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Pesquisa, políticas e setor produtivo ampliam adoção de tecnologias poupa-terra
Foto: Divulgação Rede ILPF
Pesquisas coordenadas pela Rede ILPF comprovam que é possível aumentar a produtividade agropecuária sem expandir a área de produção
Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são eficientes para aumentar a produtividade agropecuária sem expandir a área plantada, com sustentabilidade econômica, ambiental e social. Entretanto, é necessário o contínuo aperfeiçoamento de políticas públicas e o engajamento do setor produtivo para ampliar a adoção dessas tecnologias pelos produtores rurais na produção de grãos, na pecuária e na recuperação de pastagens degradadas. Essas questões foram discutidas nesta quarta-feira (5), durante o II Congresso Mundial sobre Sistemas ILPF (World Congress on Integrated Crop-Livestock-Forestry Systems).
O pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Geraldo Bueno Martha Junior destacou o crescimento da demanda pela produção de alimentos e o efeito poupa-terra por meio da adoção de ILPF. “Hoje em dia, a sociedade pede uma priorização por tecnologias do tipo poupa-terra, ou seja, tecnologias que aumentam a produtividade da terra, o rendimento”, afirmou.
Segundo ele, para se atingir níveis de produtividade próximos ao potencial é preciso uma estratégia focada no uso de tecnologias avançadas, entre elas as digitais e as biológicas, que serão adotadas quando os preços relativos forem favoráveis. “O nível de incentivos ao produtor brasileiro é muito baixo. Os produtores respondem, fortemente, aos sinais de mercado e adotarão novas tecnologias com base na avaliação individual da relação benefício-custo”, complementa o pesquisador.
Várias pesquisas coordenadas pela Embrapa comprovam que é possível aumentar a produtividade agropecuária sem expandir a área de produção, gerando renda extra para os produtores. Os resultados também se refletem em maior quantidade e qualidade das forrageiras, maior ganho de peso dos animais, e menor intensidade de emissão de metano comparando-se os sistemas integrados com os tradicionais.
Esses sistemas integrados se mostram uma estratégia ousada de intensificação sustentável porque permitem aumentar o ganho de produtividade, a eficiência do uso de recursos, e a intensidade de cultivos, ou seja, eles possibilitam que mais cultivos sejam realizados em um mesmo hectare, em um determinado ano. A eficiência no uso de recursos vai além da aplicação mais racional de agroquímicos; inclui o uso eficiente de fertilizantes, conforme demonstram estudos conduzidos pela Embrapa. “Considerando que os solos tropicais são altamente dependentes de fertilizantes, isso é essencial”, alerta Geraldo Martha.
A pesquisa agropecuária é fundamental para a geração de novas tecnologias, também considerando as mudanças climáticas, e a Embrapa tem um portfólio amplo de tecnologias focadas em ações de mitigação e adaptação. Aliadas à atuação do setor privado, as políticas e ações governamentais são extremamente relevantes para uma relação positiva entre benefícios gerados e custos. O Plano ABC e o ABC+ lançado em abril de 2021, para incentivo ao uso das tecnologias de baixa emissão de carbono pelos agricultores, têm um papel fundamental nesse sentido, de acordo com o pesquisador.
“O produtor tem que ter benefício, já que ele que faz todo o trabalho. Tem que ter retorno do investimento”, corroborou o CEO da Ceptis, Philippe Ryser, que apresentou a palestra Agregação de valor e Certificações em ILPF. Ryser disse que o propósito da atuação na Rede ILPF, a qual integra, é acelerar a adoção dessas tecnologias para a intensificação sustentável da agricultura brasileira, com transferência tecnológica, capacitação de assistência técnica, foco na internacionalização, na agregação de valor por meio da certificação e na inovação.
Entre as principais barreiras encontradas, o CEO apontou o acesso a financiamento e a falta de assistência técnica. Ryser mostrou um programa de certificação de propriedades da Rede ILPF baseado em boas práticas, no qual são usadas tecnologias para monitorar continuamente a propriedade, gerando informações críveis e de confiança para produtores e investidores, de acordo com o que preconiza o programa Acordo Verde (Green Deal) da União Europeia. Com isso, busca-se garantir aos produtores redução de custo de financiamento, ferramenta para assistência técnica, acesso a mercado premiado e futuro acesso ao mercado de crédito de carbono.
Mapeamento de pastagens
O Mapeamento de Pastagens Degradadas e Potencial de Intensificação por meio da ILPF no Brasil foi apresentado pelo professor Laerte Guimarães Ferreira, do Laboratório de Processamento de Imagens e GeoProcessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig-UFG). As pesquisas desenvolvidas na UFG com sensoriamento remoto, usando imagens de satélite, séries temporais e técnicas de aprendizado de máquina, buscam produzir, dentro do possível, o melhor mapa de pastagens do Brasil, segundo o professor.
Com base nesses trabalhos, os pesquisadores identificaram que houve diminuição das pastagens degradadas no País, entre 2010 e 2018. Com dados referentes a 2018, Ferreira demonstrou que o Cerrado tem cerca de 53 milhões de hectares de pastagens, dos quais 11 milhões de hectares têm alta aptidão para o cultivo da soja. Destes, cerca de 8 milhões estão associados à degradação, podendo ser recuperados por meio de sistemas integrados. A equipe também usa técnicas de modelagem para mapear a Bacia Hidrográfica do Rio Vermelho, em Goiás, com relação aos estoques de carbono no solo. O objetivo é saber quais são os ganhos em carbono quando se adota uma tecnologia ILPF.
As palestras integraram o quarto painel do congresso “Temas Atuais em ILPF”, com moderação do pesquisador da Embrapa Cerrados Luiz Carlos Balbino. O II Congresso Mundial sobre Sistemas ILPF ocorreu em 4 e 5 de maio, de forma virtual, e contou com 30 palestras e apresentação de 156 trabalhos científicos, reunindo cerca de 1.300 participantes. O evento foi promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa, Rede ILPF, Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul.
Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948)
Embrapa Informática Agropecuária
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