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Diversidade de participantes enriquece curso de leite orgânico
Foto: Vinicius Cardoso Madeiro
Participantes estão em diferentes níveis do processo de conversão para orgânico
“Não foi só a empatia. O assunto reuniu pessoas diferentes, que estão em momentos diferentes do processo de produção de leite orgânico. Isso enriqueceu tanto o curso que o grupo não vai se dissolver com o fim da programação”. A avaliação é do produtor Ingo Kalder, um dos 40 participantes do curso de Pecuária Leiteira Orgânica que termina neste sábado, dia 27 de outubro.
O quinto e último módulo do curso está acontecendo na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) com visitas a duas propriedades do município. O primeiro módulo aconteceu em junho e nos meses seguintes os inscritos se reuniram no interior paulista. Dois módulos aconteceram na fazenda Nata da Serra, em Serra Negra (SP), uma das realizadoras da capacitação, junto com a Embrapa Pecuária Sudeste e a SIN (Secretaria de Inovação e Negócios).
Técnicos e produtores vieram de vários Estados, como Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Alagoas, além de várias cidades do interior de São Paulo. Alguns fazem parte de um cluster que a Nestlé vem estimulando na região de São Carlos, com apoio da Embrapa. Ingo é um deles.
“Desde abril ou maio eu fiquei sabendo do curso e acho que fui um dos primeiros a me inscrever. E foi muito bom. Houve dificuldades, algo que não saiu 100% como o previsto, mas teve muita coisa positiva, como debates, atividades práticas e opiniões de participantes de vários lugares”, continuou o produtor.
Ingo disse ainda que essa primeira turma teve “sorte” pela composição dos participantes. Para ele, o número de 40 inscritos foi ideal – “não poderia ser maior nem menor, porque as trocas foram muito boas”. O produtor disse que o momento mais marcante foi o primeiro módulo. “Foi excepcional porque nos deu a base para avançarmos para todo o resto. Se tivéssemos começado por outro conteúdo, mais complexo, não teríamos a evolução de pensamento”, justificou.
O produtor elogiou também a competência dos instrutores. “Não é fácil conduzir as ideias de forma homogênea, com resultados, para um público que pensa de maneiras diferentes. A experiência do Artur, do André e do Ricardo justifica qualquer esforço para poder participar”.
O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Artur Chinelato foi instrutor em vários módulos e é responsável pela implantação do programa Balde Cheio no país. Esse programa capacita técnicos e extensionistas para assistência em propriedades leiteiras. André Novo é chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste e um dos idealizadores do curso. Ricardo Schiavinato, da fazenda Nata da Serra, começou a converter sua produção de leite para orgânico em 2007 e também atuou como instrutor em alguns módulos.
Participaram ainda como instrutores Carlos Armenio Khatounian (Esalq/USP), Sérgio Homma (Fundação Mokiti Okada), Marco Bergamaschi e Julio Palhares (Embrapa Pecuária Sudeste), Luiz Carlos Demattê Filho (Korin) e Marcelo Laurino (Ministério da Agricutura, Pecuária e Abastecimento). Patrocinadores do evento, como a Gold Seeds, Socil e Nestlé também tiveram representantes falando ao grupo.
BALDE CHEIO
A produtora Carolina Vilhena Bittencourt, de Bofete (SP), sempre quis produzir orgânicos. Ao iniciar o curso, percebeu que não seria fácil. “Tive que dar um passo para trás para poder avançar vários à frente. Entendi que, antes de produzir leite orgânico, eu teria que ser uma boa produtora do Balde Cheio”.
Até então, Carolina nunca tinha ouvido falar no programa, que em 2018 está completando 20 anos. Agora ela já conta com a assistência de um técnico treinado pela Embrapa, está fazendo os módulos de pastagens e irrigando. “Meu leite será todo de gado criado a pasto e está sendo incrível”, afirmou.
Ela não destacou nenhum momento marcante dos cinco meses de curso. “Os cinco módulos foram muito bacanas e estou aprendendo muito em todos eles.” O sonho do orgânico continua vivo. Daqui a dois anos, Carolina acredita que conseguirá fazer a conversão.
GENÉTICA E MERCADO
Na quinta-feira (25) de manhã, o curso teve palestras sobre melhoramento genético em produção de leite. André Novo utilizou conteúdo preparado pelo professor Vidal Pedroso de Faria, um dos incentivadores do Balde Cheio. Ele mostrou as diferenças entre vacas de cria (mais rústicas, lactação mais curta, temperamento bravio e que produz leite para o bezerro) e vacas de leite (lactação longa, período seco curto, temperamento calmo e que produz leite para o homem).
O chefe de transferência falou sobre as características que os animais obtêm por genes e pelo ambiente e disse que a melhor opção para melhorar geneticamente o rebanho é por meio de sêmen de touro provado. Segundo o palestrante, não existe touro de excelente desempenho em todas as características. “Se for bom em leite, pode não ser tão bom em gordura ou no tipo”, explicou. André comentou ainda que existe muita confusão entre melhoramento genético e cruzamentos.
Luiz Carlos Demattê Filho fez uma análise de mercado para leite orgânico e disse que há espaço para crescer. Atualmente o consumo de leite por habitante no Brasil é de 179 litros/ano. O país está atrás da Índia, União Europeia, Estados Unidos e China em consumo de leite fluido.
Segundo Demattê, em 2017, o Brasil exportou 36 toneladas de leite e derivados, sendo quase 24 toneladas de leite em pó e creme de leite concentrado, sete toneladas de queijos e requeijão e três toneladas e meia de leite e creme de leite não concentrado.
O quinto módulo foi aberto pelo chefe geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Rui Machado, que deu as boas-vindas aos participantes e pediu que eles avaliassem o curso com bastante sinceridade. “Só assim poderemos melhorar o que precisa ser melhorado”, afirmou.
Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pecuária Sudeste
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