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Webinar discute soluções sustentáveis para conservação e agregação de renda aos produtores no bioma Pampa
Especialistas da Embrapa e da Alianza del Pastizal discutem, no dia 6 de setembro, alternativas produtivas e geradoras de renda de forma sustentável no bioma Pampa. O webinar, que faz parte da programação oficial da Expointer 2021, é o quarto da série “Agricultura e serviços ecossistêmicos nos biomas brasileiros", promovida pelo portfólio de projetos de Serviços Ambientais da Embrapa. O evento será transmitido no canal da instituição no YouTube, a partir das 10h.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) Rachel Bardy Prado, que é presidente do portfólio de Serviços Ambientais, essa série de webinars tem como propósito evidenciar e discutir as demandas e oportunidades que relacionam a agricultura e os serviços ecossistêmicos, visando à sustentabilidade nos diferentes biomas brasileiros. Traz sempre a visão de um especialista convidado externo e de um pesquisador da Embrapa sobre o tema, sendo os moderadores também especialistas da Embrapa relacionados ao seu portfólio de projetos.
A pesquisadora Lilian Winckler, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), que irá mediar o evento on-line, apresenta o Pampa como um bioma ainda pouco conhecido, que foi reconhecido como tal apenas em 2004. É o segundo menor bioma brasileiro, maior apenas que o Pantanal. Porém, é o único que ocupa apenas um estado no Brasil, o Rio Grande do Sul. Tem como principal característica a vegetação campestre que cobre extensas planícies e locais de relevo ondulado a fortemente ondulado. Seus ambientes, muitas vezes, são considerados erroneamente como resultado de supressão da vegetação nativa, com pouca diversidade e valor ambiental. Mas o Pampa abriga diversas espécies, as quais auxiliam na manutenção de inúmeros serviços ecossistêmicos, que podem ser afetados dependendo do uso e manejo dos recursos naturais.
Por esse motivo, Winckler afirma que conhecer alternativas de manejo sustentável, que busquem usar os recursos naturais disponíveis de maneira harmoniosa, evitando alterações ambientais irreversíveis e que mantenham os processos ecológicos, é uma forma de possibilitar ganhos econômicos e sociais, valorizando o bioma. “O desconhecimento do bioma e das suas potencialidades leva a formas de produção que desconsideram as interdependências entre vários componentes desses ecossistemas, podendo causar fragilidades pelas perdas de importantes elos nos processos ecossistêmicos”, completa.
Apesar da predominância de vegetação campestre, que atualmente cobre cerca de 31% do bioma, a vegetação nativa arbórea e arbustiva também se faz presente em cerca de 13% do bioma, tendo importante papel no entorno de cursos d’água e em partes do bioma como a serra do sudeste, onde esse tipo de formação vegetal se sobressai.
Para o pesquisador da Embrapa Clima Temperado Adalberto Miura, um dos palestrantes do webinar, múltiplos serviços ecossistêmicos (de provisão, regulação e suporte) estão sob risco, particularmente diante do cenário de mudanças climáticas. Para isso, algumas pesquisas têm sido realizadas a fim de restaurar importantes áreas do bioma.
“As estratégias de manejo e restauração da vegetação nativa se apresentam como oportunidades de geração de renda junto a agricultores e pecuaristas do Pampa, tanto pela oferta de produtos extrativistas e correto manejo da agrobiodiversidade, como pela conservação dos recursos naturais e paisagens, demonstrando e valorizando os diferentes serviços ecossistêmicos e sua importância para a resiliência das paisagens e da sociobiodiversidade do Pampa”, conclui Miura.
Conservação aliada à produção
Uma iniciativa que visa a aliar conservação do campo nativo à produção e incremento de renda para o produtor tem sido realizada pela Alianza del Pastizal Brasil. De acordo com o seu coordenador, Pedro Pasotini, também palestrante no webinar, a Alianza del Pastizal é uma iniciativa de produtores e parceiros institucionais ligados à conservação ambiental, com objetivo de desenvolver boas práticas de produção sobre os campos nativos do bioma Pampa, harmonizando ganhos produtivos com a conservação da biodiversidade e, consequentemente, os serviços ecossistêmicos inerentes a esse bioma.
