Agronegócio do Leite
Instalação vs. Fatores de Produção
Autor
Aloísio Torres de Campos
Instalações versus fatores de produção
Planejar instalações eficientes e econômicas requer, do projetista, a compreensão e apreciação dos objetivos da empresa rural e de seus fatores de produção: terra (fertilidade do solo e topografia), capital e mão-de-obra, associados aos componentes ambientais (insolação, temperatura, umidade, vento e precipitação) e, finalmente, os materiais de construção e técnicas disponíveis. Considerando que o fator produtivo terra não influencia diretamente sobre o tipo da instalação, o capital e a mão-de-obra, associados ao componente ambiente, obrigatoriamente devem ser considerados para o planejamento dos componentes de uma propriedade destinada à produção de leite. Nos países de pecuária de leite avançada, as instalações e equipamentos envolvem o maior investimento de capital, e seus custos anuais (juros, depreciação, manutenção, etc.) ocupam o terceiro lugar no custo de produção de leite, além de estarem diretamente inter-relacionados com quase todos os outros aspectos de manejo do gado leiteiro. Portanto, as decisões na área de construções rurais são feitas para longo prazo, pois as instalações apresentam vida útil de 20 a 40 anos, enquanto a utilização dos equipamentos está entre 5 e 15 anos; assim, grandes mudanças ou adaptações nesse período tornam-se caras e inadequadas.
Fatores que afetam a escolha das instalações
Fatores econômicos e técnicos, bem como a preferência por um determinado sistema, irão influenciar o produtor na escolha do tipo de instalação para o seu sistema de produção. O gado leiteiro pode alojar-se em instalações simples e baratas, desde que proporcionem aos animais condições de conforto e espaço, proteção e um ambiente limpo, seco e de boas condições sanitárias, para evitar doenças e favorecer a produção higiênica do leite. Alguns princípios básicos devem ser considerados no planejamento e escolha das instalações.
Localização
As instalações devem ser localizadas, quando possível, em área ampla, bem ventilada e ensolarada, de fácil acesso, livre de ventos frios, de boa drenagem e relativamente distante de construções particulares, para evitar possíveis problemas com doenças, moscas e odores. No local deve existir água de boa qualidade e energia elétrica. Terrenos declivosos exigem terraplenagem com grandes movimentos de terra, originando barrancos altos que, além de onerar o custo de implantação das instalações bloqueiam a ventilação natural que é um importante fator de conforto em climas quentes. Entretanto, uma encosta suave evita grandes movimentos de terra e permite boa drenagem de águas pluviais. Os ventos frios e dominantes são indesejáveis por incomodar os homens e os animais e por causarem doenças do aparelho respiratório, principalmente nos animais novos.
Tamanho ou capacidade
As instalações devem ser em número suficiente e bem dimensionadas para alojar os animais jovens e adultos, em suas diversas categorias, em função da evolução atual e futura do rebanho. Também devem oferecer condições adequadas para que os animais sejam bem manejados e alimentados.
Tipo de instalação
A escolha do tipo de instalação depende, entre outros fatores, do capital disponível e do custo da instalação, tamanho do rebanho, disponibilidade e qualidade da mão-de-obra e da preferência do produtor. A instalação escolhida deve proporcionar alto grau de eficiência da mão-de-obra envolvida com a movimentação de alimentos, esterco, leite e animais. O volume de trabalho de cada uma dessas atividades é considerável. Executar cada uma dessas tarefas por meios mecânicos (raspadores, sistemas de lavagem, tubulação, portões de arrebanhamento, etc.) aumenta significativamente a eficiência da mão-de-obra. Evitando-se, durante a construção, os cantos, os corredores estreitos e afunilados, degraus e pisos escorregadios, melhora-se a locomoção dos animais e minimizam-se os riscos de traumatismos, principalmente dos membros e úbere.