Agronegócio do Leite
Inseminação Artificial
Autores
Ademir de Moraes Ferreira
Wanderley Ferreira de Sá
João Henrique Moreira Viana - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Luiz Sérgio Almeida Camargo - Embrapa Gado de Leite
É um processo de reprodução em que o sêmen é colocado no útero da vaca em cio pelo homem, usando equipamentos especiais, visando à sua fecundação.
As vacas, para serem inseminadas, devem estar bem nutridas, saudáveis e sem problemas de reprodução. O sucesso da inseminação artificial depende também do máximo cuidado de higiene.
Quando a vaca aparece em cio pela manhã, deve ser inseminada à tarde, e quando aparece em cio à tarde, deve ser inseminada na manhã do dia seguinte. O melhor momento para se fazer a inseminação é quando a fêmea não monta mais nas companheiras do rebanho, e não se deixa montar nem mesmo pelo rufião.
A vaca não deve ser inseminada até uma hora após a ordenha, e a inseminação artificial deve ser feita em brete coberto.
Vantagens da inseminação artificial
o Possibilita o uso de sêmen de touros provados.
o Economiza na manutenção do rebanho pela ausência do reprodutor na propriedade.
o Possibilita baixo investimento em relação à aquisição de um bom reprodutor.
o Evita a transmissão de doenças pelo touro.
o Valoriza o rebanho pela qualidade dos animais.
o Permite o cruzamento alternado de raças diferentes.
o Possibilita a melhoria de certos caracteres desejáveis.
o Facilita anotações e registros.
o Estimula o produtor a aprimorar o manejo do rebanho.
Limitações da inseminação artificial
o Necessita de pessoal habilitado.
o Necessita de assistência técnica periódica por técnico especializado.
o Acarreta maior perda de cios.
o Aumenta gastos com mão-de-obra e equipamentos (botijão, pipeta, luvas etc.).
o Acarreta gastos com reabastecimento periódico de nitrogênio.
Procedimentos para a Inseminação Artificial
o Selecionar as fêmeas para inseminação artificial. Todas as fêmeas do rebanho em idade de reprodução devem ser submetidas a exame ginecológico, para selecionar os animais aptos para o programa.
o Identificar a vaca em cio. Consulte a ficha da vaca e verifique:
Þ se está parida há mais de 45 dias.
Þ se os cios têm intervalos normais (18 a 24 dias).
Þ se não foi inseminada mais de três vezes.
Caso essas condições estejam atendidas, insemine; caso contrário, comunicar ao médico veterinário.
o Conduzir a vaca em cio para o local da inseminação artificial.
o Higienizar a vulva da vaca. A vulva deve ser limpa com papel-toalha ou higiênico. Estando muito suja, lavar com água e enxugar com papel-toalha ou higiênico.
o Examinar o aspecto do muco uterino. O muco normal é límpido e cristalino, semelhante à clara de ovo. Havendo presença de pus, não insemine. A vaca estando em condições, insemine.
Separar o material a ser utilizado
§ Botijão de nitrogênio com sêmen.
§ Bainha de plástico.
§ Aplicador universal.
§ Luvas de plástico.
§ Papel higiênico ou toalha.
§ Tesoura e pinça hemostática.
§ Recipiente para água, termômetro e aquecedor.
§ Abrir a tampa do botijão e localizar o sêmen a ser usado.
§ Levantar o caneco (canister) até o nível do gargalo. O caneco pode ser mantido nesta posição no máximo até dez segundos.
§ Suspender o copinho, pinçando a palheta, que contém o sêmen escolhido.
§ Fechar o botijão de nitrogênio.
§ Descongelar o sêmen. A palheta que contém o sêmen é descongelada em água a 35oC por 15 a 20 segundos.
§ Enxaguar a palheta com papel toalha ou higiênico e confirmar se a palheta é do touro desejado.
§ Montar o aplicador de sêmen.
§ Cortar a ponta da palheta em ângulo reto, com uma tesoura.
§ Montar a palheta na bainha de plástico.
§ Encaixar o aplicador universal na bainha.
Inseminar a vaca
o Levar o aplicador de sêmen na boca, até o local de inseminação, mantendo as mãos livres. O aplicador não deve tocar no tronco, na vaca ou em outro objeto. O inseminador deve estar com as mãos livres para abrir a porta do tronco, calçar as luvas e outras operações necessárias.
o Colocar a luva de plástico para inseminar.
o Introduzir a mão e o braço com luva no reto da vaca. Caso as fezes existentes no reto estejam atrapalhando a manipulação da cérvix, devem ser retiradas.
o Limpar bem a vulva com papel toalha ou higiênico. Caso esteja muito suja, lavar com água e, depois, enxugar com papel-toalha ou higiênico.
o Abrir os lábios da vulva, de preferência com a ajuda de um auxiliar.
o Introduzir suavemente o aplicador na vagina da vaca até próximo ao fundo do saco vaginal. Quando da introdução, a ponta do aplicador não deve ser direcionada para baixo, pelo risco de atingir o meato urinário.
o Localizar e fixar a cérvix com a mão introduzida no reto.
o Trazer a ponta do aplicador para o orifício de entrada da cérvix, usando o dedo polegar como orientador.
o Introduzir a pipeta através da cérvix. Com a mão que fixa a cérvix avançar a pipeta promovendo delicados movimentos. A pipeta deve ser pressionada levemente apenas para não retroceder. A operação Termina quando todos os anéis da cérvix são ultrapassados, o que é conferido pelo toque do dedo indicador.
o Observação: a passagem da pipeta não deve ser forçada.
o Pressionar o êmbolo do aplicador para depositar lentamente o sêmen após o último anel.
o Retirar lentamente o aplicador e o braço do reto.
o Observação: não deve permanecer sêmen na palheta. A bainha de plástico utilizada deve ser envolvida com a luva e jogada na lata de lixo.
o Fazer uma leve massagem no clitóris durante 10 segundos.
o Soltar a vaca evitando possíveis estresses (longa caminhada, corrida, pancada, sol etc.)
Depois da inseminação, lavar, desinfetar e guardar o material em local apropriado e anotar na ficha de controle reprodutivo: a data da inseminação, nome e número do reprodutor, inseminador e quaisquer anormalidades.
Observação: o nível de nitrogênio no botijão de sêmen deve ser verificado periodicamente.