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Embrapa Agricultura Digital mostra iniciativas e pesquisas para transformação digital no campo
Foto: Nadir Rodrigues
A diretora Jurídica da Usina Granelli, Mariana Granelli, e o pesquisador da Embrapa Alexandre de Castro, falam sobre blockchain e rastreabilidade
Em comemoração aos seus 36 anos de atuação, a Embrapa Agricultura Digital promoveu nessa quinta-feira (25), a live “Embrapa na Era da Agricultura Digital”. Durante o evento on-line, que pode ser acompanhado no canal da Embrapa no YouTube, o centro de pesquisa apresentou a sua nova marca e deu um panorama sobre as pesquisas que desenvolve em rastreabilidade, inteligência artificial e edição gênica, além de iniciativas voltadas à transformação digital no campo.
Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, destacou que o reposicionamento da marca está alinhado à revolução digital que vem ocorrendo em vários setores da economia. Ela lembrou que o centro de pesquisa, criado em 1985, passou por vários desafios, mas também teve muitas oportunidades.
Silvia contou que a Embrapa reviu o seu planejamento estratégico em 2021 e todas as Unidades da Empresa revisaram o seu foco de atuação, visando ajudar o País a atender à demanda de aumento da produção agrícola com sustentabilidade, do ponto de vista econômico, ambiental e social. O objetivo da Unidade é continuar avançando para que a tecnologia da informação faça a diferença no campo, impulsionando o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções digitais aplicadas ao meio rural, do plantio à colheita.
“A agricultura digital é um dos pilares estratégicos para adicionar valor ao sistema de produção agrícola”, reforçou a chefe-geral. “Cada vez mais as tecnologias digitais são fatores determinantes para agregar valor, trazer mais transparência e atender ao novo perfil de consumidor, muito mais exigente e preocupado com a nutrição e a saúde,” disse, na abertura do evento.
Corredor tecnológico de São Paulo
Uma das novidades apresentadas, no sentido de impulsionar o desenvolvimento tecnológico, foi o estudo elaborado em parceria com o Ministério da Agricultura e a Wylinka, que vai apoiar a consolidação da Rede de Inovação do Corredor Agrotecnológico do estado de São Paulo. A ideia do corredor de inovação é promover o desenvolvimento regional, com foco na conexão de hubs de abrangência nacional que integram pequenas e médias cidades.
Os principais objetivos são fortalecer e expandir o desenvolvimento tecnológico e o crescimento do setor agropecuário no Brasil, dar relevância global como liderança em inovação e empreendedorismo em agricultura, compartilhar recursos presentes no território para impulsionar a inovação aberta e o empreendedorismo, e ser ponto de conexão global para empresas e agtechs e link direto para acesso aos diferentes hubs brasileiros.
O pesquisador Vitor Mondo mostrou um mapeamento com o diagnóstico preliminar do ecossistema de inovação agropecuária da região, que compõe um território de 250 quilômetros e abrange o eixo formado pelos municípios de Campinas, Jaguariúna, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto. Essa estrutura é integrada por universidades, instituições de pesquisa públicas e privadas, aceleradoras e startups que atuam no setor agropecuário.
São mais de 3 milhões de pessoas, cerca de 1 mil profissionais de ciências agrárias formados anualmente na região, 112 instituições de ensino e pesquisa, 52 ambientes de inovação, 5 Unidades de Pesquisa da Embrapa e 168 agtechs, mapeadas pelo Radar AgTech 2021.
“Quando olhamos como corredor, podemos ter uma participação ou um posicionamento internacional muito grande”, ressaltou Mondo. Toda essa estrutura pode ser vista como redes que passam a ser conectadas e expandidas, trazendo uma dinâmica e um conjunto de competências muito mais amplo, permitindo que esse território tenha uma relevância ainda maior dentro de um cenário global, de acordo com o pesquisador.
Tirso Meirelles, presidente do Sebrae São Paulo e vice-presidente do Sistema Faesp/Senar São Paulo, destacou a importância do convênio de cooperação assinado com a Embrapa Agricultura Digital para fortalecer esse ambiente de inovação tecnológica. “Estamos sendo pioneiros nesse processo”, contou. “Temos a prerrogativa e a responsabilidade de levar todo esse conhecimento da transformação digital para os pequenos e médios produtores rurais”, disse Meirelles, lembrando que 78% das propriedades rurais do estado têm menos de 65 hectares.
