Futuro: o papel da ciência, tecnologia e inovação
As projeções mundiais de aumento do consumo de água (+50%), energia (+40%) e alimentos (+35%) até 2030 são reflexos principalmente das tendências de expansão populacional, maior longevidade e aumento do poder aquisitivo de grande parte da população mundial, particularmente na Ásia, África e América Latina. Esses aspectos, associados ao processo de intensa urbanização, alterações no comportamento dos consumidores, às mudanças nas cadeias produtivas globais e aos conflitos geopolíticos, pressionam o setor agrícola no mundo inteiro para que concilie o aumento da produção de alimentos, fibras e bicombustíveis com a necessária sustentabilidade.
Internacionalmente, agendas inclusivas e integradas têm demandado das organizações de CT&I novos comprometimentos diante do desenvolvimento sustentável. Destaque pode ser dado aos ODS, coordenados pelas Nações Unidas. São 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030, com ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outras. Agricultura e alimentação estão no centro dessa agenda mundial, e o Brasil está preparado para desempenhar papel de destaque no alcance das metas estabelecidas.
Nesse contexto, a agricultura brasileira passa por profundas transformações econômicas, culturais, sociais, tecnológicas, ambientais e mercadológicas, que ocorrem em alta velocidade e em direções distintas, impactando de forma substancial o mundo rural. O conjunto mais recente de sinais e tendências globais e nacionais sobre essas transformações captado e analisado pela Embrapa e sua rede de parceiros, dando origem a um grupo de sete megatendências que, integradas, proporcionam uma visão sobre o futuro da agricultura brasileira, detalhada nos capítulos anteriores e sintetizada na figura abaixo:
O futuro da agricultura brasileira: principais sinais e tendências em cada megatendência
Processos como expansão e intensificação agrícolas serão ainda mais dinâmicos e continuarão a impulsionar a velocidade das mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura no Brasil. A conjunção desses processos tende a concentrar ainda mais a produção de grãos em larga escala no Cerrado brasileiro e com potencial expansão em novas direções para o Norte do País. A especialização e a intensificação das produções animal e vegetal serão crescentes em todas as regiões. Haverá maior contribuição desses sistemas para elevar a produtividade de forma sustentável, aumentando a oferta de alimentos, fibras e bicombustíveis no mercado interno e a diversidade da pauta de exportações.
A disponibilidade de mão de obra no campo continua em queda, decorrente não somente da tendência de concentração da riqueza, que limita as oportunidades sociais, mantendo a pobreza rural como importante desafio em algumas regiões, mas também da busca por melhores oportunidades nas cidades, especialmente pela população mais jovem. A abertura de postos de trabalho com maior nível de qualificação continuará crescente, especialmente os atrelados à intensificação tecnológica.
Ações inovadoras de governança dos processos e resultados nas cadeias produtivas deverão experimentar melhorias estratégicas. Estudos multiescalares envolvendo análises de paisagens, biomas, tanto no Brasil quanto no mundo, deverão se intensificar. Monitoramentos geoespaciais e inteligência territorial estratégica serão desafiados a integrar uma diversidade ainda maior de dados agrícolas com aspectos sociais, econômicos, ambientais, mercadológicos, de infraestrutura, de logística e armazenamento, além de viabilizar a realização de análises sob diferentes recortes geográficos.
A compreensão desses processos se tornará cada vez mais relevante para o planejamento e a tomada de decisão, tanto na esfera pública quanto privada. Serão essenciais políticas públicas inovadoras e integradas (saúde, educação– com ênfase na formação profissional –, saneamento, crédito e assistência técnica), com foco na inclusão social, na redução das desigualdades e na erradicação da pobreza rural; bem como investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento.
A sociedade terá preocupação crescente e demandará das instituições públicas e de suas políticas, bem como do setor produtivo, atenção no desenvolvimento de sistemas de produção mais sustentáveis. O Brasil poderá fortalecer seu reconhecimento e protagonismo mundial na elevação da produtividade e no aumento da oferta de produtos agrícolas com maior equilíbrio ambiental. Porém, será necessário elevar ainda mais os esforços visando à intensificação e à sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas diante da limitação de recursos naturais, especialmente água e solo, e da pressão mundial pela sustentabilidade em seus três aspectos (social, econômico e ambiental).
Sistemas de produção mais resilientes e sustentáveis serão incentivados e priorizados nas novas agendas de pesquisa de organizações públicas e privadas. No mundo rural, serão cada vez mais presentes os seguintes sistemas e processos:
- integração lavoura-pecuária-floresta;
- agrofloresta;
- agricultura orgânica;
- plantio direto;
- fixação biológica de nitrogênio;
- recuperação de pastagens degradadas;
- manejo de florestas nativas e florestas plantadas;
- otimização da irrigação,
- controle biológico de pragas e doenças;
- reciclagem de resíduos e produção protegida.
