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Embrapa leva tecnologias adaptadas à agricultura sustentável à Hortitec 2023
A Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, que ocorre de 21 a 23 de junho, em Holambra, SP, será palco para a demonstração de três tecnologias da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), visando à agricultura sustentável. Cinco Unidades de Pesquisa da Embrapa participam do evento.
Considerada a mais importante exposição do setor hortifrutícola da América Latina, a feira chega à 28ª edição e reúne produtores, profissionais do setor e representantes institucionais de toda a cadeia produtiva, com a estimativa de atrair cerca de 32 mil visitantes. O público visitante é formado por produtores dedicados à produção de flores, frutas, hortaliças, florestais e demais profissionais do setor.
Sistemas Agroflorestais Agroecológicos e Biodiversos e as Abelhas-sem-ferrão
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são sistemas agrícolas que misturam no mesmo espaço ou no tempo, os cultivos agrícolas com espécies arbóreas. É reconhecido como uma importante estratégia para se alcançar sistemas de produção sustentáveis, capaz de integrar uma criação animal. Devido ao crescente interesse pelo tema é cada vez mais evidente a necessidade de formar agentes multiplicadores capazes de disseminar técnicas e métodos agroflorestais e agroecológicos para um maior número de agricultores.
O SAF está integrado à criação racional de abelhas-sem-ferrão, conhecida como meliponicultura. Esta integração se dá na medida em que as espécies vegetais do SAF fornecem recursos florais para as abelhas-sem-ferrão e as abelhas, além de produzir mel e outros produtos que podem se constituir em uma fonte alternativa de renda para os agricultores, também incrementam a produtividade dos cultivos agrícolas pela melhoria no processo de polinização.
A equipe técnica da Embrapa está avaliando espécies vegetais para o enriquecimento dos SAFs, bem como o manejo de poda de certas espécies, visando melhorar a integração entre esses dois sistemas de produção, com foco em espécies atrativas para as abelhas e que possam se beneficiar da polinização realizada por elas.
Esse sistema diversificado de produção tem muitas potencialidades. A alta diversidade de espécies contribui para uma oferta diversificada de alimento para as abelhas ao longo do tempo, garantindo o bom desenvolvimento das colônias de abelhas-sem-ferrão. Os SAFs também mantêm e melhoram a capacidade produtiva da terra, com o controle de erosão, pela redução do impacto das chuvas e das altas temperaturas e ventos. Promove a ciclagem de nutrientes e há o benefício do sombreamento, no tempo, para algumas culturas, além da melhoria nas condições microclimáticas.
Pulverizador Costal Pneumático Eletrostático Elétrico
É o protótipo funcional de um pulverizador portátil, de pequeno porte, pneumático (acionamento por ar comprimido), eletrostático (com capacidade de gerar gotas com carga estática) e elétrico (movido por energia elétrica a partir de uma bateria recarregável de 12 volts). Sua principal função é propiciar a aplicação de defensivos agrícolas (químicos ou biológicos) ou nutrientes foliares e estimulantes em geral, que sejam miscíveis em água, em culturas conduzidas em ambientes protegidos.
O equipamento é indicado para uso em culturas protegidas, instalações agrícolas ou pecuárias, hortas, e frutíferas cultivadas em pequenas áreas ou condições especiais de alto custo, ou seja, substitui o aparelho costal convencional com muita economia e maior eficiência. Além disso, pode ser usado tanto para aplicação de produtos domissanitários ou de desinfecção hospitalar, aeroviária, doméstica, etc., quanto para aplicação de medicamentos ou desinfetantes em áreas de pecuária, como estábulos e aviários ou instalações em geral.
Segundo o pesquisador Aldemir Chaim, idealizador do protótipo, “é um pulverizador multi-funcional, com altíssima eficiência de deposição de gotas e que trabalha com baixos volumes de calda, proporcionando ao mesmo tempo economia de produtos e grande eficiência de cobertura das superfícies pulverizadas”, enfatiza.
O pesquisador explica que “o pulverizador utiliza um processo pneumático de geração de gotas, com o uso de ar comprimido, semelhante às pistolas de pintura, o qual produz gotas bem pequenas, na faixa de 20 a 60 micrômetros de diâmetro, que são perfeitas para a eletroposição”.
Outra vantagem, a qual Chaim reitera, é que os pulverizadores costais pneumáticos agrícolas usam motores movidos a gasolina, sendo pesados, barulhentos e desconfortáveis para o operador, além de produzirem invariavelmente um volume muito grande de vento que, em algumas situações, é prejudicial para as culturas a serem pulverizadas. “Este novo pulverizador é alimentado por uma bateria de 12 volts e 15 amperes (Ah), de ciclo profundo, que permite no mínimo quatro horas de funcionamento contínuo do equipamento, além da bateria, que aciona o funcionamento do compressor de baixa potência e da fonte de alta tensão ao mesmo tempo”, compara.
