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Embrapa e Instituto Agropólos estudam viabilidade do cultivo de amendoim em consórcio com cana-de-açúcar
Foto: Paulo Lanzetta
O amendoim já é bastante utilizado na renovação de canaviais no Estado de São Paulo
A Embrapa Algodão firmou no mês de março um acordo de cooperação técnica com o Instituto Agropolos do Ceará para avaliar o sistema de produção do amendoim em consórcio e, ou em rotação de culturas para renovação de canaviais, em condições de irrigação na região Semiárida do Nordeste. O experimento já foi instalado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em Barbalha, CE, onde serão testadas diversas composições de plantio tais como cana-de-açúcar, amendoim e feijão caupi em sistema convencional (culturas isoladas), cana-de-açúcar com amendoim e cana-de-açúcar com feijão-caupi.
O pesquisador da Embrapa Algodão Tarcísio Gondim explica que a escolha das culturas do amendoim e feijão para consórcio ou rotação com cana-de açúcar se deve ao fato de que essas culturas têm capacidade de fixação biológica de nitrogênio. “No solo, esse nutriente será posteriormente absorvido pela cana-de açúcar, o que pode resultar em ganhos de produtividade e melhoria da fertilidade do solo”, afirma.
Outros benefícios apontados pelo pesquisador são o aumento de matéria orgânica no solo, com os restos culturais do amendoim, maior proteção do solo contra a erosão, redução das plantas daninhas e quebra no ciclo de pragas.
Ele relata que o amendoim já é bastante utilizado na renovação de canaviais no Estado de São Paulo, maior produtor brasileiro desta oleaginosa, onde se tem ganhos em produtividade e aumento da longevidade dos canaviais. “A ideia é trazer esses benefícios para a região Semiárida, especialmente, nas áreas de canaviais irrigados, a começar pelo Cariri cearense”, conta. “Nas demais áreas, onde a cana-de-açúcar é cultivada em sequeiro e as chuvas são fator limitante, o consórcio cana-de-açúcar e amendoim pode ser uma alternativa eficiente”, acredita.
Segundo dados do IBGE, o estado do Ceará tem uma área cultivada de 13.854 hectares de cana-de-açúcar, sendo 6.475 hectares irrigados. Já o amendoim é cultivado em apenas 700 hectares no Estado e aproximadamente 70% desta área fica no Cariri cearense. Esta região já foi destaque na produção canavieira para produção de rapadura e cachaça por engenhos nos municípios de Barbalha, Crato, Missão velha entre outros. “Boa parte da região onde hoje é cultivada a cana-de-açúcar no Cariri tem solo arenoso, que é uma característica muito importante para a cultura do amendoim”, observa.
Alternativa para a agricultura familiar
O técnico da Embrapa Algodão Ramon Vasconcelos vê no consórcio uma oportunidade de gerar renda extra para a agricultura familiar em um curto período de tempo. “O amendoim tem ciclo curto e pode incrementar a renda do produtor em apenas 90 dias, enquanto a colheita da cana ocorre apenas 12 meses após o plantio”, afirma.
Além do tradicional amendoim verde cozido, muito apreciado com aperitivo na região, serão testadas outras formas de aproveitamento das culturas, como a rapadura com amendoim.
O acordo prevê ainda capacitar agricultores familiares e suas organizações, agroindústrias e técnicos agrícolas em diversas atividades que vão desde o plantio, produção, beneficiamento da matéria-prima e comercialização. As capacitações acontecerão no Campo Experimental de Barbalha, nas Unidades de Demonstração das culturas, e na Fábrica Escola de Processamento de Cana de Açúcar do Cariri do Instituto Agropolos.
O coordenador da Fábrica Escola de Processamento de Cana de Açúcar do Cariri Alexandre Cortez considera que o resgate e produção da cana-de-açúcar na região precisa estar sintonizado com a preservação da biodiversidade. "Os resultados do campo experimental irão fornecer subsídios técnicos que apontarão caminhos para os sistemas convencionais de produção", afirma.
A previsão é que em junho já seja possível avaliar parcialmente os benefícios do consórcio. “Nós vamos avaliar as produtividades do amendoim, do feijão e o crescimento da cana, observar se houve competição entre as plantas, o volume de matéria seca que será deixado no solo, e também estudar a viabilidade econômica do sistema”, adianta Tarcísio Gondim.
Edna Santos (MTB-CE 01700)
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