Agronegócio do Leite
Reprodução
Autores
Ademir de Moraes Ferreira
Wanderley Ferreira de Sá
João Henrique Moreira Viana - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Luiz Sérgio Almeida Camargo - Embrapa Gado de Leite
Reprodução é a multiplicação da espécie pelo acasalamento ou pela inseminação artificial. Uma boa eficiência reprodutiva permite maior vida útil dos animais e mais nascimentos de bezerros.
As novilhas estarão aptas para a reprodução ao atingirem determinado peso vivo, conforme mostrado na Tabela 1. A idade para se atingir o peso ideal vai depender do nível de manejo, alimentação e cuidados sanitários.
Tabela 1. Peso vivo de novilhas aptas para reprodução.
Liberar para reprodução |
1o Parto |
|||
Peso(Kg) |
Idade(meses) |
Peso(Kg) |
Idade(meses) |
|
Holandesa |
330-340 kg |
15-18 meses |
500-550 kg |
24-27 meses |
Mestiça HZ |
320 kg |
20-24 meses |
450-500 kg |
31-33 meses |
Jersey |
230-240 kg |
15 meses |
360 kg |
24 meses |
Mestiça JZ |
270-280 kg |
20-22 meses |
420 kg |
29-31 meses |
Os reprodutores, quando bem alimentados, ao atingirem 16 meses de idade, estarão aptos para efetuar duas coberturas por semana.
As vacas leiteiras devem ser cobertas ou inseminadas, no primeiro cio, a partir de 45 dias após a parição.
Considerações Gerais
A pecuária leiteira brasileira convive há quase um século com baixa produtividade, mantendo-se quase estagnada por todo esse período. Esse fato faz que o retorno econômico esteja muito aquém do potencial da atividade. A produção de leite no Brasil elevou-se de 5 bilhões de litros/ano em 1960 para cerca de 23 bilhões de litros em 2000. Esse acréscimo de 18 bilhões de litros em 40 anos ocorreu nos primeiros 30 anos mais pelo aumento do número de vacas ordenhadas, enquanto nos últimos 10 anos observou-se uma melhoria significativa na produtividade. Na verdade, a atividade vem se caracterizando pelo conservadorismo e extrativismo marcantes.
A baixa produtividade dos rebanhos bovinos leiteiros no Brasil (litros de leite por vaca/ano, por ha/ano e por dia de intervalo de partos) deve-se essencialmente a dois fatores:
a. Mau desempenho reprodutivo, representado pela idade avançada ao primeiro parto e longo intervalo de partos.
b. Qualidade genética inferior dos animais, resultando em baixa produção por lactação, lactações curtas e baixa persistência na produção.
Para que a produção de leite seja mais econômica e competitiva, o único caminho é o aumento da produtividade sem perder de vista a lucratividade. Isso exige uma reformulação de conceitos ultrapassados e um novo enfoque na assistência técnica, que deve direcionar seus esforços mais para programas de fomento e preventivos, modificando o enfoque ainda predominante mais voltado para o aspecto curativo. É necessário que o trabalho de assistência efetuado em cada propriedade, ou pelo menos naquelas com condições, englobe as funções referentes a planejamento, organização, execução e controle (zootécnico e econômico), fatores primordiais para o sucesso do empreendimento. Afinal, quantos dos produtores (%) anotam o dia em que a vaca pariu, sem o que é impossível calcular o intervalo de partos? Qual o percentual de produtores que faz controle leiteiro do rebanho, pelo menos uma vez por mês, sabendo-se que essa atividade é imprescindível para qualquer programa de melhoramento genético?
A maioria dos produtores desconhece a importância e a maneira de se efetuar um efetivo controle sanitário, bem como várias técnicas de manejo e de cuidados com a alimentação, disponíveis e indispensáveis à melhoria da eficiência na atividade leiteira. Cabe aos técnicos a grande responsabilidade de reverter a situação atual, levando ao conhecimento dos produtores modernas técnicas ou informações capazes de melhorar os índices zootécnicos do rebanho. Depois de conhecerem as novas tecnologias, mas impossibilitados ou não dispostos a adotá-las, os próprios produtores passam a ser responsáveis pela manutenção dos baixos índices zootécnicos.
Novas pesquisas sempre serão necessárias, mas é importante enfatizar que já existem inúmeras informações ou tecnologias geradas pelos resultados de pesquisas disponíveis para aplicação imediata pelos produtores, capazes de reduzir seus custos de produção de leite, desde que corretamente utilizadas. A avaliação zootécnica dos resultados de pesquisas sempre deveria ser acompanhada de uma rigorosa análise econômica, de maneira que o produtor pudesse ter uma certa garantia de retorno do capital investido, evitando-se assim uma ocorrência que vem se tornando comum da adoção e posterior abandono de determinadas tecnologias, em razão da não-obtenção dos resultados econômicos esperados. Também as freqüentes oscilações no preço do leite têm contribuído para o desestímulo ao uso de muitas tecnologias.
No Brasil, é possível se obter o intervalo de partos (IP) desejável de 12 meses nos estados ou regiões sob influência de clima tropical, principalmente com rebanhos bovinos mestiços (Holandês x Zebu), utilizando-se as tecnologias já existentes em Universidades e/ou Centros de Pesquisa Agropecuária. Entretanto, o IP médio em rebanhos brasileiros continua longo, devido, em grande parte, à falta de acesso dos produtores às informações tecnológicas disponíveis, conseqüência do número insuficiente de técnicos em relação ao número excessivo de produtores e/ou impossibilidade de pagamento de assistência técnica pela baixa rentabilidade do setor.
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