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Safra de recordes no Brasil Central
A região central do Brasil contou com clima bastante favorável à produção de trigo nesta safra: chuva na implantação das lavouras e seca no espigamento. O ambiente favoreceu tanto os cultivos de sequeiro, como no sistema irrigado, atingindo um volume recorde de produção acima de 624 mil toneladas de trigo.
O trigo no Brasil Central é cultivado nos estados de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Bahia. A área total de trigo na região está estimada em 200 mil hectares, principalmente no Sudeste do Brasil (SP e MG), com cultivos em dois sistemas de produção: sequeiro (85%) e irrigado (15%).
Trigo Irrigado
Na Fazenda Capão da Onça, município de Água Fria de Goiás (GO), o cultivo do trigo tinha ficado de fora há oito anos, voltando nesta safra para compor a rotação após a soja e o feijão sob pivot. O resultado surpreendeu os sócios Leomar Fontana, Joel Pes e Sergio Zimmermann, com a produtividade média de 129,3 sacos de trigo por hectare (sc/ha), em 90 hectares com a cultivar BRS 264. “O clima ajudou bastante a cultura do trigo, inclusive com um período de frio alongado nos meses de junho e julho, que permitiu as plantas apresentarem todo o potencial”, conta Leomar Fontana. A produção foi comercializada a R$ 800,00 a tonelada com PH 83.
Nos 101 hectares com a cultivar BRS 254 implantados na fazenda Santa Fé, em Cristalina (GO), o produtor Paulo Bonato atingiu o recorde de 139,8 sc/ha com a cultivar BRS 254. “Credito essa produtividade a um conjunto de fatores: manejo adequado, cuidado em trocar o ativo dos fungicidas utilizados, ênfase aos aspectos nutricionais, e o clima que realmente ajudou muito. É uma grande satisfação produzir tão bem”.
Sequeiro
Nos cultivos de sequeiro, a umidade e o calor intenso favoreceu a brusone. Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Márcio Só e Silva, apesar da alta incidência (presença) de brusone nas lavouras, a severidade (dano) não foi muito agressiva, resultando em pouca queda no rendimento final de grãos e PH. “A umidade ajudou o fungo a se instalar no trigo e as altas temperaturas fizeram a incidência da doença aumentar muito neste ano. A boa notícia é que a severidade, ou seja, os danos causados pela doença, não foram grandes, provavelmente em função da seca no final do espigamento que ajudou no controle da doença”, conta Márcio, destacando que os rendimentos no trigo de sequeiro foram muito variáveis em função da disponibilidade hídrica, oscilando desde 15 a 70 sc/ha: “bons números para uma safra que parecia comprometida pela brusone”.
No Moinho 7 Irmãos, em Uberlândia, MG, a expectativa é abastecer 60% da moagem com trigo mineiro. A produção no Estado foi de 230 mil toneladas, um crescimento de +5,2% com relação ao ano passado. Na avaliação da responsável por suprimento do Moinho, Isabel Alves, o volume de grãos foi considerado bom, capaz de abastecer o moinho até o início de 2018. “A qualidade é aceitável pela indústria, mas houveram muitas variações no PH. Recebemos desde trigo básico a melhorador, o que está exigindo mais esforço na segregação”, explica Isabel.
Saiba mais na entrevista com o pesquisador da Embrapa Trigo Márcio Só e Silva:
Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
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