A sucessão trigo-soja é, historicamente, a principal alternativa econômica para os sistemas de produção de grãos no sul do Brasil. Entretanto, a viabilidade técnica e econômica dessa sucessão tem sido ameaçada. Nos últimos anos, mudanças no sistema de produção das duas culturas, envolvendo adoção de cultivares superprecoces, antecipação de épocas de semeadura, arranjo de plantas mais equidistantes, melhorias no manejo e fertilidade de solo, implementação de sistemas integrados de produção e estratégias de proteção de plantas, tem causado incertezas sobre qual a melhor decisão de manejo nestas duas culturas, com vistas à otimização do uso dos recursos do ambiente e manutenção da viabilidade destas culturas no sul do País. Exemplos concretos de mudanças implantadas ou em fase de adoção são: (1) a utilização de cultivares superprecoces de soja em associação com a antecipação da época de semeadura e, por consequência, pressão pela antecipação da semeadura e também cultivares com mais precocidade em trigo, visando semeadura de soja em sucessão cada vez mais no cedo; (2) a antecipação da colheita do trigo, por vezes, pelo uso de agroquímicos para reduzir o período de enchimento de grãos; e (3) opção por outros cultivos de cobertura de solo no inverno, portanto sem produção de grãos, em detrimento do trigo. O projeto em pauta buscará contribuir com o desenvolvimento de estratégias de manejo regionalizadas para o aprimoramento da sucessão trigo-soja no sul do Brasil. A macrorregião de abrangência do projeto será o sul do Brasil, com ensaios a serem conduzidos nos municípios de Vacaria/RS; Passo Fundo/RS; Três de Maio/RS; Londrina/ PR; Toledo/PR e Guarapuava/PR. Cada um destes municípios possui características peculiares em termos edafoclimáticos e de importância para as duas culturas, sendo, portanto, considerados as sedes regionalizadas de atuação do projeto. Além da Embrapa Trigo fazem parte do projeto a Embrapa Soja, a Fepagro; a PUC/Toledo; a SETREM e a FAPA/Agrária. Como resultados esperados, destacam-se: a identificação de problemas decorrentes de soluções empíricas adotadas pelos agricultores; validação de opções de manejo viáveis para melhorar o ajuste e manter a viabilidade das duas culturas; melhor caracterização da resposta dos genótipos de trigo e soja da Embrapa nos diversos ambientes do sul do País; geração de indicadores para refinamento de zoneamento agrícola; estimativa de custos de produção para diferentes opções de manejo; e a geração de indicadores que possibilitem a expansão sustentável da área cultivada com trigo no sul do Brasil.