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Assembleia Legislativa da Bahia homenageia os 50 anos da Embrapa
Foto: Ademar Neto
Grupo de empregados da Embrapa Mandioca e Fruticultura em registro de 26 de abril, que comemorou os 50 anos da Embrapa.
Na quinta-feira, 17 de agosto, às 14h30, a Assembleia Legislativa da Bahia, localizada em Salvador, vai realizar sessão solene aberta ao público em comemoração aos 50 anos de criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
A homenagem proposta pelo deputado estadual Eduardo Salles vai acontecer no plenário do Palácio Deputado Luís Eduardo Magalhães e deve reunir empregados, colaboradores e parceiros da Embrapa Mandioca e Fruticultura, única das 43 Unidades Descentralizadas da Embrapa no estado da Bahia, localizada em Cruz das Almas, a 150 quilômetros da capital.
No hall da Assembleia serão divulgadas diversas tecnologias desenvolvidas pela Unidade de pesquisa baiana, como as bananas BRS Terra-Anã e BRS Princesa, o sistema de produção de mandioca para o semiárido, System Approach para mamão, mandiocas para mesa e indústria, abacaxi BRS Imperial, sistemas orgânicos de produção, Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura dos citros, lima-ácida Tahiti CNPMF 01 e Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária (Reniva).
Haverá degustação de abacaxi, banana e mamão desidratados, banana e aipim chips e geleias de abacaxi, acerola e maracujá — tecnologias desenvolvidas e produzidas no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos — e de beijus e pães com fécula de mandioca produzidos, respectivamente, pelos parceiros Beiju Dois Irmãos e Parati Delicatessen.
Histórico
Fundada em 1973, a Embrapa passou atuar no estado em 1975, com a criação oficial da Embrapa Mandioca e Fruticultura para executar e coordenar pesquisas para o aumento de produção e produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos, a redução dos custos de produção e a viabilização do aproveitamento de áreas subutilizadas para mandioca e fruteiras tropicais. O projeto de implantação foi elaborado com participação de especialistas de diferentes estados e instituições e aprovado pela Diretoria-Executiva da Embrapa em 1976, quando os trabalhos se iniciaram, efetivamente, focados em culturas (atualmente abacaxi, banana, citros, mamão, maracujá e mandioca) e com abrangência nacional.
“Mandioca e frutas tropicais têm enorme importância para a segurança alimentar e nutricional da população brasileira e a sustentabilidade socioeconômica de milhares de famílias. A Embrapa Mandioca e Fruticultura tem contribuído com tecnologias e apoio a políticas públicas relacionadas a essas cadeias de valor e, portanto, para o futuro da segurança alimentar em nosso país. Seguindo nesse caminho, estão em curso ações direcionadas à mitigação do efeito das mudanças climáticas e ao desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis e de tecnologias para intensificação sustentável da produção”, afirma o chefe-geral Francisco Laranjeira.
Contribuições para o Estado da Bahia
A colaboração da Embrapa Mandioca e Fruticultura tem sido importante na criação e manutenção de dezenas de polos de produção no estado, a exemplo de banana na região de Bom Jesus da Lapa, plátano (banana-da-terra) no baixo-sul, mamão no extremo-sul, abacaxi em Itaberaba e mandioca no recôncavo-sul e centro-sul. Além disso, a instituição se dedica a identificar municípios que têm potencial para a diversificação de culturas, como é o caso da citricultura nas regiões oeste, extremo-sul e Chapada Diamantina.
No início da década de 1990, com diversas instituições parceiras liderou os trabalhos de adaptação de tratamento hidrotérmico utilizado em outros países às condições nacionais e ao combate à mosca-das-frutas, o que permite, até hoje, a exportação de frutas frescas de excelente qualidade para diversos países.
Foi a parceria entre técnicos extensionistas e pesquisadores da Embrapa que conseguiu desenvolver, do zero, a cadeia produtiva do abacaxi em Itaberaba, transformando-o no maior produtor estadual da fruta. Até os anos 1980, o município do semiárido tinha tradição em pecuária de corte bovina extensiva e de caprinos e ovinos. Hoje, a cultura é predominante em pequenas propriedades, com áreas médias inferiores a três hectares, nas quais se emprega mão de obra familiar e, na maioria das vezes, sem financiamento.
No centro-sul, considerado um grande polo produtor de mandioca, trabalho científico da Embrapa evitou a erradicação da produção, especialmente em Caetité, Guanambi e Palmas de Monte Alto. O desenvolvimento da mandioca BRS Formosa, naturalmente resistente à bacteriose — doença causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. Manihotis que até hoje não possui controle químico — não só manteve a produção do polo como dispensou o uso de químicos na lavoura para o tratamento da doença.
