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Tendências em matérias-primas e novos biocombustíveis movimentam VII Congresso de Biodiesel
Duas palestras magnas encerraram a noite da abertura oficial do VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, na segunda-feira, 4 de novembro, em Florianópolis (SC). O evento é uma realização do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A primeira palestra trouxe a visão do setor produtivo sobre as perspectivas para a inovação e o empreendedorismo na agroindústria no Brasil. O palestrante, Juan Diego Ferrés, presidente da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e membro do Conselho Assessor da Embrapa Agroenergia (Brasília, DF), defendeu que o País vá além da produção de produtos primários, “no que é muito competitivo”, e lute para equalizar sua situação em complexos da economia global, viabilizando a agregação de valor em cadeias produtivas. “O Brasil deve procurar cada vez mais a exportação de produtos com valor agregado”.
Ferrés abordou também o futuro dos biocombustíveis, em especial daqueles relacionados a óleos vegetais. Disse esperar que o País tenha em seu radar a produção de combustível para aviação comercial não só a partir do bioquerosene, mas, de forma conjunta, a partir do HVO (sigla para Hydrotreated Vegetable Oil ou Óleo Vegetal Hidrogenado), um biocombustível de segunda geração.
Data: 4 a 7 de novembro de 2019 Local: Costão do Santinho Resort, Florianópolis, SC |
Guy de Capdeville, chefe da Embrapa Agroenergia, representando, no Congresso, o presidente interino da Empresa, Celso Moretti, traçou, na segunda palestra da noite, um histórico da pesquisa agropecuária brasileira. “Investimos em um robusto sistema de pesquisa e inovação, formado pela Embrapa, pelas universidades, pelo sistema estadual de pesquisa e extensão e pelas parcerias privadas nacionais e internacionais, o que contribuiu para que o País tenha sido capaz de criar, em cinco décadas, “um modelo sustentável e competitivo sem paralelo no mundo”.
Capdeville lembrou resultados dessa trajetória de inovação na agropecuária, tais como a transformação de solos ácidos e pobres em férteis, a tropicalização de variedades e animais e a fixação biológica de nitrogênio que permite que a soja cultivada em 35 milhões de hectares não necessite de adubo nitrogenado. “Apenas essa tecnologia representou uma economia de R$ 19 bilhões em 2018”. Falou também sobre tendências futuras e sobre a importância de se continuar investindo na pesquisa agropecuária brasileira e na Embrapa.
Sobre o Congresso, Capdeville disse ter a expectativa de que, com a divulgação de estudos científicos, o setor de biodiesel tenda a crescer, ampliando sua participação tanto em frotas de veículos usados na agricultura quanto em frotas de veículos urbanos para transporte público e em veículos comuns de passageiros. Para ele, o biodiesel é um player importantíssimo no contexto da bioeconomia nacional e ocupará um espaço cada vez mais significativo na matriz renovável de energia do Brasil.
Grand prix de Inovação
Ainda no primeiro dia do VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, antes da abertura oficial, foi dada a largada do Grand Prix de Inovação em Biodiesel, novidade organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina (Senai SC). A “corrida” conta com equipes multidisciplinares que, durante 30 horas, trabalharão desafios da cadeia. “Essas equipes são formadas por designers, pesquisadores e empreendedores, todos eles reunidos para potencializar nossa rede de biodiesel”, contou Fausto Alcântara, especialista em tecnologia pelo Sesi e Senai de Santa Catarina e um dos organizadores do Grand Prix.
De acordo com Alcântara, os três desafios colocados na “corrida” foram lançados pelas associações produtoras de biodiesel. São eles a rastreabilidade da matéria-prima desde a sua produção até a transformação em biodiesel no final da cadeia; os coprodutos gerados na produção do biodiesel e o melhor desempenho do agricultor na produção dessas matérias-primas. O desenvolvimento de protótipos e projetos inovadores são esperados.
Também no dia 4 foi lançada a Agenda de Inovação da Cadeia Produtiva de Biodiesel, iniciativa da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Foram lançados também um livro sobre pinhão manso, editado por Bruno Laviola e Erina Vitório Rodrigues, e uma revista, Energy & Fuels.
Um curso à distância, no ambiente da Embrapa (e-campo) sobre biodiesel, que trata desde a matéria-prima até a bomba de combustível, foi apresentado. Leia mais sobre o curso aqui.
Cursos e Workshop
Um curso de atualização em produção e uso do biodiesel inaugurou o primeiro dia do Congresso. Os professores Pedro Castro Neto e Antônio Carlos Fraga, da Universidade Federal de Lavras (Ufla, MG), pioneiros na organização dos congressos da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB), Rosenira Serpa Cruz, da Universidade Estadual Santa Cruz (Uesc, BA) e Simoni Meneghetti, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal, AL) abordaram o desempenho e as tendências da diversificação de matérias primas e aspectos da produção de biodiesel.
“Sem a matéria-prima de qualidade não vamos nunca conseguir chegar ao produto final e alavancar a cadeia do biodiesel”, afirmou Pedro Castro Neto, lembrando também os grupos de estudo mantidos na Ufla. Para o professor Antônio Carlos Fraga, o algodão é uma das principais plantas que podem colaborar para a produção de biodiesel.
Em paralelo ao Congresso, foi realizado o primeiro Workshop do Energif, Programa para o Desenvolvimento em Energias Renováveis e Eficiência Energética na Rede Federal (Setec/MEC). Durante o Workshop foram apresentados os casos de sucesso do Programa e dois dos seus seis grupos de trabalho - o de eficiência energética e o de biocombustíveis e eletromobilidade.
Sobre o Congresso
Mais de 500 participantes estão inscritos no VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel e mais de 600 resumos técnicos-científicos foram submetidos em temas que incluem matérias-primas para produção; hidrocarbonetos renováveis e bioquerosene; caracterização e controle de qualidade do produto; armazenamento, estabilidade e problemas associados; co-produtos e bioprodutos, além de políticas públicas e desenvolvimento sustentável.
O evento é uma das ações da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB), que desde 2005, integra e mobiliza os diversos atores dessa cadeia produtiva, na busca de soluções tecnológicas sustentáveis para desafios relacionados à produção desse biocombustível no Brasil, com foco na geração de empregos e desenvolvimento regional.
Marita Féres Cardillo (2264 DF)
Secretaria de Pesquisa e Desenvolvimento
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Jurema Iara Campos (1300 DF)
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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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