Importância socioeconômica

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Ari Jarbas Sandi - Embrapa Suínos e Aves

 

Durante toda história do Brasil, sempre existiu uma avicultura tradicional e familiar, conhecida popularmente como produção de frango "caipira". Em geral, as propriedades produziam carne e ovos para consumo próprio, comercializando os excedentes quando possível.

No inicio do século passado surgiram em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais as primeiras tentativas visando melhorar tecnologicamente a atividade.  

A integração, modelo largamente utilizado em todo o país, surgiu em Santa Catarina, no início dos anos 1960. Antes desta época, em São Paulo, a atividade era desenvolvida de forma independente, na qual os granjeiros adquiriam os insumos no mercado, engordavam as aves e vendiam-nas para um frigorífico abatê-las.

A atividade de produção de carne de frango foi se consolidando. Empresas que já tinham negócios na produção de suínos ou em cereais apostaram também na comercialização de carnes de frango. Elas foram impulsionadas pela oferta de créditos para investimentos de longo prazo associado, inicialmente, à utilização de tecnologias importadas, no que se refere à genética, e às técnicas ambientais, sanitárias e nutricionais de abate e processamento.

Saindo da posição de quase inexistência, no inicio dos anos 1960, a avicultura de corte no Brasil cresceu fortemente em decorrência dos avanços tecnológicos que levaram à redução da conversão alimentar, mortalidade e da idade de abate. A partir da década de 1980, o setor retraiu, devido à diminuição das vendas para o exterior causadas pelos subsídios às exportações nos Estados Unidos e na União Europeia. A recessão econômica ocorrida no Brasil nessa década também afetou o desempenho do mercado interno, uma vez que o consumo per capita permaneceu estagnado, principalmente na primeira metade da década de 1980.

Mudanças no estilo de vida da sociedade fizeram com que a indústria se adaptasse às novas necessidades e preferências dos consumidores em termos de preços e qualidade. Deste modo, novos mercados foram conquistados com a colocação de produtos mais elaborados.

Nos anos 1990, principalmente com a abertura econômica e depois com a estabilização da inflação, a agroindústria passou para a era da competitividade, onde a reestruturação tecnológica, a eficiência, a diminuição dos custos e a reestruturação administrativa das empresas transformaram-se nas estratégias de sobrevivência. Neste período a avicultura foi em busca da conquista de novos mercados oferecendo produtos de maior valor agregado.

Já nos primeiros anos deste século a avicultura vem atravessando um notável crescimento. A conquista do mercado externo veio com a comprovação da qualidade sanitária dos nossos rebanhos que conseguiram ficar ilesos aos problemas de gripe aviária que afetou a produção no resto do mundo. Por outro lado, a expressiva melhoria de renda da população brasileira nos últimos anos vem impulsionando o consumo interno do produto.

Em termos de qualidade da produção, o abate sob inspeção tem apresentado um notável crescimento no Brasil, sendo que em 2006 o número de aves abatidas sob inspeção Estadual e Federal representou 98% da produção nacional. Aliada à busca de qualidade e na procura por menores custos de produção, a indústria do frango se deslocou para regiões não tradicionais, como por exemplo, o centro-oeste brasileiro.

 

A produção de carne de frango chegou a 12,640 milhões de toneladas em 2012, uma diminuição de 3,17% em relação a 2011, quando foram produzidas 13,050 milhões de toneladas.

Com este desempenho, o Brasil se posiciona como terceiro maior produtor mundial. A China é o segundo, com uma produção de 13,700 milhões de toneladas, enquanto os Estados Unidos, com 16,476 milhões de toneladas, são o primeiro (dados de 2012).

Do volume total de frangos produzido pelo país, 69% foi destinado ao consumo interno, e 31% para exportações. Com isto, o consumo per capita de carne de frango foi de 45 quilos.