A intensificação, viabilizando de dois a três cultivos por ano em um mesmo local, será incrementada ainda mais pela inovação tecnológica, gerando maiores benefícios sociais, econômicos e ambientais. A demanda crescente por energia impulsionará ainda mais a produção de agroenergia – biocombustíveis e biogás – e das energias eólica e solar no ambiente rural. Em substituição às fontes fósseis, essas energias renováveis estarão vinculadas à intensificação agrícola e deverão amplificar as oportunidades regionais de emprego e renda.
As sinergias e interdependências do nexo água- energia-alimento irão elevar a necessidade de planejamento, implementação, monitoramento e integração de políticas econômicas, sociais e ambientais. Serviços ambientais providos nas APPs e em áreas de RL das propriedades poderão constituir um diferencial na competitividade brasileira diante dos mercados internacionais de produtos agropecuários e florestais. A multifuncionalidade do espaço rural, com a integração de atividades econômicas não agrícolas, como turismo rural e gastronomia, tende a crescer em todo o País. O desenvolvimento de métodos, indicadores e protocolos de certificação desses sistemas sustentáveis precisará ser incrementado, favorecendo a superação de possíveis dicotomias entre a produção agrícola e a preservação do meio ambiente.
Apontada por inúmeros cenários, a mudança do clima indica riscos e possíveis impactos para a agricultura em todo o mundo nas próximas décadas. A contínua discussão e análise dessas mudanças produzirão novos compromissos nacionais e internacionais. Novas tecnologias de adaptação e mitigação dos efeitos da mudança do clima deverão ser desenvolvidas e implementadas para as diferentes realidades rurais do País. A redução das emissões de GEE, a diminuição das taxas de desmatamento, o aumento das áreas com sistemas agropecuários intensivos de baixa emissão de carbono e a recuperação de áreas degradadas serão fundamentais no processo de valoração da agricultura brasileira nas negociações mundiais.
As tecnologias avançadas serão um ingrediente essencial para a sustentabilidade, porém dependentes das decisões humanas em suas formas de uso. Estudos sobre métricas de resiliência, ciclo de vida e balanço de energia de sistemas de produção animal e vegetal deverão apoiar a governança da política nacional de mudança do clima. Será necessário amplificar estudos, análises e zoneamento das potencialidades e vulnerabilidades ambientais e socioeconômicas nos diferentes biomas para o crescimento da agricultura no Brasil, com base na oferta de água e insumos.
Questões ambientais, energéticas, sanitárias (animais e vegetais), de insumos, investimentos, mercado e comercialização poderão elevar ainda mais os riscos na agricultura na próxima década. É imprescindível o enfrentamento dos riscos de forma mais articulada entre os setores público e privado, passando por sua gestão integrada. O Brasil deverá contar com novas políticas, programas e mecanismos que contribuam para minimizar riscos e diminuir o diferencial tecnológico entre as diferentes classes de produtores rurais.
Haverá uma progressiva necessidade de otimização e aperfeiçoamento do desempenho dos sistemas de produção, com melhor aproveitamento dos períodos de plantio, manejo e colheita; além da elevação da eficiência das operações no dia a dia da propriedade rural. Novas plataformas acessadas por múltiplas vias, incluindo dispositivos móveis, devem prover acesso a dados e informações estratégicas, projeções, cenários e comunicação diretamente para a sociedade, em escalas locais. Análises integradas e prospectivas deverão apoiar a tomada de decisão e incrementar a capacidade dos produtores de antecipação e de adaptação dos seus sistemas produtivos às diferentes fontes de riscos.
A agregação de valor nas cadeias produtivas agrícolas será crescente, inclusive com perspectiva de ampliação no uso da biodiversidade nativa. A diversificação e a especialização permitirão atender expectativas de uma sociedade mais exigente, sofisticada e com consumidores propensos a pagar preço-prêmio, em um ambiente em que os mercados serão ainda mais competitivos. A rastreabilidade dos produtos que contenham informações de seu local de origem, insumos utilizados, colheita, abate, processamento, conservação, qualidade, armazenamento e transporte se tornará condição essencial para atendimento ao consumidor que exigirá transparência em relação a tais características.
O desenvolvimento de alimentos e bebidas baseados em nichos de mercado, como funcionais, fortificados, reduzidos ou isentos de açúcar, sódio e gorduras trans, será ampliado. Além da nutrição, o alimento ganhará novos espaços, como seu poder de socialização, prazer sensorial e experiência cultural. Produtos com novas funcionalidades, comercialização diferenciada, terroir ou regionalidade de bebidas, queijos, embutidos, polpas, frutas e doces tendem a gerar cada vez mais empregos e renda no meio rural.
