica e sustentável no pantanal. Ao longo desses três anos foram realizados estudos de casos de implantação e desenvolvimento desses sistemas no Pantanal, com levantamento de custos e análises dos pontos que apresentam necessidade de pesquisa analítica".

O evento foi uma realização da Embrapa Pantanal e ABPO e conta com o apoio do GTPS, WWF e Korin.

Raquel Brunelli d'Avila (DRT/MS 113)
Embrapa Pantanal

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