“Valorizando a história e cultura do estado do Rio Grande do Sul e do gaúcho, a estratégia de exploração pecuária sobre campo nativo permite a manutenção da vegetação nativa. Com o avanço da pesquisa e tecnologias, podemos planejar sistemas pecuários cada vez mais eficientes, aumentando a produção por área e ao mesmo tempo conservando as espécies nativas, ou seja, intensificando os sistemas produtivos de forma sustentável”, ressalta Pascotini.
Para isso, segundo o coordenador, a Alianza busca difundir conhecimento em manejo e melhoramento de campo nativo, que ocorre por meio de dias de campo em unidades demonstrativas, palestras e eventos. Além disso, através de parcerias, atualmente com Sebrae/RS e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), a Alianza busca atender individualmente os produtores membros com consultorias técnicas e gerenciais. “Demonstrando a harmonia entre produção e conservação nas propriedades membros, a Alianza del Pastizal trabalha com monitoramento de avifauna, utilizando as aves como bioindicadores da conservação dos pastos nativos, da sustentabilidade do sistema e dos serviços ambientais e ecossistêmicos prestados, como conservação de solo, controle de erosão, garantia de conservação da biodiversidade, redução de gases de efeito estufa, recarga de aquíferos, entre outros”, explica.
Pascotini acrescenta que outras ações técnicas para melhorias na eficiência produtiva das propriedades certificadas, juntamente com comprovação da produção compatível com a conservação da biodiversidade, possibilitou o desenvolvimento de um núcleo de negócios da Alianza del Pastizal. Esse núcleo atua com intuito de agregar valor a produtos desenvolvidos nas propriedades certificadas, uma forma de gerar bonificação aos produtores pelos serviços ambientais prestados.
Debates em série
O webinar “Potenciais do bioma Pampa para agregação de renda ao produtor”, no dia 06/09, às 10h, tem como convidados o pesquisador Adalberto Miura (Embrapa Clima Temperado) e o coordenador nacional da Alianza del Pastizal Brasil, Pedro Pascotini, com moderação da pesquisadora Lilian Winckler (Embrapa Clima Temperado).
Este é o quarto evento da série de webinars “Agricultura e Serviços Ecossistêmicos nos biomas brasileiros". Três já foram transmitidos e estão disponíveis no canal da Embrapa:
• Pesquisa e proteção dos polinizadores no bioma Caatinga (04/06)
• Serviços ecossistêmicos em diferentes escalas para o futuro do Pantanal (02/07)
• Incêndios florestais na era da bioeconomia na Amazônia (13/8)
Diferença entre serviços ecossistêmicos e serviços ambientais
As plantas, os animais e os microrganismos, e todas as suas interações com o ambiente físico, apresentam funções biológicas que podem ser traduzidas como serviços ecossistêmicos, quando elas beneficiam o ser humano de alguma maneira. Humanidade e natureza são intimamente conectadas e interdependentes, sendo que a oferta de serviços pelos ambientes naturais é fundamental para a qualidade de vida das populações e para vários setores econômicos. São exemplos de serviços ecossistêmicos ar puro, temperaturas amenas, potencial para estocar carbono nos solos e nas florestas, água limpa e recursos genéticos, madeireiros e alimentares.
Já os serviços ambientais decorrem das ações humanas que contribuem para a manutenção e a recuperação dos serviços ecossistêmicos, tais como conservação do solo, da água, restauração ecológica, etc. Nesse sentido, os seres humanos podem proporcionar serviços ambientais mas não podem prover serviços ecossistêmicos, que dependem exclusivamente do funcionamento e da dinâmica dos ecossistemas.
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Fernando Gregio (MTb 42.280/SP)
Embrapa Solos
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