O uso de recursos biológicos renováveis será amplificado na produção de alimentos, químicos, semioquímicos, fármacos, nutracêuticos, fibras, extratos e óleos essenciais, produtos industriais e energia. A domesticação e o aproveitamento da biodiversidade nativa deverão continuar crescentes, permitindo poupar recursos naturais e fortalecer os espaços rurais com inclusão social e econômica das populações locais. Aspectos relacionados à rotulagem e às certificações, como os selos de qualidade, denominação de origem, produto orgânico e socioambiental, tendem a expressivo crescimento nas próximas décadas.
O protagonismo dos consumidores acelera movimentos globais em direção à intensificação do uso de plataformas digitais nas relações de consumo, à cocriação de produtos e serviços e à redução do desperdício de alimentos. O crescente nível de escolaridade da população adulta brasileira nas próximas décadas deverá aumentar esse protagonismo, em razão do maior acesso às informações por meio de novas mídias nos meios urbano e rural. Os avanços das mídias sociais e das plataformas de comércio eletrônico têm impulsionado grandes transformações no relacionamento, na interação e na comunicação entre produtores, comerciantes e consumidores.
A economia digital e colaborativa incrementará ainda mais as habilidades de negociação e interações do consumidor nos processos comerciais. No setor agroalimentar, isso é evidenciado pela emergência de novos modelos de negócio, como a venda direta do produtor, o desenvolvimento de alimentos a partir de excedentes e a valorização de produtos regionais, orgânicos, probióticos, vitamínicos, alergênicos, bioestimulantes, bem-estar animal, gourmet e premium. Cada pessoa pode tornar-se um produtor e/ou um criador e difundir seus próprios produtos e conteúdos por meio de suas redes de relacionamento através das plataformas digitais.
Cadeias produtivas serão mais valorizadas por causa da inclusão dos diferentes grupos sociais de produtores tradicionais e da incorporação de novas responsabilidades em seus negócios, tanto em termos de compliance, quanto pela capacidade de executar e comunicar práticas empresariais ambientalmente corretas e socialmente mais justas. As redes de fair trade tendem a maior protagonismo associado ao incremento das certificações de comércio justo, com o desenvolvimento de melhores condições de troca e a garantia dos direitos para produtores e trabalhadores.
Concomitantemente às mudanças sociais, culturais e econômicas nacionais e mundiais, a agricultura passará por novas transformações baseadas na convergência tecnológica e de conhecimentos na agricultura. A convergência das geotecnologias (GPS, Vants e sistemas de informação) com a agricultura de precisão (robótica, automação, inteligência artificial e impressoras 3D) proporcionarão novos patamares de eficiência e sustentabilidade na produção animal e vegetal via agricultura digital.
A interoperabilidade por meio da IoT permitirá ampliar a supervisão e a análise das operações nas propriedades rurais. O número de aplicativos para pequenos, médios e grandes produtores terá elevado desenvolvimento, especialmente para a gestão das áreas agrícolas, manejo de rebanhos, cotação de insumos, previsão de clima, identificação de doenças, uso de defensivos, irrigação, código florestal e comercialização. O desenvolvimento científico será ampliado com a utilização convergente das áreas de nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e ciência cognitiva (NBIC).
Abordagens e análises sistêmicas via bioinformática proporcionarão melhor compreensão sobre o funcionamento de sistemas agrícolas mais complexos e suas interações com o meio. A engenharia genética, por meio da edição genômica, tende a evoluir exponencialmente na busca de genes que conferem maior resistência e tolerância a estresses climáticos, no controle de pragas e doenças agrícolas e no melhoramento genético animal, bem como na diminuição de custos de produção e maior sustentabilidade. Rotas metabólicas inovadoras serão desenvolvidas visando à obtenção de novos bioprodutos, como cosméticos, biofármacos, bioplásticos, biofertilizantes, bioenzimas e biocombustíveis. Espera-se ainda um crescente desenvolvimento da citizen science (ciência cidadã) para melhorar a tomada de decisão de produtores rurais e políticas públicas.
Nesse paradigma, os negócios convencionais se desenvolverão sob a ótica do mercado digital. O relacionamento com clientes e consumidores será fortalecido por meio dos ecossistemas empresariais, do uso intensivo da automação e da convergência das TIC. A inteligência cognitiva computacional viabilizará a criação de novos produtos e serviços digitais para a sociedade.
