Agronegócio do Leite
Células Somáticas
Autores
Maria Aparecida Brito
José Renaldi Brito
Edna Froeder Arcuri - Embrapa Gado de Leite
Carla Christine Lange - Embrapa Gado de Leite
Marcio Roberto Silva - Embrapa Gado de Leite
Guilherme Nunes de Souza - Embrapa Gado de Leite
As células somáticas do leite são constituídas principalmente pelos leucócitos, também chamados de células brancas do sangue. No leite do animal sadio, as células epiteliais representam de 0 a 7%, mas, de acordo com alguns autores, podem corresponder a até 20% do número total de células, dependendo do estágio de lactação. A passagem das células do sangue para o leite é uma conseqüência da inflamação do úbere, que, em geral, acontece em resposta a infecções causadas por bactérias e outros microrganismos. A inflamação da glândula mamária é conhecida como mastite e é geralmente desencadeada para destruir ou neutralizar as bactérias e suas toxinas e permitir que a glândula mamária volte a desempenhar sua função normal de produzir leite.
No leite de vacas sadias e que não tenham registro de infecções da glândula mamária, é encontrado um pequeno número de células somáticas. Esse número é geralmente menor que 50.000 por mL. Alguns autores, porém, consideram que o leite de uma vaca sadia pode conter até 250.000 células somáticas por mL, baseados no fato de que existem 80% de probabilidade de existência de infecção na glândula mamária quando a contagem de células somáticas no leite (CCS) é de aproximadamente 280.000/mL. A CCS tem sido usada para estimar o estado de saúde da glândula mamária, tanto de animais individualmente, quanto de rebanhos.
ESCORE DE CÉLULAS SOMÁTICAS (ESCORE LINEAR)
O escore de células somáticas, também chamado escore linear, foi adotado como um padrão pelo Programa Nacional Cooperativo de Melhoramento Genético do Gado Leiteiro (DHI), dos Estados Unidos, a partir de 1982. O escore é obtido por cálculo matemático (transformação logarítmica), em que os valores de CCS (normalmente de vários milhares) são transformados em 10 categorias de 0 a 9. A vantagem desse sistema para categorizar a CCS do leite total do rebanho é porque alterações na CCS de um pequeno número de vacas não interferem fortemente com o escore médio do rebanho. Quando se usa o sistema de escore, cerca de 50% das vacas estarão acima e as outras 50% estarão abaixo da média do rebanho.
O sistema de escores tem sido usado considerando-se as perdas em produção de leite por vaca, individualmente, e por rebanho (escore médio) (Tabela abaixo). Observou-se que a perda de produção de cada vaca em um rebanho com escore linear 3 era aproximadamente a mesma que a perda de uma vaca individualmente com escore 4.
Tabela. Correspondências entre CCS e escore linear para vacas e escore linear médio para rebanhos.
Vacas |
Rebanhos |
||
Escore linear |
CCS |
Escore linear médio |
CCS |
1 |
25.000 |
1 |
69.000 |
2 |
50.000 |
2 |
120.000 |
3 |
100.000 |
3 |
209.000 |
4 |
200.000 |
4 |
363.000 |
5 |
400.000 |
5 |
631.000 |
6 |
800.000 |
6 |
1.096.000 |
7 |
1.600.000 |
7 |
1.905.000 |
Fonte: Philpot & Nickerson (1991), com base em dados de pesquisa envolvendo 2.330 rebanhos no sudoeste dos Estados Unidos.