Escrituração Zootécnica

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Ademir de Moraes Ferreira

Wanderley Ferreira de Sá

João Henrique Moreira Viana - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

Luiz Sérgio Almeida Camargo - Embrapa Gado de Leite

 

 

Ao se implantar a assistência técnica na fazenda leiteira, algumas metas ou pretensões devem ser inicialmente determinadas, de acordo com os objetivos principais definidos pelo produtor ou proprietário, com base nas quais se deverá indicar ou priorizar as atividades a serem desenvolvidas dentro de um planejamento proposto.

Uma vez discutidas e estabelecidas as metas gerais, ou seja, o que (leite), com que (tipo de gado), como (manejo a ser utilizado) e quanto (litros/dia) se deseja produzir em um período fixado, caberá se definir o número de animais no rebanho, o que dependerá diretamente do potencial de produção de alimentos e das condições de manejo possíveis de serem oferecidas.

Para se conhecer a situação reprodutiva inicial do rebanho, todos os animais aptos para a reprodução (vacas e novilhas acima de 340 kg de peso vivo) devem ser submetidos a exame ginecológico. Com base nesses resultados, os animais podem ser separados em grupos, de acordo com a condição reprodutiva e produtiva de cada um (Tabela 1).

 

Tabela 1. Grupos de animais em função da condição produtiva e reprodutiva do rebanho leiteiro.

Condição produtiva

Condição reprodutiva

Grupos

Desejado (%)

Vacas em lactação

Não-gestantes (Vazias)

1

25%

Gestantes

2

58%

Vacas Secas

Gestantes

3

17%

Não-gestantes (Vazias)

4

Zero

 

Embora todos os animais do rebanho devam ser adequadamente alimentados e manejados, verifica-se na Tabela 1 que a prioridade em termos de uma melhor nutrição quanti-qualitativa seria para o grupo um, visando a atender à produção de leite (em lactação) e à reprodução (não-gestante). Em rebanhos bem manejados, o grupo quatro (secas e não-gestantes) não deveria existir, mas no levantamento ginecológico inicial de qualquer rebanho quase sempre são encontrados animais nessa condição.

Em seguida, as informações obtidas são colocadas em fichas ou programas de computador apropriados para o controle reprodutivo, o qual deverá estar associado aos controles leiteiro e econômico. Em função da situação atual do rebanho, deverão ser elaborados os índices possíveis de serem obtidos em curto, médio ou longo prazo: intervalo de partos, taxas (%) de prenhez, de vacas em lactação e de natalidade etc. A constatação da situação inicial é importante também para comparações futuras, visando a analisar a eficácia do atendimento técnico posto em prática.

Ao se estabelecer as metas a serem alcançadas em um determinado período, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos:

·         Situação atual da propriedade.

  • Situação produtiva, reprodutiva e sanitária do rebanho.
  • Interesse e participação efetiva do proprietário.
  • Eficiência e colaboração da mão-de-obra envolvida.
  • Necessidade e capacidade de investimento.

É importante não se estabelecer metas muito audaciosas no início dos trabalhos. Isso porque as metas não são estáticas. Deve-se, ao final de um certo período, fazer nova avaliação, e estabelecer novas metas de acordo com os resultados obtidos, melhoria já alcançada e nova situação da propriedade. Sabe-se que os ganhos iniciais em performance são sempre maiores, ou seja, é mais fácil a redução de um intervalo de partos médio de 17 meses de um determinado rebanho, do que de 13 meses em outro rebanho.

Na Tabela 2, são mostrados alguns índices de desempenho produtivo e reprodutivo considerados Ideal, Bom ou Regular, bem como a média desses índices verificados nos rebanhos bovinos leiteiros do Brasil. Com base nessas informações, pode-se definir algumas possíveis metas.

 

Tabela 2. Principais índices produtivos e reprodutivos para rebanhos bovinos leiteiros.

Índices

Ideal

Bom

Regular

Média brasileira

Intervalo de partos(dias)

Até 380

381– 425

426 - 471

> 19

(Meses)

(12,5)

(12,5- 14)

(14 -15,5)

Período de serviço(dias)

Até 100

101 - 145

146 - 190

> 285

Intervalo parto e 1o Cio(dias)

20 - 30

31 - 50

51 - 70

> 100

Prenhez ao 1o Serviço (%)

65 - 75

58 - 64

50 - 57

< 50

N.º Serviços por concepção

Até 1,5

1,6 - 1,7

1,8 - 1,9

> 2,0

Escore corporal ao parto

4

4 (-)

3,5

< 3,0

Idade ao 1o Parto (meses)

       

Hpb

24 - 26

27 - 30

31 - 33

> 36

Mestiças hz

29 - 31

32 - 34

35 - 36

> 42

Idade cobrição novilhas(meses)

       

HPB

15 - 17

18 - 21

22 - 24

> 27

Mestiças Hz

21 - 22

23 - 25

26 - 27

> 33

Pv mestiças: 6 meses
(120 kg)

       

12 (200 kg)-18 (280 kg)-24 (320 kg)

-

-

-

-

Problemas reprodutivos (%)

< 10

11 - 13

14 -16

> 40

Período lactação (meses)

10 -12

9 - 10

8 - 9

< 8

Vacas em lactação (%)

80 - 83

70 -79

60 - 69

£ 50

Descarte vacas/ano (%)

20 - 25

15 - 20

10 -15

?

Produção vaca/ano (1.000 kg)

       

HPB

6 - 7

5 - 6

4 - 5

?

Mestiças Hz

3,5 - 4

2,5 - 3,5

1,5 - 2,5

< 1,5

Produção por dia de IP (kg)

       

HPB

15 - 16

14 - 15

13 - 14

?

Mestiças Hz

10 - 11

9 - 10

8 - 9

£ 3

Persistência produção (%)

89 - 90

70 - 80

60 – 70

< 60

4o Mês pp=50-60 % produção

       

Secagem=45-55% produção ao pico

       

 

 

Controle Reprodutivo
  Como deve ser feito o Controle Reprodutivo
Importância Econômica de intervalos entre partos
  Influência do Intervalo de partos na produção de leite e de bezerros.
Condição Corporal
  Avaliação da Condição Corporal