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Expocitros reúne quatro Unidades da Embrapa e tem homenagem dupla a pesquisador
A Embrapa — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária — participou com a sua maior comitiva de todas as edições da Expocitros 2024, um dos maiores eventos de citricultura em nível mundial. Em sua 49ª edição, a feira aconteceu paralelamente à 45ª Semana da Citricultura, de 4 a 7 de junho, no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico (CCSM/IAC), em Cordeirópolis (SP). Eram ao todo 13 especialistas, entre pesquisadores e analistas, representantes de quatro Unidades: Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), que lidera a Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia – Umiptt Cinturão Citrícola (SP), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Instrumentação (SP) e Embrapa Territorial (SP). O pesquisador Eduardo Girardi, coordenador da Umiptt, foi homenageado em dose dupla: recebeu o Prêmio GCONCI 2024 - Hall da Fama da Citricultura Brasileira e o Prêmio Engenheiro-Agrônomo do Ano da Citricultura 2024, concedido pelo CCSM/IAC.
Girardi abriu o ciclo de palestras com apresentação sobre porta-enxertos (variedades que correspondem à parte radicular da planta de citros) nanicos e o HLB, mais severa doença da cultura, mostrando resultados de experimentos que indicam ser menor a incidência acumulada do HLB em porta-enxertos ananicantes, que reduzem o tamanho da copa, facilitando o manejo da doença. O pesquisador também fez apresentação sobre porta-enxertos de modo geral no estande da Citrograf, empresa de produção de mudas, parceira da Embrapa.
“Foi com grande satisfação que assistimos à premiação do nosso pesquisador Eduardo Girardi, homenageado duplamente. Tivemos uma participação relevante e pensamos em vir com mais força nos próximos anos, contribuindo com o principal evento da citricultura no Brasil e também com nossos parceiros. Afinal, o Instituto Agronômico é nosso parceiro em pesquisas científicas e também no lançamento de algumas variedades, sendo mantenedor desses materiais, como a BRS IAC EECB Alvorada, uma laranjeira precoce, a BRS EECB IAC Ponta Firme, uma lima ácida Tahiti, e a Navelina XR, a primeira laranja resistente à clorose variegada dos citros. Temos também previsão de lançamento de 12 novos porta-enxertos a partir de 2025. É importante trazer o nosso corpo técnico para interagir cada vez mais com esse setor tão pujante da agricultura brasileira que é a citricultura”, afirmou o chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Francisco Laranjeira, que representou a Diretoria de Pesquisa e Inovação da Embrapa na cerimônia de abertura.
Ele pontuou que a comitiva da Embrapa seria ainda maior se infelizmente não tivéssemos perdido o pesquisador Eduardo Stuchi recentemente. “Ele era a vida do grupo, com as suas brincadeiras e ao mesmo tempo com a seriedade com que ele levava a citricultura. Infelizmente a equipe da Embrapa não estava completa, mas o Stuchi esteve presente em vários momentos, sendo lembrado na cerimônia de abertura, em diversas palestras e em diversas conversas que tivemos com os parceiros”, salientou Laranjeira.
O presidente do Grupo de Consultores em Citros (GCONCI), Hamilton Rocha, informou que houve unanimidade dentro do grupo na escolha do nome de Girardi para receber a premiação. “Como a citricultura é uma cultura perene, é fundamental termos opções de diferentes porta-enxertos e variedades para as diferentes condições de solo, clima, regiões... O Girardi vem fazendo um excelente trabalho, agora ainda mais pela questão do HLB. Há diferenças nos porta-enxertos, nas variedades, nas combinações, e ele vem testando isso brilhantemente. Estamos muito satisfeitos com ele e com os outros pesquisadores da Embrapa, lembrando que no ano passado o homenageado do Hall da Fama da Citricultura foi o pesquisador Orlando Passos. E há alguns anos homenageamos também o Eduardo Stuchi, um nome muito importante da Embrapa na citricultura, com as pesquisas que ele realizou ao longo de sua vida”, acrescentou Rocha.
Já o diretor do CCSM/IAC, Dirceu Mattos Júnior, ressaltou que Girardi foi a escolha do Prêmio Engenheiro-Agrônomo da Citricultura 2024 pela “relevância do trabalho que tem desenvolvido com a seleção de material genético, com o estabelecimento de melhores práticas de manejo no campo, assessorando tanto programas de pesquisa quanto o próprio citricultor”.
Girardi destacou que não alcançou essas premiações sozinho. “Agradeço muito essas indicações reconhecendo que só aconteceram devido ao trabalho de uma enorme equipe, amparado por instituições muito fortes, a Embrapa, seus grandes parceiros, como Fundecitrus [Fundo de Defesa da Citricultura], Fundação Coopercitrus Credicitrus [FCC], uma enorme quantidade de produtores numa rede experimental que literalmente sustenta esse trabalho”, disse o pesquisador, que enalteceu a participação da Embrapa no evento. “Isso aproxima a Empresa do setor produtivo e também canaliza melhor os nossos esforços e os nossos resultados.” Emocionado, ele homenageou o amigo Eduardo Stuchi: “Nossos colegas da Embrapa prestigiaram a Umiptt esta semana, participaram da Expocitros, mas a equipe não estava completa. Aqui na Terra estava faltando o nosso amigo Stuchi. Por outro lado, a Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro [EECB], tantas variedades de copa e porta-enxerto, e principalmente o homem mais alegre da citricultura vão estar sempre conosco de alguma maneira.”