A Unidade também desenvolve conhecimentos e tecnologias aplicáveis à fruticultura orgânica, de práticas de preparo e manejo do solo aos manejos cultural, nutricional, de irrigação, pragas, colheita e pós-colheita, com trabalhos sediados, principalmente, na Chapada Diamantina.
Quanto à cultura do mamão, a Embrapa Mandioca e Fruticultura e parceiros desenvolveram a metodologia do monitoramento de pragas do mamoeiro, que se tornou uma das principais práticas recomendadas para a Produção Integrada de Mamão, que utiliza técnicas e tecnologias que minimizam ou racionalizam o uso de agroquímicos e permite a obtenção de produtos com níveis de resíduos químicos bem abaixo dos permitidos por lei.
No Sudoeste, a presença da Embrapa é constante nos municípios de Dom Basílio e Livramento de Nossa Senhora – este último, o maior produtor brasileiro de maracujá. Os trabalhos de pesquisa e transferência de tecnologia na região levaram a Unidade a desenvolver o sistema de produção cultivo do maracujazeiro para o Estado da Bahia, disponível na internet, que inclui orientações para todas as fases da produção: tratos culturais, controle de pragas e doenças, manejo na colheita e pós-colheita, uso de agrotóxicos e mercado e comercialização.
Contribuições para o Brasil
Praticamente toda a citricultura do Nordeste e do Norte do Brasil é alicerçada nas variedades copa selecionadas e recomendadas por esta Unidade, trabalho iniciado ainda no período do antigo Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Leste (Ipeal), que antecedeu a Embrapa. Pré-imunizada naturalmente com estirpe fraca do vírus da tristeza dos citros, que funciona como uma “vacina” a essa doença, a Pera D6 se tornou, desde 1972, a única fonte de material propagativo de laranjeira-doce das duas regiões. Atualmente, a Embrapa Mandioca e Fruticultura assume papel de liderança na coordenação de projetos relacionados ao huanglongbing, a mais severa doença da citricultura, um dos agronegócios mais importantes do País.
A Unidade baiana também coordena, desde 1976, o programa de melhoramento genético de bananeira da Embrapa responsável pelo desenvolvimento de diversas variedades, inclusive a Prata-Anã e a Pacovan, as mais cultivadas no Brasil (cerca de 60% da produção).
Alianças estratégicas com iniciativa privada e organizações de produtores aprimoram a cadeia produtiva da mandioca em várias regiões e podem servir de modelo para ações integradas similares em outras partes do País, com impactos positivos para a vida de milhares de produtores. A farinha ainda é fundamental, mas a fécula ancora muitos empreendimentos, sobretudo no Centro-Sul do País. Para atender a essa demanda, a Unidade lançou variedades para a indústria com alto rendimento de amido, adaptadas a diferentes condições ambientais e com resistência a doenças e pragas.
Desafios e perspectivas
A atuação próxima à iniciativa privada se impõe pela necessidade de aumentar a velocidade de adoção dos ativos tecnológicos e a confiança da sociedade na Empresa. As ferramentas e os mecanismos da inovação aberta são aliados para vencer esses desafios.
A Unidade integra um conjunto de instituições que coordenam pesquisas que buscam o controle da murcha de Fusarium, anteriormente conhecida por mal-do-Panamá, doença de solo endêmica em todas as regiões bananicultoras do mundo e, historicamente, uma das doenças mais destrutivas da cultura. A Embrapa Mandioca e Fruticultura também lidera ações de prevenção e mitigação de riscos à entrada da raça 4 de Fusarium, ainda não presente no País.
Uma ação em parceria com empresa privada visa à produção de minimanivas de mandioca para reduzir a maior limitação da cultura: material de plantio para a rápida difusão de novas variedades ou variedades de valor. Com o mesmo objetivo, segue a a Rede Reniva, sendo que o primeiro se volta mais à produção industrial e o segundo, à agricultura familiar. Com o desenvolvimento de cultivares e melhorias no sistema de produção, espera-se chegar à sustentabilidade dos plantios.
Nos últimos anos, a Unidade investiu na agricultura digital, criando, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), aplicativos gratuitos para produtores e técnicos, como o Guia de Identificação e Controle de Pragas do Maracujazeiro (AgroPragas Maracujá) e o Sistema Integrado de Monitoramento de Pragas (SimpMamão). Também ingressou no ensino a distância, oferecendo cursos gratuitos por meio da plataforma e-Campo, vitrine coorporativa de capacitações on-line. A partir da pandemia da covid-19, a Embrapa Mandioca e Fruticultura reinventou-se e ampliou sua presença nas redes sociais ao promover webinars pelo YouTube e Facebook e ingressar no mundo dos podcasts, no LinkedIn e no Instagram, fortalecendo o relacionamento com a sociedade.
Léa Cunha (DRT-BA 1633)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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