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Rede ACV busca mobilizar empresas, articular governos e educar o consumidor
ACV é uma ferramenta para determinar a sustentabilidade dos produtos
A Rede ACV integrou, em 19 de novembro, painel promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), com uma apresentação feita por Sonia Chapman, secretária-executiva da Rede Empresarial Brasileira de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV).
Conforme Sonia, “com a participação de mais de 190 pessoas do mundo inteiro, tivemos a oportunidade de expor as motivações, os aprendizados e os próximos passos da Pedra Fundamental, primeira fase do projeto executado pelo Grupo de Trabalho Banco de Dados da Rede ACV, coordenado pela Embrapa”.
O grupo propõe que quatro “datasets” de base (pilares) sejam adaptados para melhor representar a realidade do Brasil: Energia Elétrica, Diesel, Gás Natural e Transporte Rodoviário de Carga. Estes “datasets” foram escolhidos por apresentarem contribuição significativa em vários processos agrícolas e industriais, ou seja, estão na base da economia, e também porque no Brasil existem especificidades que justificam diferenciá-los dos dados internacionais disponibilizados no Banco de Dados de ACV ecoinvent.
Para Sonia, “a contribuição concreta para a consolidação do banco de inventários brasileiro é uma grande motivação para a Rede ACV”. Essa Rede foi criada em 2013, logo após a Rio+20, para promover o pensamento do ciclo de vida na tomada de decisão de empresas. Antes disso, a Life Security Energy, da qual a REBACV é membro, já promovia a adoção do pensamento do ciclo de vida em empresas. Outro movimento empresarial que inspirou a criação da Rede foi “O Futuro que Queremos”, também da Rio+20. “Não existia, até aquele momento, um ambiente onde empresas pudessem compartilhar a sua experiência na condução de estudos, na comunicação e na aplicação dos resultados desses estudos. Então, a Rede é esse ambiente de cooperação e promoção do debate da ACV e do pensamento do ciclo de vida”, acredita Sonia.
Para ela, uma grande contribuição dessa Rede é consolidar um banco de dados de inventários que sejam fieis em vários aspectos, especialmente os ambientais, da produção brasileira, ao contrário do que é representado como “Brasil” em bancos de dados internacionais.
O painel promovido pela Unep foi justamente para debater iniciativas no mundo que vão nessa direção, sejam de ONGs, como é o caso da Rede, ou da academia, que estão trabalhando em alguns países no sentido de terem dados mais representativos dos seus perfis de produção.
A iniciativa da Rede ACV se destaca das demais porque a própria Rede é um ambiente de engajamento empresarial. Na Rede, o foco são empresas em que os dados de uma ACV e de banco de dados estejam apoiando a tomada de decisão empresarial, seja no lançamento de um novo produto, na melhoria de processos, na conquista de mercados, enfim, focando na aplicação concreta da ACV em empresas.
O grupo de trabalho Banco de Dados da Rede ACV é liderado pela Embrapa e o projeto é executado pela ACVBrasil, empresa de consultoria de ACV.
A Rede tem 30 associados, a maioria empresas, mas também academia, sociedade civil, pesquisa e representantes do governo. “É importante existirem esses vários olhares, complementando-se e sendo críticos à ACV e à sua aplicação, buscando melhorias em um esforço conjunto”, diz Sonia.
História
Desde a sua criação, a principal contribuição da Rede ACV tem sido proporcionar uma maior aproximação entre importantes organizações, líderes em seus segmentos de atuação, com representantes da academia, da sociedade civil, do governo e de consultorias.
A missão da Rede é mobilizar as empresas, articular governos e educar o consumidor, visando incorporar a ACV como uma ferramenta para determinar a sustentabilidade dos produtos. Para isso, busca criar um ambiente de cooperação para o seu uso no Brasil; educar e capacitar a sociedade sobre este conceito, sua aplicação e benefícios; disponibilizar e disseminar para diversos públicos informações; além de colaborar e apoiar o governo brasileiro na consolidação do Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida.
A Rede ACV, por meio de seus seis Grupos de Trabalho (Capacitação, Comunicação, Banco de Dados, Rotulagem, Economia Circular e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), Comissão de Estudos de Metodologias e iniciativas institucionais, almeja ser referência para a aplicação e desenvolvimento da ACV no Brasil, fomentar a aplicação das boas práticas relacionadas ao tema no ambiente empresarial brasileiro, contribuindo para a defesa, preservação e conservação do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Para a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Marilia Folegatti que atua na Rede, há no Brasil uma reduzida quantidade de “datasets” que representam a realidade da agricultura e da indústria brasileira. “Por outro lado, verificamos o crescimento da demanda por estudos de ACV e o crescimento do interesse por declarações ambientais do tipo III”, explica Marilia.
Esta proposta visa aumentar a quantidade e a qualidade dos inventários que representam o Brasil, por meio de minuciosa adaptação dos “datasets” que serão concedidos pelo ecoinvent, o principal banco de dados internacional de inventários para estudos de ACV. Os resultados desse trabalho serão submetidos ao Banco Nacional de Inventário de Ciclo de Vida (SICV) para que sejam disponibilizados para toda a comunidade de ACV, além de estarem integrados ao ecoinvent, que será responsável pela manutenção e atualização desses “datasets” em versões futuras do banco de dados.
Mais informações podem ser acessadas aqui.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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