Agronegócio do Leite
Escrituração Zootécnica
Autores
Ademir de Moraes Ferreira
Wanderley Ferreira de Sá
João Henrique Moreira Viana - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Luiz Sérgio Almeida Camargo - Embrapa Gado de Leite
Ao se implantar a assistência técnica na fazenda leiteira, algumas metas ou pretensões devem ser inicialmente determinadas, de acordo com os objetivos principais definidos pelo produtor ou proprietário, com base nas quais se deverá indicar ou priorizar as atividades a serem desenvolvidas dentro de um planejamento proposto.
Uma vez discutidas e estabelecidas as metas gerais, ou seja, o que (leite), com que (tipo de gado), como (manejo a ser utilizado) e quanto (litros/dia) se deseja produzir em um período fixado, caberá se definir o número de animais no rebanho, o que dependerá diretamente do potencial de produção de alimentos e das condições de manejo possíveis de serem oferecidas.
Para se conhecer a situação reprodutiva inicial do rebanho, todos os animais aptos para a reprodução (vacas e novilhas acima de 340 kg de peso vivo) devem ser submetidos a exame ginecológico. Com base nesses resultados, os animais podem ser separados em grupos, de acordo com a condição reprodutiva e produtiva de cada um (Tabela 1).
Tabela 1. Grupos de animais em função da condição produtiva e reprodutiva do rebanho leiteiro.
Condição produtiva |
Condição reprodutiva |
Grupos |
Desejado (%) |
Vacas em lactação |
Não-gestantes (Vazias) |
1 |
25% |
Gestantes |
2 |
58% |
|
Vacas Secas |
Gestantes |
3 |
17% |
Não-gestantes (Vazias) |
4 |
Zero |
Embora todos os animais do rebanho devam ser adequadamente alimentados e manejados, verifica-se na Tabela 1 que a prioridade em termos de uma melhor nutrição quanti-qualitativa seria para o grupo um, visando a atender à produção de leite (em lactação) e à reprodução (não-gestante). Em rebanhos bem manejados, o grupo quatro (secas e não-gestantes) não deveria existir, mas no levantamento ginecológico inicial de qualquer rebanho quase sempre são encontrados animais nessa condição.
Em seguida, as informações obtidas são colocadas em fichas ou programas de computador apropriados para o controle reprodutivo, o qual deverá estar associado aos controles leiteiro e econômico. Em função da situação atual do rebanho, deverão ser elaborados os índices possíveis de serem obtidos em curto, médio ou longo prazo: intervalo de partos, taxas (%) de prenhez, de vacas em lactação e de natalidade etc. A constatação da situação inicial é importante também para comparações futuras, visando a analisar a eficácia do atendimento técnico posto em prática.
Ao se estabelecer as metas a serem alcançadas em um determinado período, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos:
· Situação atual da propriedade.
- Situação produtiva, reprodutiva e sanitária do rebanho.
- Interesse e participação efetiva do proprietário.
- Eficiência e colaboração da mão-de-obra envolvida.
- Necessidade e capacidade de investimento.
É importante não se estabelecer metas muito audaciosas no início dos trabalhos. Isso porque as metas não são estáticas. Deve-se, ao final de um certo período, fazer nova avaliação, e estabelecer novas metas de acordo com os resultados obtidos, melhoria já alcançada e nova situação da propriedade. Sabe-se que os ganhos iniciais em performance são sempre maiores, ou seja, é mais fácil a redução de um intervalo de partos médio de 17 meses de um determinado rebanho, do que de 13 meses em outro rebanho.
Na Tabela 2, são mostrados alguns índices de desempenho produtivo e reprodutivo considerados Ideal, Bom ou Regular, bem como a média desses índices verificados nos rebanhos bovinos leiteiros do Brasil. Com base nessas informações, pode-se definir algumas possíveis metas.
Tabela 2. Principais índices produtivos e reprodutivos para rebanhos bovinos leiteiros.
Índices |
Ideal |
Bom |
Regular |
Média brasileira |
Intervalo de partos(dias) |
Até 380 |
381– 425 |
426 - 471 |
> 19 |
(Meses) |
(12,5) |
(12,5- 14) |
(14 -15,5) |
|
Período de serviço(dias) |
Até 100 |
101 - 145 |
146 - 190 |
> 285 |
Intervalo parto e 1o Cio(dias) |
20 - 30 |
31 - 50 |
51 - 70 |
> 100 |
Prenhez ao 1o Serviço (%) |
65 - 75 |
58 - 64 |
50 - 57 |
< 50 |
N.º Serviços por concepção |
Até 1,5 |
1,6 - 1,7 |
1,8 - 1,9 |
> 2,0 |
Escore corporal ao parto |
4 |
4 (-) |
3,5 |
< 3,0 |
Idade ao 1o Parto (meses) |
||||
Hpb |
24 - 26 |
27 - 30 |
31 - 33 |
> 36 |
Mestiças hz |
29 - 31 |
32 - 34 |
35 - 36 |
> 42 |
Idade cobrição novilhas(meses) |
||||
HPB |
15 - 17 |
18 - 21 |
22 - 24 |
> 27 |
Mestiças Hz |
21 - 22 |
23 - 25 |
26 - 27 |
> 33 |
Pv mestiças: 6 meses | ||||
12 (200 kg)-18 (280 kg)-24 (320 kg) | - | - | - | - |
Problemas reprodutivos (%) | < 10 | 11 - 13 | 14 -16 | > 40 |
Período lactação (meses) | 10 -12 | 9 - 10 | 8 - 9 | < 8 |
Vacas em lactação (%) | 80 - 83 | 70 -79 | 60 - 69 | £ 50 |
Descarte vacas/ano (%) | 20 - 25 | 15 - 20 | 10 -15 | ? |
Produção vaca/ano (1.000 kg) | ||||
HPB | 6 - 7 | 5 - 6 | 4 - 5 | ? |
Mestiças Hz | 3,5 - 4 | 2,5 - 3,5 | 1,5 - 2,5 | < 1,5 |
Produção por dia de IP (kg) | ||||
HPB | 15 - 16 | 14 - 15 | 13 - 14 | ? |
Mestiças Hz | 10 - 11 | 9 - 10 | 8 - 9 | £ 3 |
Persistência produção (%) | 89 - 90 | 70 - 80 | 60 – 70 | < 60 |
4o Mês pp=50-60 % produção | ||||
Secagem=45-55% produção ao pico |
Controle Reprodutivo | |
Como deve ser feito o Controle Reprodutivo |
Importância Econômica de intervalos entre partos | |
Influência do Intervalo de partos na produção de leite e de bezerros. |
Condição Corporal | |
Avaliação da Condição Corporal |