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Estudo sobre produtores rurais na Amazônia é publicado em artigo
No artigo “Contribuições do geoprocessamento à compreensão do mundo rural e do desmatamento no bioma Amazônia”, publicado na edição de dezembro da Colóquio – Revista do Desenvolvimento Regional, da Faculdades Integradas de Taquara (RS), o chefe da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, apresenta estudo sobre quem e quantos são os produtores rurais na Amazônia. A pesquisa é um exemplo de como a inteligência territorial pode ser utilizada como uma ponte entre a agronomia e a socioeconomia. Também são autores do artigo os analistas Carlos Alberto Carvalho, Paulo Roberto Martinho e Osvaldo Oshiro.
A Embrapa Territorial desenvolve pesquisas na Amazônia há mais de três décadas e aplicou ferramentas de geoprocessamento de forma inédita com os dados do Censo Agropecuário do IBGE e do Cadastro Ambiental Rural (CAR). “O mundo rural é particularmente complexo na Amazônia. É preciso usar novos métodos científicos para abordar essa realidade”, disse Miranda.
Diante de diversas definições geográficas, o ponto de partida foi definir o bioma Amazônia como o recorte territorial trabalhado. Esse território compreende 49,3% do país e engloba 499 municípios nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, além de parte de Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.
Para entender o mundo rural no bioma, como seria possível quantificar e qualificar, em bases territoriais, os produtores rurais ali existentes? A equipe da Embrapa Territorial cruzou, por geoprocessamento, os dados de duas grandes e abrangentes fontes de informação: o Censo Agropecuário do IBGE de 2017 e o CAR de 2019. As análises ganharam o complemento de informações do Incra sobre os assentamentos agrários na região e utilizaram o apoio de imagens de satélite.
O tratamento dessas bases de dados revelou mais de um milhão de produtores rurais, unidades de produção, imóveis rurais e estabelecimentos agropecuários – em sua maioria, pequenos agricultores - distribuídos ao longo dos 499 municípios do bioma. Como observa Evaristo, “há grandes diferenças nas definições e nos universos produtivos rurais cobertos pelo IBGE e registrados no CAR”. Os procedimentos adotados permitiram confrontar, em bases territoriais, cada um dos 673 mil estabelecimentos agropecuários levantados pelo IBGE com cada um dos 534 mil imóveis rurais cadastrados no CAR.
Ao comparar a massa de dados geocodificados dessas duas bases, a equipe da Embrapa Territorial observou três situações. Na primeira, cerca de 396.500 estabelecimentos agrícolas coincidem geograficamente com imóveis rurais do CAR. Na segunda, 281 mil estabelecimentos agrícolas foram levantados em áreas não cadastradas ainda no CAR, em geral locais remotos e de difícil acesso ou ocupados por populações cuja atividade econômica difere bastante dos critérios de propriedade e uso da terra, no caso dos imóveis rurais.
Em terceiro lugar está o caso mais desafiante para a pesquisa: 330 mil imóveis cadastrados no CAR e que aparentemente não teriam sido visitados ou levantados pelo IBGE. Esse caso foi o mais destacado. Por isso, foi objeto de reuniões com os responsáveis pelo recenseamento do IBGE, e várias explicações possíveis foram apresentadas.
Para Evaristo, mais do que condição legal ou fundiária, é preciso conhecer os mecanismos que regem acesso, controle, uso, exploração, transmissão e transferência de terras e recursos do mundo rural amazônico. “Ali, em muitas situações, variáveis entre os estados da região, a unidade de produção não coincide totalmente com a unidade de gestão, nem com a unidade de renda, consumo, moradia, residência e preservação. As realidades da produção agropecuária diversificada da Amazônia são complexas, e os métodos de inteligência territorial são um instrumento complementar para avançar na sua compreensão”, coloca.
Alan Rodrigues (MTb JP/CE 2625)
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