O estudo trata da experiência de mobilização de dois grupos de mulheres que praticam o extrativismo de mangaba e se autodenominam de catadoras. Elas habitam nas áreas de restinga e tabuleiros do Nordeste e nos campos do Norte do Brasil, onde praticam diferentes atividades (pesca, artesanato, assalariamento no turismo, etc.), essenciais à reprodução das suas famílias. Este projeto tem como objetivo geral analisar a experiência de mobilização das mulheres catadoras de mangaba no contexto de valorização do seu papel como "população tradicional", mas ameaçadas de perda do acesso aos recursos naturais extrativistas que garantiram a elas o atributo desta denominação nos estados de Sergipe e do Pará. A hipótese que orienta a investigação é que as restrições do acesso aos recursos naturais afetaram objetivamente as catadoras, mas estimularam a sua mobilização e têm contribuído para a construção de uma percepção individual e coletiva da sua posição, simultaneamente, como catadora e como mulher num dado contexto de disputa por recursos que têm valor econômico e simbólico nas suas estratégias de reprodução. A pesquisa será realizada nos municípios de Indiaroba/SE (Povoado Pontal) e Maracanã/PA (Campo da Mangaba), selecionados por serem espaços, nos quais os processos sociais têm sido pautados por conflitos em torno do acesso aos recursos naturais (mangabeiras). Como principais produtos disponibilizará análises e estatísticas sobre as mulheres catadoras de mangaba demandadas por diferentes órgãos públicos para orientar as suas ações. Além do registro detalhado da primeira experiência de mobilização das mulheres catadoras de mangaba no Brasil.