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Manejo otimiza resultados de plantio de forrageiras no Semiárido
Foto: Eduardo Oliveira
Área de plantio do BRS Gorutuba, milho indicado para alimentação animal no Semiárido brasileiro
Estratégias de manejo como a escolha de plantas adaptadas e observação do melhor momento para o plantio podem otimizar os resultados de forrageiras no Semiárido brasileiro. As alternativas e o planejamento de agricultores podem, inclusive, minimizar os impactos de anos em que o período de chuvas tenha precipitações abaixo da média nas regiões.
Segundo o engenheiro agrônomo José Wilson Bezerra, analista de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), em anos de previsão desfavorável para a estação chuvosa, os agricultores devem ficar mais atentos a um planejamento de plantio diferente. “Haverá um espaço menor de tempo para viabilizar a cultura agrícola, então isso leva o produtor a enxergar aquilo que é mais viável, considerando o período de chuva menor”, destaca ele.
De acordo com ele, para o Semiárido brasileiro, espécies de culturas anuais como o milho, sorgo e milheto são boas alternativas para a produção de alimento para os rebanhos. Na escolha dessas plantas e de suas variedades, é importante que os agricultores observem a resistência apresentada a condições climáticas adversas, como a escassez de água, e também os períodos de ciclo das culturas.
“Existem plantas que têm maior resistência à seca. Por tradição, o milho é o que o agricultor gosta de plantar, mas nesse caso se você tem um período chuvoso de maior instabilidade você corre mais risco de plantar o milho. Se o seu objetivo é alimentar os animais, a recomendação é que você faça a escolha pelo sorgo, porque o sorgo tem maior resistência à falta de umidade”, exemplifica José Wilson, acrescentando que o milheto também surge como boa alternativa, por apresentar ciclo total menor e maior resistência à falta de água que o milho e o sorgo.
Já no caso da escolha dentro da mesma espécie de planta, o especialista indica que é importante observar diferenças de ciclos entre variedades: se a previsão é de um período de chuvas menor, cultivares de ciclos mais precoces podem ser melhor opção. “Por exemplo: o milho BRS 2022, que é um milho muito recomendado para silagem aqui em nossa região. O florescimento dele se dá em aproximadamente 62 e 65 dias. Se você optar pelo milho BRS Gorutuba, esse florescimento pode se reduzir para 50 dias. Isso já dá 12 dias de diferença, então é esse tipo de observação que o agricultor precisa fazer”, ressalta ele.
O engenheiro agrônomo chama atenção também para que os agricultores observem sempre os indicadores de previsão meteorológica de órgãos oficiais e também das recomendações para os momentos de plantio mais adequados, baseadas em pesquisas de zoneamento agrícola.
Uma ferramenta importante para se ter este tipo de informação, segundo Bezerra, é o aplicativo ZARC Plantio Certo, que orienta agricultores para as melhores datas de plantio e para taxas de risco de perdas de culturas por condições meteorológicas adversas. Esta observação, segundo ele, reduz os riscos dos veranicos – períodos em que ocorre interrupção de precipitações durante a quadra chuvosa – para o desenvolvimento das culturas agrícolas.
Diversificação de oferta de forrageiras
Outra estratégia válida para a pecuária no Semiárido é diversificar os tipos de plantas forrageiras na propriedade rural, para garantir oferta de alimento aos animais durante todo o ano. A Embrapa tem recomendado a estratégia do Cardápio Forrageiro, que combina plantas gramíneas (para pastagem e silagem), cactáceas e lenhosas para garantir pastagens e também reserva de alimento para os períodos secos.
“Quando se fala em produção de alimento volumoso para os animais, muitas vezes se dá mais atenção a gramíneas, mas temos as leguminosas: a gliricídia e a leucena são exemplo de espécies que podem ser interessantes. Depois que você as estabelece na sua área, você consegue manter essa espécie ano a ano, inclusive atravessando períodos com maior dificuldade de chuva”, ressalta José Wilson.
O agrônomo alerta, porém, que os agricultores do Semiárido devem ter formas de planejamento para ter reserva de alimento nos períodos mais críticos e também para o plantio de espécies como as leguminosas. “Em um ano com indicativo de seca, em fevereiro não dá mais para se programar para ter gliricídia na propriedade, porque é espécie que você tem que ter um planejamento anterior. O ideal é que você estruture a gliricídia em um ano de média normal de chuva, assim existe maior possibilidade de sucesso”, afirma ele.
Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1148943/1/CNPC-2023-Cardapio-forrageiro.pdf
Estratégias permanentes de convivência
De acordo com José Wilson, há alternativas de manejo de pastagens que podem ser adotadas a partir do momento em que se verifica a escassez de chuvas, como a técnica de diferimento, em que acontece a retirada dos animais de uma área de campo de forma a promover um descanso planejado da pastagem. Elas, porém, têm alcance mais limitado na mitigação dos impactos de um período seco, sendo mais recomendado que o produtor se antecipe e adote estratégias permanentes para a convivência com a seca no Semiárido brasileiro.
Essas estratégias vão além do manejo de pastagens, envolvendo também a captação de água da chuva para reserva (por meio de tecnologias como cisternas e barragens), a adoção de sistemas de irrigação de pequeno porte e a seleção de animais de raças mais rústicas para compor os rebanhos.
“Normalmente o agricultor que permanece no Semiárido já cuida bem disso, mas em anos de anormalidade na quadra chuvosa ele tem que redobrar os cuidados. Se ele tem planejamento e observa esses aspectos, estará fazendo o dever de casa para que sofra menos os efeitos da seca e das questões climáticas”, frisa o analista.
Como acessar tecnologias
- O aplicativo ZARC Plantio Certo é gratuito. O download pode ser feito via Google Play (https://play.google.com/store/apps/details?id=embrapa.br.zonamento&hl=pt_BR) ou App Store (https://apps.apple.com/br/app/plantio-certo/id1518252333)
- Orientações para composição de Cardápio Forrageiro podem ser acessadas nesta publicação: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1148943/1/CNPC-2023-Cardapio-forrageiro.pdf
- A Embrapa tem testado, em diferentes regiões do Semiárido brasileiro, cultivares de plantas forrageiras adaptadas. No projeto Forrageiras para o Semiárido (parceria entre Embrapa e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA), foram testadas gramíneas anuais, desenvolvidas pela Embrapa, para produção de silagem. Clique nos links entre parênteses para obter mais informações, inclusive de onde adquiri-las: Sorgo BRS 658 (https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/3546/sorgo-forrageiro-brs-658), Sorgo Ponta Negra (https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/524/sorgo---brs-ponta-negra), Milho Gorutuba (https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/6329/milho-brs-gorutuba), Milho BRS 2022 (https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/314/milho---brs-2022).
Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
Embrapa Caprinos e Ovinos
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