O chefe-geral da Embrapa Instrumentação, José Marconcini, disse que a Unidade tem vários projetos conjuntos com a Umiptt. “Temos pesquisas na área de citros de longa data, como lasers na detecção de doenças, na distinção de variedades de citros, pesquisas também de máquinas para apoio de colheitas de laranjas, equipamentos novos em ressonância magnética nuclear para determinar o brix dos citros, tecnologias de descontaminação de frutas na pós-colheita com luz UV pulsada, tecnologias ligadas à irrigação, pesquisas com insumos que podem atender o setor, como hidrogéis, novos fertilizantes, entre outras novas tecnologias."
Integrante da equipe do programa de melhoramento genético (PMG) de citros da Embrapa, o pesquisador Fabio Gurgel, da Embrapa Amazônia Oriental, falou da relevância do evento para que a equipe possa se reunir e se atualizar sobre quais variedades copa e porta-enxerto estão se adaptando e apresentando alta eficiência produtiva em todas as regiões brasileiras. “Além do melhoramento genético, as práticas de manejo e tratos culturais vêm sendo utilizadas cada vez mais na região amazônica, práticas de adensamento dos pomares, que aumentam a eficiência produtiva, a utilização de cobertura vegetal, a prática de podas e a utilização de porta-enxertos semiananicantes, que diminuem a altura das plantas e permitem maior bem-estar para os profissionais que estão ali colhendo os nossos frutos.”
Da Embrapa Territorial, estavam os pesquisadores Lauro Rodrigues Nogueira Júnior e Carlos César Ronquim, que desenvolvem, junto com o Fundecitrus, projeto para mensurar os estoques de carbono e biodiversidade da fauna em áreas citrícolas de São Paulo e Minas Gerais.
A FCC e o Fundecitrus integram a Umiptt Cinturão Citrícola. O gerente de Produção/Experimentação da EECB/FCC, Luiz Gustavo Parolin, destacou a parceria de longa data com a Embrapa. "Um dos resultados de maior relevância foi o lançamento no ano passado das três novas variedades copa. Temos também muitos trabalhos na parte de porta-enxertos e variedades copa visando ao combate ao HLB", frisou. A busca de soluções para o problema do HLB também foi o item da parceria com a Embrapa ressaltado pelo pesquisador do Fundecitrus Marcelo de Miranda. "Na área de controle de pragas, estamos trabalhando para entender a dinâmica populacional do psilídeo, que é o vetor do HLB, nesses novos porta-enxertos e como isso pode auxiliar no manejo da doença; como formas de controle mais sustentáveis podem ser integradas a esses novos materiais que estão sendo introduzidos na citricultura", comentou Miranda, que foi o contemplado com o Prêmio Engenheiro-Agrônomo da Citricultura em 2023. Ele foi estagiário na área de entomologia na Embrapa Mandioca e Fruticultura e hoje é parceiro em vários estudos.
Visita a experimentos em áreas de parceiros
A equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura aproveitou para visitar experimentos em áreas de produtores parceiros e na Fundação Coopercitrus Credicitrus (FCC), em Bebedouro. Na terça (4), antes da abertura da Expocitros, o grupo esteve no Sítio da Chuva, em Mogi Mirim, que conta com 350 hectares de limão. Os pesquisadores Abelmon Gesteira, Mauricio Coelho e Vanderlei Santos e o analista de transferência de tecnologia Augusto César Moura foram recepcionados pelo produtor Clairson Tagliari. Eles avaliaram o desempenho dos materiais da Embrapa copa e porta-enxerto da coleção de germoplasmas do PMG Citros nas quadras demonstrativas da fazenda.
Na quinta (6), guiado por Eduardo Girardi, o grupo mencionado acima e mais a pesquisadora Juliana Astúa e o analista Alecio Moreira percorreram área experimental na Fazenda Colorado, em Aguaí, sendo recebidos pelos representantes Artur Carpini e Osmir de Aguirra para avaliar experimentos de laranjeira Pera IAC em combinação com 12 porta-enxertos do PMG Citros na presença do HLB — a fazenda possui 3,5 mil hectares de citros. A equipe estava acompanhada também por dois representantes da Fazenda Destoque, parceira da Embrapa na Chapada Diamantina (BA), Leonídio Bomfim e Eduardo Pinto da Cunha. Este último teve a oportunidade de conhecer o porta-enxerto híbrido a ser lançado batizado de BRS Cunha Sobrinho, em homenagem a seu avô, Almir Pinto da Cunha Sobrinho, pesquisador aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Em seguida, o grupo visitou a FCC.
Abelmon Gesteira, articulador da Equipe Técnica de Citros da Embrapa Mandioca e Fruticultura, falou da preocupação com os sérios problemas causados pelo HLB no principal polo produtor do País, o Cinturão Citrícola de São Paulo. "Assisti a palestras sobre o melhoramento dos citros em tempos de HLB, com programas que buscam variedades resistentes ou tolerantes, como o nosso na Embrapa Mandioca e Fruticultura. Acredito que devemos focar no controle do psilídeo para um combate mais efetivo da doença, e temos colegas entomologistas trabalhando nessa direção. Quanto ao evento, foi um momento valioso de troca de ideias e conhecimentos com colegas pesquisadores e produtores", acrescentou.
Alessandra Vale (Mtb-RJ 21.215)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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