As exportações do agro vêm impactando positivamente as contas externas brasileiras, com crescimento dos 21 bilhões de dólares no ano de 2000 para 121 bilhões de dólares em anos recentes (+485,7%). Embora o crescimento seja constante no período, o maior impacto se observa a partir de 2010, resultado em parte devido à depreciação cambial e ao crescimento da demanda internacional. As importações do setor permanecem praticamente estáveis, abaixo dos 20 bilhões de dólares. Consequentemente, o saldo comercial é elevado, alcançando 105 bilhões de dólares em 2021 (Brasil, 2022a), o que contribui para o equilíbrio das contas externas do País (Figura 17).
O aumento da demanda externa, principalmente na Ásia (China), e os preços elevados nos últimos anos permitem antever futuro promissor para as exportações setoriais. A recente dinâmica do setor e de produtos, como a soja, o milho, o algodão e carnes, deve-se ao crescimento das exportações (Contini, 2014; Jank, 2018). Em recente artigo, Vieira et al. (2021) analisam o poder das carnes como instrumento geopolítico do Brasil no mundo. Caracterizam uma região produtora nas Américas (EUA e Brasil) e duas regiões grandes consumidoras localizadas na Ásia e no Oriente Médio. Concluem que a China1 Sobre o comércio Brasil x China, particularmente em soja, ver Seixas et al. (2021). apresentará déficit crescente na próxima década, sendo uma oportunidade para o Brasil. Além de oportunidade de negócios, as exportações brasileiras respondem por parte da responsabilidade de contribuir para alimentar mais pessoas no mundo. Segundo estimativas de Contini e Aragão (2021), considerando basicamente a sua participação de grãos e oleaginosas — e carne bovina convertida em grãos —, o Brasil alimenta ao redor de 10% da população mundial, incluindo a brasileira.