“É o que temos de mais inovador”, disse Arnaldo Jardim, deputado federal pelo estado de São Paulo, a respeito do conceito de corredor tecnológico. Para o deputado, esse ecossistema também faz a diferença de forma muito significativa. Ele ainda ressaltou o compromisso da Embrapa com a agricultura digital e manifestou seu apoio à inovação tecnológica e à pesquisa científica.
Data Center e espaço de coworking
A Embrapa Agricultura Digital também implantou um data center científico, ampliando a capacidade de armazenamento de dados de pesquisa e o processamento de alto desempenho. Isso foi possível graças à captação de recursos por meio de cooperação técnica com o Banco Central e de emenda parlamentar da bancada de São Paulo.
Essa nova infraestrutura vai atender outros centros de pesquisa da Empresa, de universidades e institutos parceiros, garantindo o acesso seguro à rede computacional da Embrapa. Os recursos da emenda também permitiram a criação do coworking, um espaço para receber parceiros e startups, em um ambiente propício à criação compartilhada de soluções tecnológicas e projetos inovadores.
Rede Go Fair Agro
Dentre as iniciativas apresentadas, está a coordenação da Rede Go Fair Agro, que busca implantar nas ações de governança e gestão de dados e objetos digitais das ciências agrárias os princípios Fair (do inglês findable, accessible, interoperable e reusable). O objetivo é tornar os dados de pesquisa localizáveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis, ou seja, adotar mecanismos e procedimentos padronizados para a coleta, armazenamento, preservação e disponibilização, facilitando o uso, principalmente, pelas instituições de pesquisa.
A gestão da rede para o setor agropecuário conta com um colegiado formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e pela Universidade de São Paulo (USP). Carla Macário, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agricultura Digital, coordena a implementação da rede e reforçou a importância dos dados no contexto do agronegócio.
Debora Drucker, analista da Unidade, explicou que há possibilidade de ampliação, conforme o engajamento de outras instituições e empresas. Ela convidou a comunidade científica e a população a apoiar a iniciativa por meio do Manifesto Aberto, disponível na internet. O lançamento oficial será no primeiro semestre de 2022.
Parcerias em pesquisas e soluções digitais
A programação incluiu o webinário Embrapa Agricultura Digital na transformação do agro brasileiro, com a participação de pesquisadores da Empresa e parceiros da iniciativa privada, como indústria e startups. Eles compartilharam experiências no uso de tecnologias digitais e técnicas inovadoras, abrangendo blockchain, Crispr, inovação e desenvolvimento conjunto de produtos e negócios.
Com o tema "Blockchain e rastreabilidade na cadeia do açúcar", Mariana Granelli, diretora Jurídica da Usina Granelli, e o pesquisador Alexandre de Castro abordaram o caso de uma solução tecnológica inovadora desenvolvida em parceria para rastreabilidade do açúcar mascavo, que deve chegar ao mercado em 2022. Com isso, será possível garantir mais segurança e confiabilidade, trazendo uma maior transparência e “diminuindo a distância entre o campo e o consumidor”, apontou a diretora.
A experiência no uso da plataforma AgroAPI Embrapa aplicada a negócios e inovações na agricultura foi mostrada pela consultora Walkiria Sassaki, da Argustech. Ela falou sobre como a API SATVeg facilitou o seu trabalho, pois veio ao encontro de uma necessidade da empresa, que trabalha com sensoriamento remoto para análises territoriais e de estimativas de safras no Brasil.
Walkiria contou que a empresa precisava de algo confiável e, então, a API da Embrapa representou uma solução totalmente alinhada à dinâmica da Argustech. “Quanto mais tempo a gente ganha em cada uma das etapas, melhor a minha competitividade no final, para a entrega de resultados aos clientes”, salientou.
Outro exemplo de parceria de sucesso com a Embrapa para o desenvolvimento de produtos foi apresentado por Murilo Betarello, da IZAgro, e pelo analista da Embrapa Glauber Vaz, que estão desenvolvendo um mecanismo de busca, acessível via API, ou Interface de Programação de Aplicativos, para o conteúdo da Coleção 500 Perguntas e 500 Respostas. As pesquisas envolvem abordagens inovadoras em técnicas de inteligência artificial para a geração do ativo tecnológico.