Já o bico, especialmente desenvolvido para esse conjunto, permite variações entre 20 e 60ml/min de vazão de calda, o que proporciona um consumo entre cinco e 15 litros de calda por hectare de superfície tratada, com um deslocamento de 2,4km/hora (velocidade de caminhamento em aplicação de um ser humano normal). Assim, “considerando questões ergonômicas, o conjunto é equipado com um tanque de 3 litros de capacidade, o que resulta em um peso total, já abastecido, de aproximadamente 10 kg, bem menor do que o peso dos pulverizadores portáteis hidráulicos disponíveis no mercado”, salienta Chaim.
Outro diferencial do equipamento é que para evitar que o operador provoque ou sofra essas descargas em outras pessoas ou outros objetos, devido a sua permanência na proximidade das gotas durante a operação, o cabo da lança de aplicação foi construído com material condutor (metálico) e ligado diretamente ao fio terra do conjunto, que é continuamente arrastado sobre o solo durante as aplicações. “Essa novidade permite que o operador fique ‘aterrado’ mesmo usando calçados de borracha ou outros materiais isolantes durante o tempo de funcionamento do pulverizador”, explica Chaim.
Ele diz que o gatilho de acionamento do pulverizador também é pneumático, ou seja, funciona desviando o ar comprimido que seria destinado ao bico, cessando dessa forma a pulverização, mesmo que o compressor continue funcionando normalmente. “A eletrificação propriamente dita é feita apenas no líquido que sai do tanque (eletrificação direta) e chega ao bico por uma mangueira de PTFE (material flexível e altamente isolante), o que torna o gatilho pneumático totalmente protegido e seguro para o aplicador”, reitera.
Auras – bioinsumo para combater o estresse hídrico
O Auras é uma tecnologia resultante de mais de 12 anos de pesquisa, parceria da Embrapa Meio Ambiente com a NOOA Ciência e Tecnologia Agrícola (Patos de Minas, MG) e não tem concorrentes registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O bioinsumo, que já é usado em milho para combater o estresse hídrico nas plantas e está sendo testado em outras lavouras, como soja e feijão, é capaz de reduzir os efeitos causados pelas estiagens prolongadas, minimizando riscos e expressando o potencial das lavouras.
A tecnologia, desenvolvida pela Embrapa e produzida e distribuída, exclusivamente pela NOOA, é inspirada em plantas de regiões secas que se associam a microrganismos para tolerar o estresse hídrico e foi encontrada nas raízes do mandacaru, cacto bem conhecido no Semiárido. O bioinsumo Auras é feito a partir da bactéria Bacillus aryabhattai, presente nos solos da Caatinga. “Esses microrganismos são capazes de hidratar as raízes e atuam na fisiologia dos vegetais, fazendo com que respondam melhor à escassez de água”, resume o pesquisador Itamar de Melo, líder da pesquisa.
A ideia de pesquisar a mitigação da seca por bactérias benéficas surgiu em 2016, mas começou bem antes quando já eram analisados isolados de actinobactérias capazes de reduzir os efeitos do estresse hídrico em soja, milho e trigo em razão da produção de enzimas, fitormônios, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfato e fixação de nitrogênio”, enfatiza o pesquisador.
Melo explica que as bactérias tolerantes à seca, ao colonizar o sistema radicular das plantas sob estresse abiótico, produzem substâncias que hidratam as raízes, chamadas exopolissacarídeos. “O Auras estimula a produção de um sistema radicular mais ativo e profundo, com maior volume de radicelas, proporcionando assim maior absorção de água”, diz.
"O aumento de temperatura na planta acima de 30°C já traz efeitos negativos na fotossíntese, o que afeta diretamente a produtividade. Com o bioativo, o aproveitamento da água e sua absorção são maximizados, possibilitando à planta melhor controle da temperatura foliar e, consequentemente, uma redução do estresse térmico, em comparação com as lavouras que não utilizam o Auras”, acrescenta o diretor técnico da empresa, Marcelo Soares.
Segundo o diretor, as avaliações de campo comprovam o excelente desempenho do bioinsumo após períodos de estiagem. “O uso da tecnologia permitiu que as plantas inoculadas sentissem o efeito da estiagem dias mais tarde que as plantas sem a tecnologia, contribuindo para o sólido desenvolvimento dos cultivos em que a solução foi aplicada”, salienta Soares.
Serviço
Data: de 21 a 23 junho de 2022
Horário: dias 21 e 22, das 9h às 19h; dia 23, das 9h às 17h
Local: Pavilhão de Exposições da Expoflora, Rua Maurício de Nassau, 675, Holambra, SP.
Ingressos: R$ 50 /inteira e R$ 25/estudantes
Informações adicionais: www.hortitec.com.br ou pelo telefone (19) 3802-4196.
Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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