Desafios comuns e transversais a todas as organizações dedicadas a CT&I agrícola
Para superar os desafios em CT&I decorrentes das megatendências e aproveitar as oportunidades em uma agricultura cada vez mais complexa e um mercado exigente em qualidade e sustentabilidade, alguns desafios serão comuns e transversais a todas as organizações dedicadas a CT&I agrícola, destacando a necessidade de:
- Fortalecer a articulação público-privada e público-pública, visando integrar investimentos e esforços estruturais diante das rupturas tecnológicas crescentes e ampliar o acesso à saúde, à educação e à segurança alimentar das comunidades rurais, a fim de minimizar as desigualdades regionais.
- Amplificar a análise integrada das incertezas e riscos econômicos, sociais e ambientais em escalas regionais e sua influência global no planejamento estratégico da organização das diferentes cadeias produtivas agrícolas.
- Definir estratégias de planejamento territorial visando ao uso e à ocupação do solo via nexo de produção alimentar e energias renováveis, conservação e preservação ambiental.
- Identificar e analisar novos padrões de consumo visando atender às crescentes exigências do consumidor em saudabilidade, praticidade, qualidade, confiabilidade, sensorialidade, prazer, sustentabilidade e ética da produção e consumo de alimentos e derivados.
- Contribuir para políticas públicas regionalizadas visando ao maior dinamismo organizacional científico-industrial- institucional, apoiando arranjos produtivos agroindustriais e sua integração aos mercados locais.
- Estabelecer novas conexões entre sistemas de conhecimento tradicionais e científicos envolvendo múltiplos atores e agentes públicos e privados para gerar inovações sociais e tecnológicas.
- Aprimorar articulações para construção de redes institucionais de múltiplos atores – do governo, da sociedade civil organizada e do setor privado – com articulações intersetoriais e intergovernamentais para desenvolver tecnologias e práticas voltadas também à agricultura urbana e periurbana.
- Melhorar a capacitação, tanto pública quanto privada, técnica e profissional, bem como o acesso a tecnologias, inovações e conhecimentos de gestão das propriedades agrícolas, a fim de atender às diferentes classes rurais e às necessidades específicas de gênero (avançando na equidade de gênero).
- Fortalecer alianças estratégicas nacionais e internacionais, conjugando atores e ações governamentais, do setor privado e da sociedade civil organizada para maior acesso a informações, tecnologias, financiamentos e mercados.
- Desenvolver estratégias de comunicação rural-urbana e Brasil-Mundo, fortalecendo a importância estratégica da produção de alimentos saudáveis e da agroenergia limpa, ambas ambientalmente sustentáveis.
Ciência, tecnologia e inovação foram pilares do desenvolvimento agrícola brasileiro nessas últimas décadas e será com essa mesma tríade, desenvolvida por fortes parcerias público-privadas orientadas por políticas públicas consistentes e efetivas, que o protagonismo da agricultura no desenvolvimento econômico, social e ambiental no País e no mundo será mantido. Para tanto, o papel das organizações públicas e privadas de CT&I, como a Embrapa, será imprescindível. As seguintes questões centrais se apresentam para o futuro das organizações: definir seu foco de atuação, reconhecendo a necessidade de realizar pesquisa e inovação responsáveis, e fomentar a adoção de novos padrões de consumo, a diversificação da produção e melhorias na governança e inovação institucional.
O Brasil alcançou seu recorde de produção de grãos na última safra, com cerca de 240 milhões de toneladas de grãos. Produz mais de 400 produtos de origem animal e vegetal, provenientes das diferentes escalas e tamanhos de unidades produtivas, os quais são consumidos internamente e exportados para mais de 150 países de todos os continentes. Os efeitos dessa condição proporcionaram preços mais acessíveis aos consumidores, elevaram a renda, geraram novos empregos e impulsionaram a participação da agricultura no PIB brasileiro. Em 2017, as exportações de produtos agropecuários alcançaram US$ 96,1 bilhões e responderam por 44,1% do total das exportações brasileiras. O sucesso competitivo e sustentável da agricultura nacional passará por sua diversidade, pluralidade e heterogeneidade, resultantes das relações culturais, sociais, econômicas e ambientais em curso e futuras.
O conjunto das megatendências e os desafios apresentados neste estudo podem moldar a agricultura do futuro e seu efeito transformador para nossa história. A população e a renda continuam crescendo e a longevidade se expandindo em âmbito global, acarretando o desafio de atender à elevação do consumo de alimentos, fibras e energia de mais de 2 bilhões de pessoas adicionais no planeta até 2030. As vulnerabilidades e incertezas são crescentes e, nesse futuro próximo, não bastará produzir maiores volumes, será imperativo produzir com mais qualidade, reduzindo custos, minimizando riscos e conservando os recursos naturais.