Entre as técnicas inovadoras adotadas na pesquisa agropecuária está a edição gênica com a tecnologia Crispr, usada para transformação genética de milho. Quem trouxe um panorama sobre os avanços dessa técnica e potenciais resultados para a construção de plantas transgênicas foi a pesquisadora da Embrapa Juliana Yassitepe.
Ela demonstrou experimentos conduzidos no Centro de Pesquisa em Genômica para Mudanças Climáticas (GCCRC) – uma parceria da Embrapa e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisadora também falou sobre a importância da agricultura digital para a biotecnologia na descoberta de genes, fenotipagem de plantas e no armazenamento e gerenciamento de dados.
Reconhecimento
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, disse que a agricultura digital já é uma realidade e traz desafios e grandes oportunidades para o Brasil. “Estamos em um momento em que a transformação digital no campo vem ganhando cada vez mais relevância e assumindo um papel fundamental para ajudar o setor a buscar um incremento na produtividade e na geração de renda com sustentabilidade. A ciência, mais uma vez, será o motor para essa nova revolução”, enfatizou o presidente.
Moretti lembrou que a Empresa, na década de 1980, quando criou o centro de pesquisa, já enxergava a importância das tecnologias de informação e comunicação aplicadas à agropecuária. Atualmente a agricultura digital é um dos pilares principais expressos no Plano Diretor da Embrapa.
Para ele, a alteração do nome síntese da Embrapa Informática Agropecuária, que a partir deste mês passou a se chamar Embrapa Agricultura Digital, “é mais um reflexo dessa visão de futuro da Empresa, totalmente alinhada à sua missão de gerar soluções, produtos e tecnologias em benefício da agricultura e da sociedade brasileira”.
Para Fernando Camargo, secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, a mudança do nome demonstra o trabalho tão importante que o centro realiza para a agropecuária brasileira.
Na visão de Cleber Soares, secretário de Inovação e Tecnologia do Mapa, “o futuro do agro será cada vez mais calcado no biodigital”, devido a vários motivos, como a necessidade de se reduzir os custos de produção no Brasil e no mundo, e, sobretudo, porque a inovação vem agregar valor aos ativos do setor agropecuário. “Não tenho dúvida de que a grande ciência que promoverá a transformação do presente e do futuro do agronegócio no mundo – nos trópicos e no Brasil – serão as ciências digitais”, afirmou.
Paulo Alvim, secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), chamou a atenção para a contribuição da ciência e da tecnologia brasileira no melhor desempenho da agricultura com relação à produtividade, segurança alimentar e garantia da sustentabilidade da produção. “Que os produtores rurais usem cada vez mais essa capacidade, essa competência e essa contribuição da Embrapa”, ensejou Alvim.
Tiago Toledo, diretor-executivo de Gestão Institucional da Embrapa, apontou o desafio que a Embrapa teve em integrar profissionais de diferentes áreas de atuação, como agronomia, ciência de dados e computação, o que possibilitou gerar diversas soluções inovadoras que vêm contribuindo para a cadeia do agronegócio.
“A multidisciplinaridade é a grande fortaleza que essa Unidade consegue trazer ao nosso agro”, reconheceu o diretor. Segundo ele, é fundamental incorporar as novas tecnologias, como internet das coisas, big data, drones, sensores e inteligência artificial, para promover ganhos de produtividade, eficiência e sustentabilidade à agricultura brasileira.
O pesquisador Stanley Oliveira, que assume a chefia da Embrapa Agricultura Digital em fevereiro de 2022, reforçou o compromisso com a agricultura movida a ciência, que já vem sendo feita ao longo de vários anos. “Para conseguirmos tudo isso, nós precisamos de grandes parcerias”, afirmou. Ele frisou a participação relevante de representantes de universidades, governo, setor produtivo e da sociedade civil no evento, o que demonstra a capilaridade e a importância desses arranjos para responder aos desafios da produção agropecuária. “Com esses arranjos sólidos, nós vamos continuar avançando, conquistando e entregando grandes valores para a sociedade”, ressaltou.
Assista ao evento on-line, disponível no canal da Embrapa no YouTube.
Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948 e MS 15.188)
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