Alimentação restrita

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Jorge Vitor Ludke - Embrapa Suínos e Aves

Gustavo Júlio Mello Monteiro de Lima

Dirceu Luiz Zanotto

Claudio Bellaver

 

No sistema de alimentação com restrição um ou mais nutrientes são fornecidos na quantidade ou proporção não suficiente para permitir o máximo ganho de peso. As quantidades são restritas a níveis abaixo do máximo consumo voluntário e podem ser fornecidas em uma só vez, ou ser divididas em várias porções iguais durante o dia. O objetivo da restrição para suínos em terminação é a redução da quantidade de gordura e o aumento da proporção de tecido magro na carcaça.

 A restrição alimentar está baseada na proporção relativa que cada componente do ganho de peso assume em função da intensidade desse ganho nas diversas fases de vida do suíno. Durante a fase inicial (até 20 kg de peso vivo) e no crescimento (até 55 kg de peso vivo) a deposição de tecido muscular é alta enquanto a deposição de gordura é baixa. Com o avançar da idade, a taxa de ganho em tecido magro atinge um platô, isto é, um nível máximo, enquanto a taxa de deposição de gordura aumenta assumindo a maior proporção do ganho de peso. Assim, na fase de terminação, o objetivo é restringir o ganho de peso diário reduzindo uma fração do ganho de gordura, de modo a não permitir uma deposição excessiva dessa gordura na carcaça.

Sob condições nutricionais adequadas e para cada genótipo específico a determinação do ganho de peso ideal (que maximiza a percentagem de carne na carcaça) é o ponto de partida que permite a recomendação ou não da restrição alimentar. Existe uma relação direta entre deposição de gordura na carcaça e conversão alimentar, porque o gasto energético para formar tecido adiposo é muito maior do que para a deposição de tecido magro. Isto implica em que quanto maior a deposição de gordura pior é a conversão alimentar.

As diferenças genéticas quanto ao potencial para deposição de carne ou gordura podem ser observadas quando são fornecidas quantidades crescentes de energia e nutrientes através da ração aos animais. Em determinado consumo de ração, linhagens menos selecionadas atingem seu máximo de deposição de carne, enquanto que linhagens altamente selecionadas atingem esse máximo com um maior consumo de ração, propiciando maior deposição diária de carne.

Em sistemas de alimentação convencionais que não consideram as diferenças entre os animais quanto ao aspecto genético pode-se incorrer em duplo erro. Os animais com baixa taxa de ganho em carne consomem quantidade de proteínas superior à sua capacidade de uso, enquanto os suínos de crescimento superior à média podem não otimizar seu potencial de crescimento devido à limitação na ingestão de proteína, ou depositar maior quantidade de gordura como conseqüência de um aumento na ingestão na tentativa de atender sua exigência de proteína/aminoácidos. Está evidente que podem ser obtidos benefícios se as características de crescimento próprias de cada linhagem forem consideradas quando da formulação das dietas.

Na restrição alimentar é necessário que todos as animais alojados na baia tenham acesso simultâneo ao comedouro, e dessa forma o espaço ao comedouro é uma função do peso do animal. A área a mais que o comedouro ocupa no caso da restrição reduz a capacidade da instalação, podendo alcançar valores de 12 a 17 % por baia. Na Tabela 1 são apresentados, com base no peso vivo, os espaços mínimos de comedouro para cada suíno criado com alimentação restrita.

Tabela 1 - Espaço linear (cm) mínimo de comedouro por suíno  sob alimentação restrita e à vontade em função do peso vivo.

Peso vivo (kg)

Alimentação restrita

Alimentação à vontade

10

14.0

3.5

40

22.0

5.5

50

23.5

5.9

60

25.0

6.3

70

26.5

6.6

80

27.5

6.9

90

28.5

7.1

100

29.5

7.4

Fonte: Bellaver (1992)