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BRS Sena - Pesquisa desenvolve o primeiro híbrido nacional de tomate para processamento industrial
O projeto "Introdução de híbrido nacional de tomate indústria na cadeia produtiva" teve início em setembro de 2010 na Embrapa Hortaliças, fruto de um projeto de Macroprograma 4. De lá para cá, os trabalhos envolveram inúmeros testes em casas de vegetação e em campo, sendo que a sua validação, isto é, a comprovação de suas principais características, foi realizada em propriedades agrícolas dos estados de Goiás e Minas Gerais, tendo como referências os principais híbridos de tomate para processamento industrial plantados no País atualmente.
De acordo com a pesquisadora Alice Quezado, coordenadora do projeto, a concepção do novo tomate implicou em um intenso processo de avaliação de combinações híbridas de diversas linhagens avançadas, desenvolvidas no âmbito dos projetos de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, onde se destaca o importante papel desempenhado pelo agrônomo Ossami Furumoto, à época pesquisador da Unidade.
"Após algumas avaliações iniciais dessas combinações híbridas junto ao setor produtivo, elegeu-se o híbrido BRS Sena por ele integrar características buscadas pelo setor, visando a ampliação das observações em termos de local, área e empresa processadora, trabalho que foi o foco principal do projeto", registra Alice.
Nos testes a que foi submetido em diferentes áreas de produção, o híbrido mostrou tolerância a um dos principais problemas da tomaticultura industrial: o begomovírus, responsável por significativas perdas de produção e que é transmitido pela mosca-branca, de difícil controle. Além da begomovirose, o BRS Sena mostrou também certa tolerância à mancha-bacteriana. "Quando da avaliação do seu desempenho, em diferentes épocas e regiões, foi verificado um melhor comportamento do tomate BRS Sena, com relação a essas duas doenças", anota a pesquisadora.
As expectativas confirmadas resultaram na oferta do novo material. Por não existir no Brasil material disponível com essas características combinadas, tudo leva a crer que a entrada no mercado do primeiro híbrido de tomate indústria nacional vai contribuir para dinamizar a cadeia produtiva, atualmente dependente apenas de material genético desenvolvido fora do País. De fato, a cadeia produtiva tem dado destaque ao plantio da nova variedade nos plantios de início da safra, justamente quando se tem verificado maior pressão de ocorrência conjunta da begomovirose e da mancha-bacteriana.
Além da boa atuação frente às doenças, o novo híbrido também tem mostrado bom desempenho na colheita mecanizada, firmeza e valores de brix adequados ao transporte e ao processamento, respectivamente. Possui ainda resistência aos fungos Fusarium oxysporum f.sp. lycopersici raças 1 e 2, e Verticillium dahlie raça1; aos nematoides-das-galhas Meloidogyne incognita e M. javanica; e à bactéria Pseudomonas syringae pv. Tomato, raça 0 que causa a pinta-bacteriana.
Lançamento
O BRS Sena foi formalmente apresentado à cadeia produtiva de tomate indústria durante o VI Congresso Brasileiro de Tomate Industrial, realizado em Goiânia, Goiás, no período de 28 a 30 de novembro de 2012. Até chegar ao lançamento propriamente dito, o desempenho do novo híbrido foi avaliado por produtores em diversos municípios goianos e no norte de Minas Gerais, incluindo Morrinhos (GO) e Manga (MG), onde foram também realizados dias de campo em setembro de 2012.
A escolha dos municípios em Goiás e Minas Gerais para sediarem os dias de campo deu-se, segundo a pesquisadora, em razão de constituírem áreas importantes de cultivo de tomate para processamento com diferentes perfis edafoclimáticos. "São áreas de produção e qualidade significativas e onde contamos com a contribuição de ótimos parceiros, que nos ajudaram a avaliar melhor o comportamento do material ante outras variedades de tomate plantadas", salienta.
A importância desses eventos, segundo a pesquisadora, está no fato de representarem uma oportunidade para discutir as características do novo material com os principais interessados, no caso específico do BRS Sena, os produtores e os técnicos das empresas processadoras.
"Não apenas no caso do híbrido de tomate BRS Sena, mas em todos os materiais desenvolvidos pela pesquisa, o contato com os produtores e técnicos possibilita identificar as demandas que vão nortear os novos projetos e, assim, chegar o mais perto possível das necessidades da cadeia produtiva de hortaliças", observa Alice.
Sementes: produção e comercialização
Apontado como um gargalo pelos produtores interessados nos materiais lançados, no caso do tomate BRS Sena, o suprimento de sementes para as próximas safras deverá ser assegurado pelo licenciamento da empresa Eagle Flores, Frutas & Hortaliças para produzir e comercializar as sementes da nova cultivar.
O licenciamento foi realizado pela Embrapa Produtos e Mercado (SPM), que atua na produção, promoção, comercialização e licenciamento de sementes e mudas das cultivares desenvolvidas pelas Unidades de pesquisa, sendo responsável pela inserção no mercado das novas tecnologias desenvolvidas. Segundo a pesquisadora, a empresa selecionada é referência na tomaticultura nacional, o que representa um fator bastante positivo para um segmento que até então não dispunha de um material desenvolvido no Brasil.
"Paralelamente ao fato de contarmos com pouca oferta de variedades de tomate para processamento, a maioria dos plantios é feita com três a quatro variedades, que não foram originalmente desenvolvidas para as condições de cultivo no País, o que significa pouca opção para tantos problemas vivenciados pelos produtores", avalia.
Na fase atual, com o objetivo de verificar e/ou indicar a necessidade de ajustes envolvendo questões de irrigação, adubação e arranjo espacial relacionados ao novo híbrido, um novo projeto foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), coordenado pelo professor Adelmo Golynski, do Instituto Federal Goiano (IFG), campus Morrinhos (GO), em parceria com a Embrapa Hortaliças. "Nosso objetivo é determinar quais os melhores e mais eficientes tratos culturais para que o material expresse o seu melhor potencial em meio a diferentes condições", sublinha a pesquisadora Alice Quezado.
Anelise Macedo (2.749/DF)
Embrapa Hortaliças
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