Heterose ou Vigor Híbrido

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Rui da Silva Verneque - Embrapa Gado de Leite

Roberto Luiz Teodoro

Mário Luiz Martinez

Nilson Milagres Teixeira

Ary Ferreira de Freitas

Cláudio Nápolis Costa - Embrapa Gado de Leite

 

 

O objetivo do cruzamento é obter um melhoramento genético rápido, reunindo em um só animal as boas características de duas ou mais raças,  aproveitando-se a heterose ou vigor  híbrido. A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais. A heterose é mais pronunciada quanto mais divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento e mais adversas forem as condições de manejo. Existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre as raças Holandesa e Zebu. A heterose afeta características particulares e não o indivíduo como um todo. A heterose é máxima nos animais F1 ou de ‘primeira cruza’. O F1 reúne as boas características de ambos os progenitores. No caso do cruzamento de uma vaca Gir com um touro Holandês, as fêmeas F1 vão apresentar maior precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do Holandês) do que a Gir, e maior resistência a parasitas externos (ectoparasitas) (Veja Tabela 1 em Vacas Mestiças ), mais tolerância ao calor e maior rusticidade do que o Holandês. A performance (produção) do indivíduo F1 vai depender da qualidade genética dos progenitores (do touro e da vaca). Assim, existem bons e maus animais F1 (ou meio-sangue), refletindo a qualidade genética do touro e da vaca envolvidos no cruzamento. Portanto, é importante utilizar sempre touros provados para leite, sejam eles Europeus ou Zebus.

Até início dos anos 90, a recomendação para se obter F1 era  cruzando vacas Gir com touros Holandeses . Isso porque a população de Gir era grande, a vaca Gir era  relativamente de baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados para leite, sendo as vacas Holandesas de maior valor. Desde 1993, dispõe-se de touros Gir leiteiro provados para produção de leite. Também, as vacas Holandesas não estão com preço muito elevado, enquanto a população de Gir  diminuiu. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas Gir  com touro Holandês, como o cruzamento recíproco, vacas Holandesas com touro Gir. Geneticamente, a qualidade do F1 é a mesma, com o mesmo potencial de produção de leite. Pode haver efeito materno no tamanho dos animais  F1, sendo os filhos das vacas Holandesas maiores.