Frango de Corte
Melhoramento genético
Autores
Jane de Oliveira Peixoto - Embrapa Suínos e Aves
Mônica Corrêa Ledur - Embrapa Suínos e Aves
Elsio Antônio Pereira de Figueiredo - Embrapa Suínos e Aves
O melhoramento genético é o resultado de um processo de direção dos acasalamentos efetuados na raça ou linha pura para a obtenção de ganho genético e fenotípico, em características de interesse da zootecnia. Os acasalamentos mais desejáveis dentro da raça ou linha são identificados numa lista de reprodutores, machos e fêmeas, ordenado pelo valor genético da característica de interesse (seleção) e numa segunda dimensão ou oportunidade, numa lesta de linhas puras disponíveis para o cruzamento, ordenadas pela habilidade geral e específica de combinação.
O valor genético de cada indivíduo, para cada característica, é o resultado líquido de uma combinação estatística da frequência de locus e genes com efeitos positivos e negativos para aquela característica, na presença das demais características de interesse, somados ao longo de todo o genoma do animal. O ganho genético obtido nesse processo contém uma parte aditiva (grandemente decorrente da seleção), que passa de geração para geração e uma parte não aditiva, decorrente do vigor híbrido do cruzamento, que não é transmitida para a geração seguinte. Se o ambiente não for favorável às novas combinações genéticas resultantes dos acasalamentos, o ganho genético embora presente, pode não se traduzir em ganho fenotípico, por restrições de ambiente. O ganho genético pode ser ampliado conforme os seguintes fatores: a técnica estatística utilizada para estimativa do valor genético; o tamanho da população disponível para seleção; o intervalo entre gerações; o controle da consanguinidade; a herdabilidade da característica; as correlações genéticas com as demais características; e o número de características selecionadas ao mesmo tempo.
Nas últimas décadas o melhoramento genético, praticado nas linhagens de frango corte, levou a um progresso espetacular na produção de carne. Os frangos comerciais de hoje são híbridos produzidos por meio de cruzamentos entre linhagens intensivamente selecionadas para crescimento rápido, eficiência alimentar e rendimento de carne, entre outras.
O sucesso de um programa de melhoramento genético depende de metas bem definidas, coerentes com o mercado vigente, o ambiente e o bem-estar animal e que permitam maximizar a produção de carne de qualidade ao menor custo. O processo de seleção genética tem evoluído procurando melhorar características complexas como eficiência alimentar, resistência óssea, resistência ao calor, flexibilidade fisiológica e imunológica. Consiste na escolha dos animais com maior potencial genético para as características de interesse para serem utilizados como reprodutores e assim produzirem a geração seguinte. Esse processo garante a melhoria genética contínua das características de interesse em uma raça ou linhagem, ao longo das gerações, por meio da utilização da variabilidade genética existente entre os indivíduos. Os artifícios usados para isso são a seleção e o cruzamento, aproveitando-se as qualidades de um genótipo em complemento com as qualidades do outro.
Uma nova tendência das grandes empresas de genética avícola tem sido a tentativa de incorporar informações genômicas no processo seletivo das aves. As empresas de genética participam na ponta da pirâmide da cadeia de produção da carne de frango. A seleção genética é feita nas aves de pedigree, conhecidas por população elite. A partir desse rebanho elite, o progresso genético é transferido para as gerações seguintes por meio de multiplicação até ser incorporado nos frangos comerciais.
A avicultura brasileira, apesar da alta produtividade e da competitividade no comércio mundial, contudo, está fundamentada e dependente de material genético desenvolvido em outros países. O Brasil representa um grande mercado para a venda de aves melhoradas, sendo um grande importador de linhas puras e bisavós. Nas décadas de 80 e 90 a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu um programa de melhoramento genético de galinhas de postura e de frangos de corte, com a oferta das linhagens de corte Embrapa 021 e Embrapa 041 para frangos de corte industrial e colonial, respectivamente, cujo material genético atualmente faz parte de um banco de germoplasma de aves.