Frango de Corte
Pré-abate
Autor
Paulo Sérgio Rosa
O período pré-abate compreende o tempo decorrido desde o início do jejum de ração até a sangria dos frangos no frigorífico. Tem sido recomendado um período total de jejum de ração que varia de 10 e 12 horas, no entanto, a água só deve ser retirada momentos antes do início da apanha. As variações para o tempo de jejum são influenciadas principalmente pela idade da ave, estação do ano (clima, principalmente nas diferenças amplas de temperatura de inverno e verão) e manejo em função do número de frangos no aviário. Tempos curtos de jejum são associados à contaminação da carcaça por ração devido à ruptura do papo. Tempos longos são associados ao aumento da contaminação por fezes devido à ruptura dos intestinos, que com o passar do tempo se rompem com facilidade.
Em síntese, o jejum pré-abate é uma prática estressante, mas necessária para reduzir o conteúdo gastrointestinal das aves, diminuindo a possibilidade de contaminação da carcaça na evisceração, decorrente do rompimento do papo e dos intestinos. No planejamento para o carregamento dos frangos, que se inicia com o jejum de ração, deve-se considerar ainda o momento da retirada da água, que normalmente ocorre com o início dos preparativos para iniciar o apanhe das aves. É necessário avaliar também o tempo do carregamento propriamente dito, o tempo de viagem das aves da granja até o abatedouro e o tempo de descanso pré-abate no frigorífico.
Na hora pré-determinada para o início do carregamento, recomenda-se que as gaiolas (caixas) sejam direcionadas para dentro do aviário utilizando-se de tubos rígidos de PVC para auxiliar no deslizamento das mesmas, tanto vazias quanto com as aves para carregamento. Normalmente, as gaiolas são utilizadas como anteparo, dispostas de lado, para reduzir o espaço de fuga das aves. A equipe de apanha deve ser tranquila e eficaz, no sentido de promover um carregamento procurando minimizar o estresse causado por fraturas, arranhões e outras lesões. A equipe deve ser coordenada por pessoa responsável e experiente, sendo as orientações claras e previamente acordadas para que sejam evitadas conversas, gritos, barulhos, correrias, brincadeiras e qualquer tipo de agressividade para com os frangos. O amontoamento dos frangos nos cantos do aviário deve ser monitorado frequentemente para que se evite mortalidade durante o carregamento. O carregamento deve ocorrer num clima de tranquilidade e preferencialmente com baixa intensidade luminosa (penumbra) ou com luz azul ou verde, pois isso mantém os frangos mais tranquilos, facilitando o apanhe. O método de apanhe recomendado é pelo dorso das aves, podendo ser de duas em duas aves por vez, o que aumenta a eficiência do método. Deve-se ter o cuidado de evitar que as unhas das aves colocadas risquem o dorso daquelas que já estão dentro da caixa, isso evita condenações de partes no frigorífico. Normalmente, tem-se recomendado não se exceder 50 kg por m2 nas caixas no carregamento das aves, visando a obtenção de taxas consideradas normais de mortalidade durante o carregamento/transporte, que não deve ultrapassar a 0,5%.
No Brasil, o carregamento das aves, em sua grande maioria, é realizado de forma manual. Já existem experiências em outros países, principalmente na Europa e EUA, onde a mão de obra é valorizada, na automação total do processo de apanha (pega) das aves. Por fim, sobre o ponto de vista de economia da produção, a determinação de um tempo ótimo de jejum contribui na redução da perda de peso das aves, que tem relação com a remuneração do produtor. A perda de peso excessiva reduz o ganho do produtor e gera prejuízos para a agroindústria integradora.